Capítulo dois

149 12 1
                                    

Cassie

Jules senta à minha esquerda na escada e estende um lencinho. Passo nos olhos, finalmente me acalmando.
- Deixa eu adivinhar, Nate?
- Como sabia?
- Maddy está em sala, então só pode ter sido ele.
- Eu sabia de todas as coisas horríveis que ele fez, como era detestavel com a Maddy, mas achei que comigo ia ser diferente.
- Sempre achamos.
- Ele acabou de falar que sou um lixo.
- Nate que é um lixo. Ele também já fez coisas horríveis comigo.
- Sério?
- Não quero falar sobre isso. Só quero te dizer pra não escutar o babaca.
- Eu me sinto um lixo mesmo.
- Não é um lixo, é só uma garota jovem. Nós cometemos erros e aprendemos com eles ou tentamos.
Nós duas rimos.
- Quer matar a aula e beber em algum lugar?
- Claro.
Passamos o resto do dia escolar na casa dela, já que seu pai estava trabalhando. De noite, voltei pra casa e encontrei minha mãe parada na sala.
- Sua irmã me contou que não ficou na escola hoje.
- Lexi é uma mentirosa.
- Então estava na aula?
- Estou cansada.
Subo as escadas, dando as costas pra ela.
Minha mãe vem atrás, subindo os degraus com vontade.
Entro no meu quarto e ela também.
- Não pode faltar a aula por causa daquele moleque.
- Não foi pelo Nate.
- Admite que cabulou a aula?
- Que droga! - Jogo minha bolsa na cama.
- Não quero escutar que está faltando aula novamente.
Mamãe sai do quarto e percebo que Lexi estava sentada em sua cama o tempo todo.
- Por que me dedurou?
- Só respondi a uma pergunta dela. Queria que mentisse?
- Sim. Não pode ser uma adolescente uma vez na vida?
Minha irmã faz uma careta.
- Só porque sua vida é uma merda não vem estragar a minha.
- A sua vida é que é boa? Não é o que parece.
- Cala a boca.
- Nate te largou e sua melhor amiga te odeia. Sua vida é que é uma merda.
Não aguento mais e parto para cima dela. Pulo em cima, puxando seu cabelo. Ela tenta se defender, contudo é inútil.
- Você que arruinou minha vida. Pelo menos eu tinha o Nate. Sua vadia do caralho.
Começo a esbofetear seu rosto.
- Te odeio, te odeio, te odeio.
- Para. - Nossa mãe me puxa de cima dela e me empurra.
- Nunca mais bata na sua irmã.
- Ela falou um monte de merda.
- Todas foram verdades. - Lexi diz.
- Vaca.
- Já chega. As duas, acabou.
Bato o pé no chão, pego uma roupa e vou para o banheiro tomar um banho.

Maddy

Estou sentada na minha cama e Kat num puff perto de mim.
- Soube que Nate foi bem mau com a Cassie mais cedo.
- Como assim? - Pergunto.
- Chamou ela de lixo e os caralho.
- Ele não presta mesmo.
- Ela ficou chorando horas até Jules aparecer.
- Como sabe disso tudo?
- Uma garota passou por lá na hora do Nate e quando voltou viu Jules.
- Desde quando elas são tão amigas?
- Ciúmes?
- Claro que não. Só fiquei curiosa.
- Ela sentou com Jules no almoço quando enxotou ela.
- Jules tá querendo tomar meu lugar?
- Acho que ela só está sendo legal.
- Que eu saiba ela andava mais com a Rue, eram até namoradas.
- Depois daquele lance das drogas acho que houve alguma coisa.
- Ela tava muito mal no dia que descobrimos da trairagem da Cassie.
- É mesmo.
- Bom... se Jules quiser o lugar está disponível.
- Ótimo.

Cassie

Decido ligar mais uma vez pra Nate. Todas já foram dormir, por isso estou sozinha na cozinha bebendo um uísque do estoque da minha mãe. Nate tem que me pedir desculpas, ele não pode me falar aquelas coisas e ficar por isso mesmo.
Ele atende no sétimo toque.
- Porra Cassie. Já falei pra não me ligar.
- Você é um filha da puta, desgraçado e se tivesse a oportunidade de dar pra qualquer um seria o último da minha lista.
- Muito obrigada pela informação. Agora vai se foder.
Ele desligou e voltei a beber.
Quer saber? Ele vai escutar isso na cara.
Peço um carro pelo celular e entro mandando ir pra casa de Nate. Ao sair, bato na porta sem parar. Quando Nate abre, arregala os olhos e uma veia estala em sua testa.
- Caralho, o que tá fazendo aqui?
- Vim dizer na sua cara que você é um filha da puta.
- Se não ir embora vou te jogar no meio fio.
- Ninguém te respeita. Todos riram da sua cara na peça. Sabe porquê?
- Por que? - Ele abre um sorriso irônico.
- Por que é um merda.
Antes que ele possa falar eu me inclino e vomito nos seus pés descalços.
- Ai que nojo, Cassie.
Nate entra na casa e fecha a porta na minha cara.
Fico sentada no chão até outro motorista chegar e volto pra casa. Escovo os dentes e vou dormir.

Quando chego na escola Maddy passa por mim com Kat e me dá um breve sorriso. Sorrio de volta toda animada.
Jules para ao meu lado perto dos armários.
- Viu? Daqui a pouco vai reconquistando ela.
- Nem acreditei quando vi seu sorriso.
- E ontem, ligou pro Nate?
Franzo na boca.
- Cassie!
- Desculpa. Na verdade fui na casa dele.
- O que?
- E vomitei nos pés descalços dele.
- Meu Deus. Queria estar lá. - Ela ri.
- Não tem graça. - Rio.
- Desculpa, mas tem muita graça.

Olho pro lado, vendo Nate passar. Ele não me fita, sou invisível.
- Melhor ele ficar longe mesmo.
- Não sei porquê fui lá.
- Muito menos eu.

Maddy

Sentada na cadeira no meio da aula Kat me pergunta:
- O que foi aquele sorriso?
- Que sorriso?
- Pra Cassie.
- Foi nada.
- Nada? Sei.
- Tá, eu estou reconsiderando ser amiga dela de novo.
- Poxa, agora que eu tinha você só pra mim?
- Não seja boba.
- To brincando. E quando vai dizer isso pra ela?
- Mais tarde, antes das aulas acabarem.

No fim das aulas do dia, vou para a sala que sei estará saindo. Cassie se ilumina quando me vê.
- Oi. - Digo.
- Oi.
- Queria informar que estou cogitando voltar a ser sua amiga.
- Mesmo?
- Não fica tão animada. Eu ainda vou decidir quando vai poder andar comigo de novo.
- Obrigada por me dar essa chance.
- Não faça me arrepender.
Jules se aproxima e Cassie se vira pra ela.
- Vamos na minha casa de novo?

De novo?

- Pode ser.

Então Cassie vai embora com Jules, Kat me chama e saio da escola.

Se não fosse tão tarde (Euphoria)Onde histórias criam vida. Descubra agora