Acordei numa cama de hospital.
Tentei me levantar, mas não consegui. Estava com o corpo completamente dolorido! Percebi que haviam curativos em várias partes.
- Ei, Diogo, acordou? Parece que você gosta mesmo daqui – o Dr. Sanchez brincou. Ele estava ao lado da cama ajustando uma bolsa de soro suspendida sobre um pedestal. Um tubinho transparente conectava o soro ao meu braço.
Então me lembrei por que estava ali.
- Merda – falei. – Perdi a luta.
- E foi massacrado - inseriu o médico, terminando o trabalho e sentando-se na cadeira ao meu lado. - Aliás, era mesmo um místico?
Eu fiz que sim, a imagem do homem-espinho aparecendo diante dos meus olhos.
- Um assaltante de mercados – eu disse.
- Entendo. Então é ele mesmo.
Eu o olhei sem entender. Hamano explicou:
- O nome dele é Tuco Alves, um foragido da polícia federal que agora está em Honorário. Pelo menos é o que consta nos noticiários. Ele está sendo procurado já faz alguns anos. Um assassino muito perigoso.
- E revoltado – eu disse, lembrando da forma como ele mudou quando soube que eu era um caçador. Algo me ocorreu, e eu precisava saber se era verdade. – Doutor, é verdade que os caçadores também caçam místicos? Foi isso o que esse Tuco me disse.
Pela expressão séria de Hamano, deduzi que o místico não estava mentindo.
- É uma história muito complexa – ele respondeu, olhando para mim como se estivesse vendo além de mim, como se eu fosse transparente, tamanho era o vazio do seu olhar. – Sabe, filho, no passado o Mundo Paralelo sofreu muito com o ataque de místicos. Místicos ambiciosos que queriam dominar tudo. Chegaram até a se organizar. Eles atacaram vilas, aldeias, cidades, pequenos povoados.
- Mas o que isso tem a ver? Nem todos são maus – eu disse pensando nos meus amigos.
- Eu sei, eu sei – Hamano apressou-se em dizer. - Mas acontece que poucos entendem assim. Lembre-se que nem todos os caçadores são honestos. E são esses mesmos caçadores que tratam os místicos como se fossem aberrações, os caçando e os matando.
Embora eu me sentisse extremamente fraco, cerrei os punhos com força, não tão contente com aquela afirmação.
- E o Conselho dos Clãs Especiais não faz nada a respeito? – perguntei irritado.
- O dever do Conselho é apenas manter a paz entre as tribos. Esse tipo de assunto não lhes convém.
Eu queria socar alguma coisa. Por conta disso, pessoas foram mortas e agora temos um místico revoltado. Não posso dizer que Tuco está certo, fazendo o que está fazendo, no entanto eu consigo entender o seu lado – ou pelo menos o que ele passou. Graças à certos caçadores, viu os pais sendo brutalmente assassinados e acabou ficando sozinho no mundo, onde para sobreviver foi obrigado a tomar atitudes, digamos, desagradáveis.
- Ótimo Conselho – murmurei muito baixo, para ninguém em especial.
Então alguém bateu na porta. O médico levantou-se e a abriu, revelando uma mulher completamente preocupada.
- Filho! – minha mãe veio em minha direção.
- Oi, mãe – eu forcei um sorriso, talvez assim a acalmaria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETO
AventuraLivro 3 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Ser um Caçador de Vampiros pode ser mais complicado do que parece, visto que a qualquer momento um ente querido seu pode partir, e Diogo Kido descobre isso da pior forma possível. Os vampiros não são os únicos inimi...