Se não fosse tão tarde (Euphoria)

Capítulo seis

Cassie

Maddy não me suporta e agora corro o risco de perder Jules também. Será que vale a pena ficar com Nate? Se ele me largar de novo ficarei sozinha.
Mas amo ele, com toda minha alma. Sou dele e ele é meu.

Coloco a ceneta na boca, tentando entender o que o professor diz. Infelizmente sinto como se alguém me observasse, viro a cabeça, procurando. Maddy está no fundo me encarando com os olhos caídos, a boca firme. Volto a olhar pra frente, apertando com forca minha caneta.
Quando a aula termina, tento colocar meis pertences o mais rápido para sair de perto dela. Assim que jogo a bolsa sobre ombro ela segura meu braço.
- Onde acha que vai?
- Para a próxima aula.
- Seu professor faltou.
- Como sabe? - Rio de nervoso.
- Ele faltou. - A morena bate o pé.
Todos saíram da sala, Maddy me faz sentar de novo, deixo a bolsa sobre a mesa da cadeira.
- Estou preocupada.
- Com o que?
- Contigo.
- Por que?
- Conhece todo meu histórico com aquele cafajeste e ainda pergunta?
- Ele me ama.
- Só vive repitindo isso.
Levanto a sobrancelha.
- Ele me amava muito e sabe o que ele me fez.
- Eu sei.
- Ele me machucou e era tóxico. Acredita que vai ser diferente?
- Sim. Ele mudou.
- Ele continua o mesmo, Cassie.
- Não. Ele é bom pra mim.
- Só toma cuidado.
Ela levanta e sai da sala. Fico mais um tempo ali, refletindo suas palavras.

Maddy

Sento na mesa na praça de alimentação. Kat come seu hamburguér, enquanto mordisco umas batatas fritas.
- Falou com Cassie? Ela mudou de ideia?
- Não. Está mais apaixonada do que nunca.
- Mais iludida você quis dizer.
- O que posso fazer? Cassie que escolheu isso pra ela. Eu posso julgar? Era igualzinha. Ele deixou marcas no meu pescoço, apoiei ele mesmo assim. Nos encontravamos escondidos.
- Uma hora caiu na real, sua amiga também vai.
- É o que espero.
Kat coloca o canudinho do milk sheik na boca.
- Então, você e seu namorado, acabou?
- Ele não era o bastante. Estava infeliz.
- Precisa de homem mais experiênte.
- Concordo.
- Vai ter uma festa mais tarde. Vamos? Pode ser que descole um boy.
- Aceito. - Ela diz com um sorrisinho.

Passo um brilho nos lábios mais uma vez antes de passar pela porta da casa que está tendo a festa.
Corro os olhos pelos adolescentes, tentando achar um para minha amiga. Um dos caras num grupinho de quatro sorri para ela que retribiu com outro sorriso. Nos aproximamos.
- Querem uma bebida? - Outro deles pergunta.
- Pode ser. - Respondo.
O que sorriu pra Kat leva ela para um canto para conversarem melhor.
O loiro que foi buscar as bebidas dá uma para minha amiga e a segunda para mim.
- Nunca te vi.
- Estudo na East highland High school.
- Conheço umas gatas de lá.
Balanço a cabeça enquanto ele continua a falar, sem ter interesse. Então avisto Nate. De camisa preta, calça da mesma cor, seu cabelo perfeito e seu sorriso que me fez balançar tantas vezes. Ele me nota e dá um sorrisinho de lado. Desvio o rosto, irritada.
- Vai continuar de mal comigo?
- Está transando com minha melhor amiga.
- Achei que não fossem mais amigas.
- Você entendeu.
- Vamos conversar.
- O que temos pra falar?
- Sobe comigo.
Fito o chão, mordendo a boca. Enfim decido aceitar. Subimos as escadas e entramos no último quarto do corredor. Ele vai até a janela, fitando a noite crespular e os carros passando.
- Quando disse que eu era seu primeiro homem me senti o cara mais feliz do mundo. Ela era só minha e de mais ninguém.
Ele volta a me fitar.
- Mas toda vez que terminavamos você trepava com outro.
- Tinhamos terminado.
- Exato. Toda vez eu te perdoava e voltavamos. Só que quando foi minha vez de fazer o mesmo me julgou.
- É diferente, Cassie é especial pra mim.
- Pode ser, mas continua sendo o mesmo no fim. Transar com outra pessoa, idependente de quem seja.
Você me traiu com um monte de homens. Eu fiquei com a Cassie.
- Quer que te perdoe?
- Sim. É o mínimo.
- Cassie era minha alma gêmea e você contaminou nossa relação. Como posso ter perdoar?
- Quer saber? Estou cansado da sua presença na minha vida. Eu sei que ficou em cima da minha namorada hoje. Para de falar merda sobre mim pra ela.
- Eu só quero que ela fique bem.
- Acredita que faria mal a ela?
- Obvío. Você me machucou muito, deixou marcas que sumiram, mas que vão ficar pra sempre dentro de mim.
- Eu sinto muito por isso. Pode ter cerfeza que vai ser diferente com a Cassie.
- Será?
- Se estou dizendo.
- Suas palavras valem pouco.
Sua expressão se torna sinistra, seu maxilar parecia querer quebrar de tão duro e sua veia lateja na testa.
- A sua também. Era mesmo virgem na nossa primeira vez? Porque do jeito que é piranha, não divido que tenha trepado com algum velho nojento antes.
O tapa que desferi foi tão rápido que ele nem tempo de parar. Sua mão foi automaticamente pro rosto vermelho.
- É verdade! Transei com um velho gostoso antes e ele foi bem melhor que você, seu merdinha.
Sua mão vem direto para o meu pescoço, achei que ele fosse apertar, em vez disso ficou parado, seus olhos parecem que vão me furar.
- O que está acontecendo?
Nate me solta e viro encarando Cassie.
- Ele ainda é o mesmo Nate. Queria me machucar como já fez.
- Isso é verdade?
- Ela me provocou.
- Por isso merece ser agredida? - Suas lágrimas brilham, querendo descer.
- Está tirando palavras da minha boca que nem falei.
- Ia bater na Maddy?
- Nunca.
- Por que sua mão estava volta do pescoço dela? - Cassie chora.
- Porque ela é uma filha da puta.
- Fica longe dela, fica longe de mim.
Cassie pega meu pulso e descemos as escadas escutando Nate ainda no quarto.
- Volta aqui, Cassie.
Saímos da casa e subimos em uma bicicleta.
- É da Jules, depois aviso a ela.
Alguns minutos depois, paramos em uma loja de conveniência. Compramos duas latas de refrigerante e sentamos na calçada.
- Eu falei que era um babaca.
- Eu sei.
- Vai perdoar ele amanhã, né?
- Desculpa.
- Tudo bem. Você que vai aturar mesmo.
- Somos amigas novamente?
- Sim, sua vaca.
- Brigada. - A loira me abraça.
- Droga, deixei Kat na festa.
- Vi ela saindo com um gostoso quando cheguei.
- Vadia, nem me avisou.
Rimos e bebemos um gole do refri.
- Eu te amo, vaca. - Eu digo.
- Eu também te amo, sua vaca.