Capítulo dez

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Maddy

Depois da Kat dar uma surra na Cassie não falei mais com a loira. A via vez ou outra nos corredores, ela virava o rosto quando a encarava, nem sei porquê eu fazia isso.
Será que gostaria de um pedido de desculpas da minha melhor... não, ex melhor amiga? Essa status muda a todo momento, não sei mais como denominar nossa relação.
Kat finge que ela desapareceu, não menciona o nome dela em nenhuma conversa.

Encaro meu caderno em cima da mesa, a caneta batendo na cadeira em um ritmo constante. O professor continua falando, sem eu dignar meus ouvidos para sua explicação.
Kat cutuca meu braço.
- Estão liberados. - O professor diz.
- Quer almoçar?
- Vou ligar pra Jules.

Nos últimos dias temos nos falado bastante, aqui na escola e pelo celular.
- Alô.
Pergunto sobre o almoço.
- Sim, encontro as duas lá.
Levanto, colocando minha bolsa no ombro, depois de por os cadernos nela.
Assim que boto os pés no corredor, uma garota tromba em mim. Ela cai no chão e me inclino para ajudá-la a levantar, Kat me puxa de volta me impedindo.
- É a Cassie. Ela se levanta sozinha.
Cassie coloca seus materias de volta na bolsa, ajoelhada e levanta, me fitando pela primeira vez em dias.
- Oi.
- Oi. - Respondo.
Ela desvia o olhar, morde os lábios e volta a me encarar com um sorriso sem graça.
- Indo comer?
- O que acha? - Kat diz cheia de marra.
- Seilá. A gente mal tem se falado.
- Deve ser porque você é uma cuzona.
- Foi você que me bateu.
- E bem que mereceu.
- Mesmo assim, foi errado.
- Fique agradecida que não arrastei seu rostinho pelos corredores. Tá até me dando uma vontadezinha.
- Para Kat, que droga.

Torpedo da Jules:

GENTE, CD VCS? ESTOU NO REFEITÓRIO.

- Vamos Kat. - Peguei minha amiga pelo braço, deixando uma Cassie apática e dando um leve tchauzinho para trás.

Sento na mesa, colocando minha bandeja e o suco. Jules e Kat fazem o mesmo.
- Então ela falou com as duas?
- Depois de que? Nove dias? O que houve, o namoradinho escroto deu um fora nela?
- Será que Nate terminou com Cassie de novo? - Pergunto.
- Quero mais que eles se fodam. - Kat coloca os lábios no canudo do suco.
Jules desvia as íris de nós, observando algo longe, então acompanho o olhar, vendo Rue passar por perto.
- Ainda estão sem se falar? - Indago.
- Depois do que fiz.
- O que você fez? - Kat quis saber.
- Não me arrependo de ter dito a sua mãe da condição dela com as drogas.
Me inclino sobre a mesa.
- Então o que foi?
- Traí ela com nosso amigo.
- Putz.
- Que vadia. - Kat faz uma careta.
Jules se joga sobre a mesa repuchando os lábios para baixo.
- Eu sei.
Cruzo as pernas.
- Tentou falar com ela?
- Eu não tive coragem de puxar assunto.
- Pois vai falar sim. - Kat fala.
- Vou falar? O que eu digo?
- Que quer que pelo menos voltem a ser amigas. Com o tempo deixa rolar o algo a mais.
- Ui. - Digo.
- Será? Aí, não sei, gente.
- O que pode perder? Ela tu já perdeu, o que tem agora é só a ganhar. - Kat continua.
- O que acham? Vou agora?
- Agora! - Dizemos em uníssono.
Jules levanta e corre para fora do refeitório.

Cassie

Nate tá agindo muito estranho, reclamou das minhas roupas, curta demais, decotada demais, muita maquiagem. Não aguento mais tanta imposição. Tenho dado um gelo nele desde ontem e por isso fui sozinha para escola.
Quando vi a oportunidade de falar com Maddy disse logo um oi. Talvez ela esteja um pouco certa dele ele ser um babaca controlador.
A chata da Kat tem me tratado bem mal, o que nunca foi feitio dela. Isso tem me atrapalhado demais.
Quero voltar a falar com Maddy, quero ser sua amiga mais que tudo.

Saio da última aula do dia, indo para o hall de entrada.
- Cassie.
Viro, avistando meu namorado. Olho para o outro lado fazendo uma cara feia, depois ando, chegando perto.
- Amor.
- Por que veio sozinha?
- Porque sim.
Ele dá risada e depois murcha.
- Como assim? Que merda de resposta é essa?
- Quer saber? To de saco cheio de ficar me mandando. Ninguém da minha casa faz isso e não vai ser meu namorado que vai.
- Quem mandou o quê?
Sorrio feito louca, arregalando os olhos, enquanto balanço a cabeça em descrença.
- Sério? E todas essas palhaçadas de maquiagem e roupa inadequada?
- Isso? Foi para seu bem, claro.
- Meu bem é meu pau. Ah, por favor.
- Olha a boca quando fala comigo.
- Quer saber? Vai se foder.
Dou as costas e saio caminhando, me sentindo a garota mais fodona deste mundo. Finalmente ele ouviu o que merecia.

Se não fosse tão tarde (Euphoria)Onde histórias criam vida. Descubra agora