Capítulo vinte

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Maddy

Cassie está errada. Eu sei que podemos dar certo, é só ela deixar, dar uma chance para nós conhecermos um lado uma da outra que nunca sonhamos em ver. Saio do carro e pego ela no hall falando com o Ethan. Eles saem juntos, entrando no corredor que dá acesso as escadas e salas de aula. Fico parada um minuto, processando que ele tem acesso a uma parte dela que talvez eu nunca consiga tocar. É assustador. Deixo uma lágrima silenciosa rolar minha bochecha. A seco rápido e subo para minha última aula antes do almoço.

Cassie

Depois que deixei Ethan em sua sala, fui direto para a minha. Jules me puxou para dentro, sentamos bem no fundo para nos dar mais privacidade. Falei bem baixinho para ninguém escutar.
- Eu chupei a Maddy.
- Cacete. Cassie sua safadinha.
- Eu deixei claro que não seremos um casal.
- Por que? Você tem sim atração pelo mesmo sexo.
- Nunca dou certo com a mesma pessoa por muito tempo, não quero que ela entre para estatística.
- Ou só está inventando desculpas por estar com medo.
- Pode ser, mas meu lance com Ethan ta ficando sério e gosto mesmo dele.
- Não gosta nem um tiquinho da Maddy?
- Acho que tenho tesão por ela e só.
- Tem tesão por quem? - Kat estica as pernas, sentando bem do meu lado.
- Cassie descobriu que gosta de garotas.
- Essa é nova. Cansou de brincar no parquinho dos boys e decidiu abrir mais os horizontes? - Kat ria.
- Qual é a graça?
- Nenhuma, apenas que vai poder piranhar pelos dois sexos agora. Bem a sua cara.
- Cala a boca, Kat - Pedi rindo.
- Então... quem foi a boceta que despertou sua perseguida?
- Fala baixo.
Jules me mede com certa apreenção. Perguntando com o olhar se pode contar para a outra melhor amiga de Maddy.
- Uma gatinha de outra turma minha.
- Uhnn, bem sexy. Se pegaram depois que o professor saiu?
- Mais ou menos isso.
- Fez um boquete nela?
- Claro.
- Meus Deus e diz com essa cara? Tá aprendendo alguma coisa comigo finalmente.
- Suas depravadas - Jules abriu seu caderno, girando sua caneta entre os dedos.
O professor continuou sua aula, notando o tempo todo que só ficavamos só de papo. A aula teve fim e deixei as garotas para trás, andando pro corredor, para deixar meus cadernos no armário. Barbara e Lexi conversavam animadas perto do armário da minha irmã. De repente vi Nate parado, encarando minha irmã, ela fingiu não notar e deu uma olhadinha, fingindo inocência.
Que porra era essa? Corri, pegando seu braço, a arrastando pra as escadas.
- Você tá trepando com Nate?
- Que loucura é essa? Claro que não. Ele me odeia.
- Que olhada foi aquela então?
- Eu só tenho reparado nisso, ele me olha às vezes sem motivo e eu fico curiosa. Juro que ele não fez nada.
- Tem que me prometer que não vai fazer nenhuma besteira.
- Que besteira eu poderia fazer? Transar com aquilo?
- Sei que ele pode ser bem convincente.
- Comigo? Desculpa, Cassie. Mas sou bem mais inteligênte que você e sua amiga.
- Pode ser. Espero que seja mesmo.
- Acabou? Eu e Barbara vamos pro refeitório.
- Sim.
Ela se afastou, batendo forte os pés. Antes de eu subir, Nate tapou minha passagem. Seu sorriso perverso preenchendo o lugar.
- Não foi minha imaginação, né?
- Se eu não posso te foder, posso foder sua irmãzinha.
- Fica longe dela!
- Que medo, vai fazer o quê? Me bater?
Ele chega mais perto, quase encostando seu rosto no meu.
- Talvez eu goste que me bata.
Sinto um sentimento familiar no fundo do meu âmago. Suor desce pelo meu pescoço e minha pele se arrepia.
Ele percebe minha mudança de atitude.
- Sabe que nunca deixei de te amar.
Sua mão desce, explorando a pele sensível e descoberta da minha clavícula. Fecho os olhos, me repreendendo por deixar ele me tocar. Sua mão desce para meu pescoço, apertando de leve, sem machucar.
- Sei que sente falta também. Eu me sinto um merda por deixar uma garota como você me escapar entre os dedos. Um sonho difícil de esquecer.
Ele me puxa como se sua mão fosse uma coleira me prendendo. Sua boca encontra a minha, deflorando, tocando como se toda saudade que ele sentisse se transbordasse em forma de uma caricia sensual e desenfreada. Minhas mãos tocam seus ombros, apertando cada pele que consigo. Nate. Nate. Nate. Ele está por toda parte, sentindo tudo de dentro para fora. Minha alma desamparada. Minha solidão implacável. Escuto uma risada baixa e Nate desloca a boca da minha. Kat está com um sorriso estampado como quem diz que sabia que eu era uma vadia.
- Pode confiar, nem vou contar pra Maddy.
Ela saiu, subindo as escadas.
- Isso foi um erro.
- Como assim um erro, Cassie?
- Você foi horrível comigo, acha que vou te perdoar fácil assim e voltaremos a ser um casal?
- Porra, Cassie - Ele dá um soco na parede, ficando com as juntas sangrando.
- É dessa merda que eu to falando. A próxima ia ser na minha cara?
Seu rosto esmoece, branco feito papel.
- Não. Nunca te machucaria assim.
- E nem vai, porque eu vou ficar bem longe de você.
- Eu vou comer a sua irmã e ela vai amar gritar meu nome quando eu lhe der um orgasmo. Orgasmo que nunca mais vai ganhar de mim.
- Sorte minha. Pode deixar que ganhar orgarmos tenho de fontes bem melhores.
- Aquele nerd? Duvido que ele faça muita coisa.
- Não só dele.
- Quem mais tá te comendo?
- Não preciso de contar.
- Nunca muda. Sempre uma puta.
Dou um tapa tão rápido e forte na sua cara que ele nem tem tempo para piscar.
- E quem bate é você.
- Bem merecido por sinal.
Ele fecha os olhos e aperta os lábios. Olha de novo para mim, mais calmo.
- Eu te amo. Volta pra mim.
Dou risada.
- Depois de todo esse showzinho ainda tem coragem de me dizer isso?
- Sim. Vou continuar tentando de todas as formas pra ter você de volta na minha vida. Nem que eu tenha que comer sua irmã pra isso acontecer.
- Sua maneira de agir é doentia. Como transar com minha irmã me fará voltar contigo?
- O bom e velho ciúmes.
- Eu só vou ficar com mais nojo de você. Eu te odeio.
- Vai dizendo isso, até acreditar.
Ele passa por mim, batendo no meu ombro. Olho para trás, furiosa, vendo sua nuca, suas costas para mim.
Eu não vou deixar esse filha da puta encostar um dedo que seja na minha irmã, nem que pra isso eu tenha que acabar com ele.

Se não fosse tão tarde (Euphoria)Onde histórias criam vida. Descubra agora