63 - O Acordo de Elias

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Hebert me olhou por cima do ombro, muito sério.

- Vocês estão bem? - ele usava colete roxo por cima da roupa de compressão preta, assim como as botas e luvas.

- Estamos - respondi, ainda surpreso com a aparição de todos aqueles homens e mulheres.

Me levantei, com dificuldades, acompanhado do Medeiros.

A chuva voltava a ficar pacífica, enquanto um momento de tensão e alívio se estabelecia ali. Eram vários agentes da organização uniformizados cara a cara com dezenas de vampiros da base, dentre eles o Padre, que tinha seus dentes trincados e olhos vermelhos furiosos, que encarava a cada caçador ali.

- O que vocês pensam que estão fazendo?! - gritou Sandro, claramente irritado, sua voz soando autoritária. - Querem mesmo quebrar o Acordo de Elias? - estranhei. O que significava aquilo?

- Urgh - rosnou o Padre, com cara de nojo. - Foram eles quem invadiram o nosso território!

- Porque você sequestrou o meu filho! - dessa vez foi Hebert quem falou. Aliás, onde estava o Natsuno e os outros?

- Vocês quase mataram meras crianças, acham que vão sair impunes? - um homem loiro, que vestia colete alaranjado, falou arrogantemente; e me surpreendi ao perceber que era Gefrey Matsu, aquele em quem esbarrei uma vez na organização. - Vamos acabar com a sua raça - ele se dirigiu ao Padre, que não se intimidou. Ambos tinham quase a mesma estatura física, tão musculosos quanto aqueles caras que vivem na academia.

- Não estamos aqui pra isso! - um outro rapaz falou, mais calmo. Vestia colete cinza e seus cabelos eram tão volumosos e alaranjados que quase iluminava a floresta. Eu já o vira antes, há muito tempo. Era o pai do Iago. - Estamos aqui apenas para salvar os meninos - ele me olhou rapidamente, mas sem qualquer importância.

- E deixar que saiam sem uma punição? - Gefrey estava claramente alterado; o Padre sorriu, maldoso. Parecia se divertir com a impaciência do caçador. Os vampiros apenas se mantinham quietos, atentos para o caso de seu líder dar alguma ordem.

- Eles violaram o Acordo de Elias - interveio um homem musculoso, de colete marrom. Ele era negro e tinha uma aparência muito familiar. Foi então que percebi que aquele era o pai do Ferdinando! - Eles quebraram uma das regras principais, trazendo os garotos para cá utilizando o filho do Hebert como isca. Mas a questão é: por quê?

Essa parecia a grande dúvida dos caçadores ali presentes.

- Conte a eles, Hebert! - falou o Padre, como se quisesse provocar o Kogori. - Conte a eles que esse garoto - apontou para mim - é o Caçador Lendário!

Naquele momento, todos os membros olharam para mim, incrédulos. Eram muitos olhares, olhares tão intimidantes que dei um passo para trás, minhas bochechas muito quentes.

- Como assim? - um caçador de colete verde perguntou.

- O que ele está dizendo é verdade, Hebert? - uma mulher, de colete roxo como seus cabelos, indagou, surpresa; os caçadores encararam o Kogori.

Hebert manteve-se firme, olhando sério para o Padre como se quisesse avançar contra ele. O Padre, por outro lado, o olhava como quem estava se divertindo com tudo aquilo.

- Ele está falando a verdade - foi Sandro quem respondeu, sem baixar a guarda; logo murmúrios se formaram ali.

- Então você também sabia? - o pai do Ferdinando perguntou; Sandro ficou calado.

- Esse garoto matou todos aqueles ninjas - o Padre continuou, com prazer. - Se não fossem os Sacerdotes, já estaria morto. A propósito, como vocês tinham achado que ele havia sobrevivido? Qual história mentirosa contaram a vocês? Parece que os novos líderes da organização não são tão confiantes assim!

Caçador Herdeiro (3) - Relâmpago Vingativo | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora