Capítulo 18

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   Os exames estariam prontos no dia seguinte, então não havia motivos pra esperarem no hospital. Stephen voltou para o Kamar Taj, enquanto Wanda e Wong foram para o sanctum.

   O escritório não tinha tantos livros como a biblioteca em que sua entrada era proibida, mas Wanda ainda conseguia encontrar algo bom para ler e passar o tempo. O livro de Dante tinha algo que a prendia. Talvez a forma como o poeta falava de seu amor por Betariz, ou por se sentir como Dante, uma pessoa que não teve uma vida por contar de um amor que nunca aconteceu, que no caso dela, nunca superou o fim.

  Sentada na cadeira macia de veludo do escritório, Wanda suspirou fundo. Olhou as horas no celular, confirmando que a tarde havia passado depressa. Fechou o livro o devolvendo para a prateleira e saiu do escritório indo em direção à cozinha. Sabia que Wong iria logo acordar do seu cochilo, então resolveu preparar algo pra comerem. Desde quando voltaram de Laondres esse está sendo o dia dela. Acordar, tomar café quase sempre sem Stephen e ficar de olho em Wong durante o dia. Por algum motivo gostava daquilo, se sentia mais útil fazendo aquilo.

  Cortou algumas fatias de tomate, juntou com queijo e orégano e levou para o forno, só pelo tempo do queijo derreter. Se encostou na mesa, olhando atentamente para a forma de dentro do forno, quando sentiu um braço se encaixar na sua cintura.

- O cheiro está ótimo.- Stephen falou no seu ouvido, a fazendo se arrepiar com o hálito quente dele. - Onde está o Wong?

- Ainda no quarto. Os exames deixaram ele bem cansado.

Stephen a soltou e andou, se encostando na pia, ficando de frente com ela. Ainda com seu uniforme e o manto de levitação.

  - América vai ficar no Kamar Taj,  então somos só nós três hoje a noite.

- Que tal uma volta depois do jantar? Aqui perto, é claro. Preciso sair um pouco daqui. - Ela disse com os olhos pidões, como de um cachorro que precisava passear.

  - Eu acho ótimo. Só não podemos ficar muito tempo fora.- Ele sorri.

- Não, eu sei.

  - Esse cheiro me despertou. - Wong disse entrando na cozinha. - E vocês? O que tanto falam?

  - Vamos dar uma pequena volta no quarteirão depois do jantar. Vai ficar bem?- Wanda perguntou.

- Ora, por favor! Eu estou bem, vocês dois são muito exagerados no cuidado.

- Não reclame, até onde eu sei você bem que está gostando de ser mimado pela Wanda. - Stephen implicou. - Eu vou me trocar e volto já.

  - Wanda, vocês não estão tendo alguma coisa, ou estão?- Wong perguntou assim que o mago saiu da cozinha.

  Wanda foi pega de surpresa. O que responderia? Sim? Não? Não havia uma resposta correta. Os dois trocaram alguns beijos, mas apenas isso. Embora vez ou outra, quando ele se aproximava, sentia seu coração alterar os batimentos. Em Londres, quando passaram a noite aos beijos, se sentiu como uma adolescente apaixonada. Era difícil entender como em tão pouco tempo, se via atraída pelo mago.

  - De onde tirou isso?

  - Christini disse que viu vocês jantarem juntos, e pelo jeito que ela falou... não sei, era como se tivesse algo ali.

  - Somos amigos, Wong. - Ela respondeu. Colocou a luva de pano e desligou o forno, o abrindo e retirando a forma com os tomates recheados, os colocando em cima da mesa. - Mas e se tivéssemos?

Wong não respondeu, mas fechou sua cara e balançou levemente a cabeça em negativo.

- Wong, o que teria isso?

- Não seria permitido e nem correto.

- Mas quem decide isso não seria o Stephen? Ele não é um garoto, sabe tomar decisões.

- Wanda, por que pensar em algo que não existe? Não vamos pensar nisso.

- Eu quero saber! Por que não seria correto? O que tem de errado comigo?

- Strange é um mago, já foi o mago supremo e só perdeu o posto por conta de Thanos. Ele foi escolhido pela anciã, seu substituto. Não poderia ter relações com você, uma feiticeira que tem como destino destruir todas as coisas.

- Você acha que eu vou destruir alguma coisa? Eu sei que cometi erros mas o Darkhold não dita o meu futuro, nem destino. - Nesse momento uma névoa escarlate começava a se forma nas mãos da Feiticeira, que nem mesmo percebeu o quanto aquela conversa estava lhe deixando irritada. - Eu não sou má, você melhor do que ninguém deveria saber que tudo que eu fiz foi por influência do Darkhold!

- Não, Wanda. Tudo que você fez, foi por amar demais. Um amor sem limites! Como acha que seria se vocês se apaixonarem, e resolverem ter filhos? E se algo acontecesse com eles? Você não iria aguentar ficar de braços cruzados e tentaria acabar com o mundo, só pra ter o que quisesse. A verdade é que você não sabe realmente amar.- Wong falou como se tivesse guardado tudo aquilo há muito tempo.

Quando Stephen voltou para a cozinha notou Wanda que continuava a encarar o mago. Sua expressão era uma mistura de raiva com uma certa pontada de tristeza, ou até mesmo decepção. Wong puxou a cadeira e se sentou, enquanto Wanda ainda parecia paralisada com o que quer que tinha acontecido ali.

- Wanda? Está tudo bem?- Stephen se aproximou e tocou sua mão.

- Perdi a fome, bom jantar pra vocês. - Ela disse firme e passou por ele saindo, sem nem olhar para trás.

- Mas o que foi que aconteceu aqui?

- Ela não gostou do que eu disse.

- E seria?

- Olha se você está tendo alguma coisa com ela é melhor parar. Nós dois sabemos que isso é um grande erro, ela é instável e quando não está controlada  é perigosa.

- Com todo respeito, Wong. Primeiro por você ser mago supremo e segundo por ser meu melhor amigo. Da minha vida pessoal cuido eu, além disso, não deveria se esquecer que foi ela que mais se preocupou com o seu bem estar desde que você ficou mal. Está sendo injusto com ela, e francamente, você não é assim. - Stephen disse passando por ele. - Você é melhor do que isso.

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