34 - Futebol na Lama!

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Riku e eu continuamos o caminho, e quando chegamos em frente à minha casa não parei, rumando então ao parque do meu bairro. O Medeiros não me acompanhou, e quando avistei a quadra, vi Zoe sentada ali perto, no mesmo banco de sempre, assistindo aos garotos jogando bola.

- Esse lugar ainda é interessante - falei, assim que sentei-me ao seu lado, com um tímido sorriso. - Não concorda?

- Claro que sim - sorriu ela, meiga. - Se está sorridente, é sinal que tem boas notícias - Zoe me olhou de tal forma que acho que corei. - Estou certa?

- Está - falei, e logo tirei a foto do bolso da minha calça; entreguei a ela. Zoe observou atentamente a imagem, onde Tyler estava abraçado com sua mãe, uma bonita mulher de óculos.

- Muito parecido com o seu pai.

- É mesmo - confirmei. Zoe me olhou e perguntou:

- Essa foto é recente?

Na mesma hora lembrei da primeira aparição do meu irmão, interrompendo meu lance com a Sophia, no topo de um dos morros daquela estação de esqui, no Canadá. Nunca vou esquecer daqueles olhos castanhos, maldosos, que brilharam uma única vez num verde-esmeralda. Sua feição era séria e madura, igual à da foto, mudando apenas os cabelos, que estavam, semanas atrás, mais curtos.

- É recente - afirmei, e Zoe voltou a olhar a fotografia. Fechou os olhos em seguida, e me levantei, preocupado se alguém veria. Por sorte, havia apenas os garotos jogando bola na quadra, e as crianças brincavam longe de onde estávamos.

Olhei para a garota, que começava a ser contornada por uma aura verde, e meu coração acelerou. Aquele enfim seria o grande momento. Tudo iria depender daquele rastreamento. Tantas coisas que meus amigos e eu passamos para conseguir aquela foto... Tudo seria à toa caso a Zoe não conseguisse rastreá-lo. Mas conseguiria sim.

- Diogo - alguém chamou atrás de mim, me assustando. Me virei, extremamente preocupado, mas me aliviei após ver que era o Guga. - Quem ela tá procurando?

- Meu meio-irmão - respondi.

- Tyler?

- Como você sabe? - estranhei.

- Sensei Michael nos contou... - e como meu tio sabe? - Mas como você conseguiu aquela foto? - ele arqueou uma sobrancelha.

- Longa história - falei. Voltei a olhar para a Zoe, ainda tremendo muito, ansioso até demais. Ela brilhava, concentrada de olhos fechados, cuja expressão facial não mudava, como se a garota fosse uma estátua. Rapidamente olhei em volta, onde ninguém prestava a atenção em nós, e quando olhei para Zoe novamente, seus olhos já estavam abertos, brilhando intensamente num tom verde muito forte.

Voltaram ao normal, e a garota respirou fundo, muito cansada, chegando até a suar.

- E aí? - perguntei, sem conseguir controlar o desespero. Zoe parecia estar se recuperando ainda, como se tivesse usado mais poder do que das outras vezes, e então falou, sem nem ao menos me olhar:

- Sinto muito, Diogo - me olhou, com olhos extremamente tristes, e falou: - não consegui rastreá-los, nem Tyler, nem a mãe dele. Parece que estão... mortos - aquilo acabou comigo. Tanto esforço pra nada... Meu único irmão, morto... Nem sequer consegui conhecê-lo direito. Nem sequer consegui pelo menos falar com ele, contar-lhe a verdade, convencê-lo a sair do mundo das trevas. Tyler, mal conheci e já perdi. Meu pai ficaria péssimo se ainda estivesse vivo. Perdera a memória para protegê-lo, mas por fim seu filho acabou morto juntamente com sua mãe. E ele era tão forte...

Fechei os punhos com força, deixando escapar leves faíscas alaranjadas, sofrendo com tudo aquilo. Mais uma missão falida.

Após tomar um banho quente, desci para jantar, e logo Sarah percebeu minha tristeza.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora