Quando colocaram o segundo filme, Wong se despediu deles e foi para seu quarto dormir, já que não estava mais aguentando ficar acordado.
América estava esparramada na poltrona próxima à janela, enquanto Wanda e Stephen estavam sentados no sofá. Em menos de quinze minutos de filme, a menina desistiu e também foi se deitar, deixando os dois sozinhos.- Sem sono ainda?- Stephen questionou, observando a ruiva jogar as pernas pra cima do sofá e se apoiar no braço do sofá.
- Ainda não, o filme é interessante. - Wanda respondeu.
- Eu levei Christini pra ver esse filme no cinema, ela odiou. - Ele disse.
- Olha, não é um filme que eu veria sempre, mas é bem legal. Vale a pena ver, e olha que eu não gosto muito de história. - Ela desvia o olhar da televisão para o mago, que agora também olhava pra ela. - Vocês tinham outras coisas em comum, além de serem médicos?
- Acho que nunca parei pra pensar nisso. - Stephen refletiu um pouco nas palavras da ruiva. - Mas acredito que não, além do ótimo gosto de músicas clássicas e restaurantes caros. Como sinto falta de usar o melhor terno e pedir a garrafa mais cara do cardápio!
- Eu pensei que você tivesse bastante dinheiro. Vi o seu cartão de crédito dourado.
- Tenho dinheiro mas não para esbanjar com comidas caras ou ternos de grife. Na verdade eu vendi quase tudo quando estava procurando cura pra minhas mãos. - Ele afirma.
- Em vez de cura virou mágico. Interessante sua história. - Ela riu.
Os dois então voltaram a ficar em silêncio, assistindo ao filme que haviam escolhido.
Uma hora e meia depois, quando a música dos créditos do filme fizeram Stephen acordar do cochilo em que havia caído.
Novamente aquele cheiro doce tomou conta do lugar. Ele piscou algumas vezes, até perceber que havia acabado se deitando encostado em Wanda, que apoiada com a cabeça no braço do sofá, parecia estar em um sono pesado. Stephen levantou se ajeitando, desligou a televisão e se inclinou, tocando o ombro de Wanda.- Wanda, o filme acabou. Acorde.- Ele dizia com a voz calma para não assustar ela.
Ela deu um leve gemido abafado pelo sono e por preguiça, e então abriu os olhos devagar, olhando a sala vazia a sua volta.
- Acho que perdi o filme, não é mesmo? - Ela fala, seguido de um bocejo. Se levanta devagar, levando a mão até sua nuca, onde sente um pequeno desconforto, provavelmente causado pelo braço duro daquele sofá.
- Isso porque disse que estava bom o filme, imagina se não tivesse gostado. - Stephen ironiza.
- Eu não menti. É sério, gostei mesmo do filme, pelo menos até a parte que eu vi.- Ela sorri e vai saindo junto dele para fora da sala.
- Sabe, eu menti.
- Sobre o que?
Ela questiona já chegando na entrada principal e seguindo para às escadas.
- Christini não ligava pra restaurantes caros, era eu que ligava. Pra ela qualquer coisa sempre era o suficiente. Nisso sempre fomos diferentes.
- Você não parece muito com o cara que descreve. Pelo menos não pra mim. - Ela diz parando junto de Stephen, em frente à porta do quarto dele.
Stephen ergueu a sobrancelha, não podia deixar de ficar surpreso com o que ouvia. Por um momento se lembrou que era assim que Christini o descrevia, como alguém que gostava de esbanjar e fazia questão de mostrar isso pra todos.- E como eu pareço pra você?
- Um pouco arrogante as vezes. Talvez você tenha sido esnobe, mas no passado. - Ela sorri olhando nos olhos dele. - Agora você é só um cara com ótimos gostos, que come pizza fria no café da manhã enquanto usa um roupão de seda super caro.
- Acha que sou uma pessoa agradável então!- Ele sorri.
- Ja conheci pessoas piores do que você, acredite.
- Vou levar como elogio.
- Você não tem que se basear no que Christini ou qualquer outra pessoa tenha dito pra você. Stephen, você é uma boa pessoa. Só por ter me deixado ficar aqui, mostrou isso. - Ela se afasta dele, dando alguns passos para trás. - Vou tentar voltar a dormir, boa noite.
- Boa noite, Wanda. Te vejo de manhã.
Ele observou ela ir até o seu quarto e entrar, logo ele fez o mesmo.
Enquanto tirava os sapatos para se deitar, lembrou de uma das grandes brigas que teve com Christini. Briga essa que foi o motivo deles terminarem de vez o seu caso.
- EU NÃO ENTENDO COMO VOCÊ PODE SER TAO MESQUINHO!- A mulher gritava, parando de frente para a janela de vidro, que dava vista para toda a Cidade.
- Por favor, Christini! Eu não ia desmarcar uma operação importante só porquê um dos seus amigos do abrigo se machucou! Eu tenho obrigações!
- Você escolheu não atender ele. Claro, ele não te daria fama e nem estamparia o seu nome por aí. VOCÊ SÓ PENSA EM DINHEIRO!
- E você não? Eu vi a sua cara de empolgada quando na noite passada te levei pro melhor lugar, você gosta de luxo tanto quanto eu! Não seja hipócrita!
- Você que é hipócrita! Se acha Deus e tenta decidir quem vive e quem morre! A cirurgia que você fez hoje naquele jogador de futebol nem era uma emergência, você poderia ter atendido aquele pobre homem, mas decidiu não o fazer.
- Já chega! Eu não tenho que ouvir você me acusar dessas barbaridades!
- Você um dia vai se afogar nessa sua arrogância e eu não vou estar aqui pra te salvar.
- E por que está aqui agora? Se quiser ir, então vá. Não preciso da sua pena!
- Se eu sair por aquela porta, está tudo acabado entre nós, Stephen.
- Não tem como terminar algo que nunca começou. Só tivemos um caso, nada mais do que isso.
As palavras fizeram Christini pegar sua bolsa de cima da mesa e andar apressadamente até o elevador. Mas antes de fechá-lo, com os olhos inundados de lágrimas, ela o olhou.
- Se continuar assim, vai acabar amargo e sozinho. Tudo que vai te restar vai ser o seu dinheiro e ele não vai fazer você feliz!
Aquelas lembranças incomodavam Stephen. Pensar nas dezenas brigas que teve com Christini, só o faziam se lembrar de como foi um idiota por perdê-la. Wanda não o conhecia muito, assim como ele também não a conhecia de verdade. Mas em poucos dias a presença dela ali mudou as coisa. Ela era uma pessoa boa para conversar, porquê ela realmente escutava, sem julgar. Talvez havia ganhado uma amiga, ao oferecer abrigo para a Feiticeira.
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Escolhas
FanfictionWanda sabia o quanto suas últimas ações machucaram outras pessoas. Aprisionar uma Cidade inteira só para ter sua família, ou tentar matar uma criança para ter seus filhos de volta, foi seu maior erro. Aquele erro iria estar pra sempre com ela, assi...