19 - O professor assassino!

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Foi difícil abrir os olhos em meio ao cansaço, mas eu não tinha outra escolha considerando que o meu rádio-despertador só pararia de apitar caso eu levantasse e o desligasse. E assim o fiz.

Calcei os chinelos e dei uma rápida olhada em torno, enquanto bocejava, vendo o meu quarto arrumado como sempre. O assoalho estava varrido e a parede branca continha pôsteres do meu time do coração, o São Paulo. E a iluminação invadia o meu quarto através da pequena janela de madeira, raios solares fracos e furtivos que davam um ar de tranquilidade ao meu cantinho todas as manhãs.

Mais um dia de aula.

Fiz as minhas necessidades matinas, ainda de olhos pregados, uma vez que passara boa parte da madrugada assistindo Prison Break, e dirigi-me à cozinha, cumprimentando as mulheres que já estavam de pé, tomando café à mesa.

- Bom dia – eu disse sonolento.

- Bom dia - responderam, juntas.

- Onde está o meu tio? - perguntei, sentando-me à mesa.

- Foi procurar emprego - respondeu dona Salete, sorridente como sempre. Mesmo sendo minha avó, ela era uma mulher considerada jovem, ainda, e bonita. Seu rosto não tinha tantas rugas assim, e os fios brancos de cabelo na sua cabeça eram poucos. Minha avó tinha uma postura de mulher elegante, nobre, e seus cabelos lisos tinham um tom claro. Seus olhos eram azuis. E brilhavam mais do que qualquer estrela do céu. – Você precisa se focar nos estudos, meu filho, chega de ficar gastando tempo com esses treinos. Você vai acabar igual ao seu tio, Diozinho.

Diozinho.

Sim, Diozinho.

Minha mãe me chamava de Dio, e minha avó de Diozinho. Não tinha como explicar, era um apelido de vó. Um apelido que ela usava desde que eu me entendia por gente, e frequentemente era zombado pelo meu tio por conta disso. Mas era um apelido carinhoso, e eu até já estava acostumado. Ainda assim preferia ser chamado de Diogo.

- Mãe, hoje meus amigos vão vir aqui em casa - avisei.

- Tudo bem. Mas já sabem, né? Sem brigas.

Eu cocei a cabeça sem jeito. Na última visita deles o Caio brigou com o Henrique porque perdera no futebol, enquanto jogávamos no Xbox do meu tio Michael.

- Pode deixar – falei.

Terminei o café e tomei o rumo da escola, já que esperaria os meus amigos na praça que havia perto da minha casa. Assim que comecei a caminhar pela rua, a dona Maria, uma senhora que vendia frutas em frente à sua casa, passou por mim e me cumprimentou:

- Bom dia, Diogo!

- Bom dia.

Continuei o trajeto, e mais a frente um homem sem camiseta ensaboava sua Montana vermelha com uma esponjava, a mergulhando num balde d'água e a esfregando na lataria do veículo. Assim que me viu, abriu um largo sorriso.

- E aí garotão, beleza?

- Olá, seu Antônio, beleza. E o senhor, como vai?

- Tranquilo. - Seu Antônio me chamava de "garotão" desde que se mudara para o meu bairro, a uns dez anos atrás. Apesar de robusto e de cara fechada, ele era um cara muito gente boa e sorridente. Era segurança de um parque ecológico, se eu não me engava.

Continuei caminhando, sentindo um ânimo maior devido ao calor. Parecia que o sol quente me dava mais força, mais energia.

- Bom dia, Diogo - a senhora Elisangela, que varria a calçada de sua casa, me cumprimentou.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora