10 - O criminoso dos espinhos de madeira!

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As ruas do centro de Honorário permaneciam em constante movimento mesmo em meio ao calor da segunda-feira. Carros trafegavam por toda parte, carregando consigo a barulheira dos trânsitos e engarrafamentos das avenidas, além da movimentação de pedestres de toda idade e cor. Embora fosse apenas mais um dia, era um dia agitado. Ambulantes tentavam de todo modo vender suas mercadorias, seja em calçadas à frente de lojas, seja nas faixas de pedestres ao fechamento do semáforo.

Uma das lojas de eletrônicos mantinha-se tranquila até então, pessoas apreciando seu diversos aparelhos e decidindo o que comprar. TVs, computadores, projetores de imagens... Embora o espaço não fosse tão amplo, a variedade era imensa. O vendedor - um homem alto e sério, cabelos grisalhos e expressão rígida - apenas observava tudo de seu balcão, enquanto funcionários estavam divididos pela loja atendendo a clientela.

Então a porta se abriu, revelando um homem negro e de rosto carrancudo, apesar de aparentar ser jovem. Vestia camisa regata amarela e bermuda jeans escura. Um boné azul estava jogado para trás por cima de sua cabeça, e lentamente ele caminhou em direção ao dono do estabelecimento, feição firme e severa.

- Boa tarde – um sorriso abriu-se no rosto rígido do vendedor, olhos fincados distraidamente no rapaz. – Posso ajudá-lo? O que deseja?

O negro o encarou seriamente e respondeu:

- O seu dinheiro.

Levemente, o vendedor arregalou os olhos.

- I-isso é um... assalto? – perguntou, assustado.

- Você não ouviu? – o negro o fuzilou com olhos verdes e desprezíveis, seu rosto transmitindo uma raiva assassina. – O quê que tá esperando?! Passa tudo, e depressa!

Todavia, o dono da loja hesitou, percebendo que o rapaz não estava armado. O negro rosnou e apontou seu punho cerrado para o vendedor, que ficou sem entender. E então aconteceu a coisa mais estranha: feito um osso saindo do antebraço, uma estaca de madeira surgiu, fina e pontiaguda, metade ainda no braço do estranho – que sequer demonstrava alguma expressão de dor - e a outra metade apontada para a testa do dono da loja, este completamente pasmo.

- O que é isso?

- Prefere o dinheiro ou a sua vida? – o místico perguntou com sarcasmo, embora seus olhos transmitissem uma ira evidente. O vendedor levantou os braços e pediu:

- Por favor, não me machuque.

- Passa logo o dinheiro!

Vendo a cena, as pessoas que estavam na loja não disfarçaram o espanto, alguns se perguntando o que estava acontecendo. Até que uma das vendedoras decidiu correr para a porta, na intenção de chamar por ajuda, mas o místico a encarou impacientemente e apontou o outro braço em sua direção, dessa vez com a mão aberta. Como se tivessem sido disparados, minúsculos espinhos de madeira brotaram da ponta dos cinco dedos e voaram na direção da moça. Ao invés de matá-la, apenas fincara-se em suas roupas e a prendeu firme na parede, deixando a mulher completamente imobilizada e apavorada.

E um desespero tomou conta de todos.

O místico voltou seus olhos esverdeados novamente para o dono da loja, um sorriso psicótico estampado em seu rosto carrancudo, e perguntou:

- E aí, vai passar ou não?


- ...e amanhã desceremos ao bosque para fazer uma experiência com essas plantas, portanto preciso de toda a dedicação de vocês – disse a professora de Biologia, após uma longa explicação sobre reprodução das plantas, fotossínteses e mais algumas coisas que não tive paciência para ouvir. – O trabalho será em dupla, mas dessa vez eu vou sortear, por isso não quero reclamações.

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora