Capítulo vinte um

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Lexi

Sento na mesa com a bandeja na mão, Barbara faz o mesmo. Ficamos encarando a mesa das vadias. Minha irmã, sua melhor amiga Maddy, Kat, Jules e Rue. O clima está meio estranho, Maddy fica olhando de vez enquanto para Cassie como se quisesse dizer algo, mas fica calada mesmo assim. Cassie brinca com a comida meio triste e Kat fala para caralho, toda animada.
Vejo Ethan passando por perto, noto suas íris em Cassie, mas pelo que entendi Kat acha que foi para ela, porque cutuca Jules, aponta pro cara e revira os olhos. Que idiota.
Pera aí, Ethan tava olhando pra Cassie? Minha irmã tá trepando com o ex da segunda vadia mais louca daqui? E eu que tenho que tomar cuidado. Só rindo.
— Ele tá te olhando de novo.
— Quê?
Barbara tem razão. Nate me devora com os olhos da sua mesa, na estremidade oposta da minha. Ele sorri e bebe um pouco do seu refrigerante, descendo os lábios devagar pelo canudo quando termina de engolir o líquido. Isso deveria ser sexy? Que imbecil. Reviro os olhos e abocanho meu hambúrguer, comendo da forma menos sexy que encontro. Depois dou o dedo do meio pra ele. Ele dá risada e aponta o dedo do meio para dentro da própria boca e enfia como se mostrasse o que eu teria de fazer. Até parece. Leio seus lábios.
VAI SER NA SUA BOCA NA PRÓXIMA VEZ.
Babaca.
Percebo que Cassie notou nossa troca de diálogo e levanta da mesa, sentando na minha.
— O quê foi?
— Estou de olho em vocês dois. Eu sei que ele quer te comer, acho que todos do lugar também sabem.
— Sabe porquê ele quer transar com Lexi? — Barbara pergunta.
— Pra me atingir, óbvio.
— Claro. Pra um cara me querer tem que ser pra te fazer ciúmes. Nossa.
— Deixa de ser idiota. É o Nate, porra.
Kat senta na nossa mesa. O sorriso diabólico.
— Pra quem tava quase dando pra ele na escada, acho que é um pouco hipócrita da sua parte não deixar sua irmã aproveitar também, provar.
— Sério? — Mordo a bochecha — Depois quer me dar conselhos pra ficar longe dele quando na verdade também gosta dele.
— Também? — Todas dizem na mesa.
Eu disse também?
— Foi modo de dizer, eu não gosto dele. Ficaram loucas?
— Quase tomei um susto — Kat diz.
— Foi mal, mas concordo com Cassie. Esse Nate é doente, olha o que ele fez com as duas. Quer ser a próxima da fila?
— Já disse que não vou cair no papo dele.
— Ótimo. Acabou o intervalo, vamos pra sala, Cassie.
Kat arrastou minha irmã de perto de mim. Que alivio. Todas passaram pela porta da saída e Barbara foi na frente pra ir no banheiro. Deixei meu refri no lixo e assim que me virei bati de encontro a uma parede de tijolos, quer dizer de músculos. Nate me fitava de cima a baixo, com um sorriso safado desenhado nos lábios.
— O que quer? Tenho que ir pra aula.
— Quero te convidar pra ir na minha casa.
Só faltava essa, acho todos piraram de vez.
— Vai ser uma festa mais tarde.
— Ah... uma festa?
—Sim. Achou que fosse um encontro?
Minhas bochechas ruborizaram e virei o rosto meio sem graça.
— Fica uma delícia envergonhada por minha causa.
— Vai se foder.
— Só se for você.
Ele passou a língua na parte superior da boca e deu uma mordida de leve na de baixo. Meu corpo se esquentou em lugares mais inferiores que minhas bochechas. Droga. Acho que ele era mesmo muito convicente.
— Tá bom. Eu vou.
Empurro seu peitoral pra mais longe de mim, tentando me afastar um pouco dele. Ele tá perto demais. Nate puxa meu braço, colando sua boca no meu ouvido.
— Não vejo a hora de ter ver no meu quarto.
— Eu não vou entrar lá.
— É o que vamos ver.
Ele da espaço para passar e corro na maior velocidade que consigo encontrar.

Cassie

Entro no quarto de Lexi que tem a cama coberta com vários vestidos e blusas e calças.
— O que é isso?
— Nate tá dando uma festa hoje. Ninguem te convidou?
— Na casa de Nate? Está querendo ir? Nem ferrando.
— Não manda em mim. Já falei com a mamãe e ela concordou. Sabe que pode confiar em mim, diferente de uma pessoa que só faz burrada.
— É porque ainda não se envolveu com quem está prestes a se envolver. É um caminho sem volta, Lexi.
Ela passa por mim ao terminar de colocar seu salto e desce as escadas, corro atrás dela, ela bate a porta da frente na minha cara.
— Eu vou também, mãe.
— Tá bom — Minha mãe responde sentada no sofá, bebendo vinho.
Lexi conseguiu ir na minha frente. Quando chego na festa, tem adolescentes por cada canto da sala, bebendo e fumando maconha. Subo as escadas, olhando em cada quarto, no terceiro encontro Maddy bebendo sozinha em uma cama.
— O que está fazendo aí sozinha?
Sento do seu lado.
— Você tem me evitado, o que poderia fazer?
— Eu não quero acabar com nossa amizade. É tão complicado entender?
— Tá sendo uma cuzona. Eu sou melhor que todos esses caras juntos.
— Eu sei disso.
— Então fica comigo. Acaba esse caso com Ethan.
— Não posso. Estou apaixonada por ele.
— Então para de olhar pra minha boca.
Maddy não me dá tempo para responder e beija meus lábios devagar, nossas línguas se insinuando uma à outra. Sinto algo fluir entre nós. É como se tivesse estática ao nosso redor e nossas bocas fossem os condutores desta eletricidade. Empurro seus ombros e ela levanta irritada, jogando a garrafa de vodka no chão, que se quebra.
— Vai embora, Cassie. Me deixa em paz.
Eu saio do quarto deixando ela sozinha, com o peito meio apertado, mas sabendo que fiz a escolha certa.

Se não fosse tão tarde (Euphoria)Onde histórias criam vida. Descubra agora