Capítulo doze

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Cassie

Maddy estaciona em um drave-tru. Seco as lágrimas restantes em minhas bochechas vermelhas de tanto chorar.
- Vou querer dois chesburguers grandes, duas porções de batata frita com molho a parte... vai querer refri? - Ela me fita.
- Vou sim, pode ser de cola.
- Um de cola e outro de laranja.
O atendente sai de perto.
- Me conta direito o que houve.
- Ele me disse que era piranha de todas as formas. Depois disse que me amava.
- Ele é louco.
- Eu sei. Acho que essa foi a gota d'água. Estou cansada dele.
- Quem bom que caiu a ficha.
O atendente volta com os pedidos e saímos da fila, indo pro estacionamento.
- Essa batata é dos deuses. Que delícia.
Como um pouco da minha concordando.
- Fico feliz que tenha confiado em mim para pedir ajuda.
- Pra quem mais ligaria?
- Sua mãe ou irmã.
- Minha mãe e irmã não se importam.
- Claro que se importam.
- Elas odeiam Nate.
- Com toda razão.
- Eu sei.
Tomo um longo gole do meu refri e mordo meu chesburguer, apreciando cada centimetro de sabor.
- O hamburguer está ainda melhor.
Maddy ri e morde o seu.
Meu celular toca e olho para ver quem é.
- É o Nate.
- Deixa que eu atendo.
Ela pega da minha mão.
- Oi, verme. Se considere solteiro... isso mesmo, Cassie está farta das suas palhaçadas, ela merece um homem que a trate com devido respeito, não um moleque feito você... cala a boca você... não vou passar pra ela... pode implorar que não vou... vai se foder também.
Maddy devolveu meu celular com a chamada encerrada.
- Amiga, está oficialmente solteira.
Sorrio por dentro e por fora, aliviada.
- Ele nunca mais vai me ferir.
- Eu vou me certificar disso, amiga.
Terminamos de comer e minha melhor amiga me deixa em casa.
Coloco o pé no primeiro degrau e escuto a voz da minha mãe.
- Onde estava?
- Com Maddy.
- Fizeram as pazes?
- Acho que sim. - Dou de ombros.
- Só esteve com ela hoje?
- Fui na casa do Nate.
- Sabe que preferiria que namorasse outro rapaz.
- Eu sei que odeia ele. Pois fique feliz, porque desta vez eu terminei pra valer.
- Graças a Deus. - Minha irmã surge no topo da escada.
- Sempre odiou ele. Com aquela sua peçazinha ridicula. Por causa dessa merda que ele começou a ficar mais filha da puta.
- Agora a culpa é minha?
- Não. Ele é louco. - Abaixo os ombros.
- Que bom que reconhece.
Ela desce, ficando do meu lado e me abraça.
- Sinto muito se fiz algum mal pra você.
Abraço de volta.
- Tudo bem. Eu te perdoo.
- Assim que gosto de ver as duas.
Nos separamos e ela entra na sala, indo para o sofá.
Subo as escadas, pegando uma muda de roupa no armário, indo tomar um banho. Ao sair escuto uma gritaria lá embaixo. Desço, correndo, estacando na escada ao ver a figura de Nate na porta, tentando avançar e entrar na casa.
- Sai daqui. Minha filha quer que fique longe.
- Eu não vou embora até ela me dizer que terminamos na minha cara. - Neste momento ele nota que estou o vendo.
- Cassie, meu amor. Diz que tudo foi invenção daquela louca e que ainda me ama, porque eu te amo.
Mordo os lábios, com o olhar caído. Paro na sua frente.
- Nós terminamos. - Sorrio.
- O quê?
- Isso. Me chamou de vadia. Me humilhou. Estava parecendo um louco enquanto falava.
- Tem que entender que escuto coisas por sua causa.
- Não tenho nada haver com isso.
- Como não tem?! - Ele grita e se arrepende com meu olhar mais gelado.
- Desculpa... eu só não quero te perder. - Ele me abraça e eu não retribuo. Ele parece notar, então me solta.
- Acabou, Nate.
- Não acabou. Você ainda é minha.
- Sai da minha casa. - Minha mãe o empurra e fecha a porta.
Ele fica gritando lá fora por uns quinze minutos até ir embora.
Vou para a sala e sento com minha irmã.
- Seu ex é louco.
- Eu sei.

Na manhã seguinte, encontro Maddy na frente da escola. Ambas subimos para uma aula que frenquentamos.
- Ele foi na sua casa?
- Sim.
- E enfrentou ele?
- Sim.
- Minha garota.
Dou um sorrisinho.
- Fui firme e direta. Depois de tudo que ele fez era o mínimo que deveria.
- Claro. Ele merece.
Depois das aulas da manhã passarem, vou para o refeitório. Entro na fila e pego minha bandeja com almoço. Procuro pelas meninas em meio as mesas e enfim encontro Maddy, Kat e Jules. Coloco minha bandeja na mesa.
- Então, quer dizer que enfrentou o filha da puta?
Acenei rindo.
- Já tava hora. - Kat revira os olhos.
- Eu aceitei aquilo tempo demais.
Kat balança a cabeça.
- Acordou a tempo.
- Uma hora iria acordar. - Diz Maddy.
- Ou alguma de nós a faria acordar. - Kat riu e todas concordaram.
O time de futebol entrou no refeitório. Rindo e fazendo bagunça. Entre eles Nate. Sentaram na mesa ao nosso lado. Nate começou a me encarar e eu fiquei encarando minha comida.
- Aquela é sua namorada? - Um dos jogadores perguntou a Nate, me apontando.
- Nunca. Não namoro vadias.
Me tremi de cima a baixo de tanto ódio e vergonha.
Maddy levantou, batendo na mesa deles.
- Deixa de ser escroto. Vadia é o caralho. Somos mulheres fodas. Na hora de comer vocês querem, né? Aí depois a garota é vagabunda. São um bando de filho da puta.
Um deles deu uma gargalhada.
- Suas ex são meio piradas.
E todos na mesa dele riram.
- Vai conhecer a pirada hoje!
Maddy pegou uma bandeja e deu na cara do moleque, depois Kat correu e tirou spray de pimenta da bolsa e começou a jogar na cara de todos os jogadores. Foi uma gritaria. Os garotos correram com os olhos vermelhos.
Em pouco tempo um professor veio e levou todas nós para a diretoria.
- Então eles riram de vocês e aí jogaram spray em TODOS? - O diretor perguntou.
- Mereceram e não me arrependo. - Kat disse com a cara mais blasé.
- Eles tem jogo na próxima sexta.
- E daí? - Jules disse.
- Então todas de detenção.
- O quê?
- Não.
- Isso é muito injusto.
- De seis às sete todo dia. Estão dispensadas.
Saímos da sala, resmugando. Nos deparamos com os caras do time, todos com os olhos vermelhos. Maddy passou por todos de cabeça erguidas e fizemos o mesmo. Depois caímos na gargalhada.

Se não fosse tão tarde (Euphoria)Onde histórias criam vida. Descubra agora