Morango ou Tutti Frutti?

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"Fighting!" — Pensou Lee Min Ho tentando encorajar a si mesmo.

Respirou fundo, estufou o peito e ajeitou o cabelo. Falar com Han Ji Sung não era uma tarefa fácil, começava a se lembrar de todas as vezes que deu bolo nele quando marcavam de se encontrar para fazerem o projeto e ao invés disso Lee Know ia pra casa de Changbin jogar videogame. Han jamais o perdoaria.

A relação deles era péssima. Se ao menos fossem dois desconhecidos tudo seria mais fácil. Lee Know não tinha afinidade nenhuma com Han e pra piorar o achava chato, sem graça, metido e entediante. Imaginava que se precisasse passar um minuto conversando com ele iria pegar no sono.

Mas, precisava vencer aquela aposta idiota e depois que conseguisse um encontro com Han, poderia sair de cena.

Lee Know percebeu que estava fazendo um papel ridículo escondido atrás de uma parede esperando Han chegar no portão da universidade. Quando Han chegou, Lee Know limpou a garganta e a passos firmes e friamente calculados foi em direção a ele.

— Bom dia Jisungie! — Disse com um sorriso enorme e alegre.

Ji Sung o olhou da cabeça aos pés com sua típica feição debochada.

— O que você quer, Lee Min Ho?

— Só quero te desejar um bom dia, meu caro colega mais inteligente do campus... e então... como está sendo o seu semestre?

— É alguma pegadinha?

— Não, não. Eu só acho que você é uma pessoa muito brilhante e quero conversar um pouco contigo.

— Ah você me acha brilhante? — Han cruzou os braços — Então, me fala, por que me acha brilhante? Já leu alguma pesquisa científica que fiz? Já assistiu algum seminário meu? Você sabe em que tipo de projeto estou trabalhando?

— Mas é claro que eu sei — Ele nem fazia ideia, mas precisava interpretar.

— Então me diz sua opinião. O que você gosta nas minhas pesquisas?

— Hum, acho que seria mais interessante se a gente conversasse sobre isso em um lugar mais descontraído. Que tal almoçarmos juntos amanhã? — Lee Know piscou os olhos de forma fofa, sabia que um dos seus pontos fortes eram seus grandes olhos amendoados. Ninguém resistia.

— Tá com conjuntivite? — Han fez careta ao ver Lee Know piscando os olhos de forma estranha.

— Hã? Não não... é que está muito claro hoje — Lee Know sorriu sem graça.

— Sobre o seu convite pra almoçar comigo... eu já sei o que você quer.

— Sabe? Quer dizer, eu não quero nada. Só quero conversar melhor com você.

— Olha, eu não sou idiota, Lee Min Ho. Você é o cara popular da universidade e eu sou o nerd. Só está falando comigo porque quer algo. Quer que eu faça algum trabalho pra você ou que te ajude em alguma matéria, não é? Fique sabendo que eu não sou bobo. Se quiser ajuda eu vou cobrar por isso. Tenho meus preços.

Lee Know viu ali uma ótima oportunidade para se aproximar de Han.

— Você me descobriu — Ele ergueu as mãos em sinal de rendição — Preciso da sua ajuda com... inglês, isso inglês. Preciso fazer um curso mas ele está em inglês... então por isso preciso da sua ajuda.

— Não posso te ensinar a falar inglês, não tenho tempo pra isso. Mas posso te ajudar com seu curso, claro que isso não vai ser de graça. Me passe seu telefone de novo, eu exclui, daí eu te mando o valor e os horários vagos em minha agenda. Você terá que se adaptar aos meus horários, sou muito ocupado.

— Ok ok — Lee Know entregou o celular para Han que rapidamente digitou seu número e devolveu o celular.

— Agora preciso ir, vou chegar na aula dois segundos atrasado por sua culpa.

Han estava atravessando a rua quando Lee Know o chamou.

— Jisungie?

— O que é? — Disse Han impaciente olhando para trás.

— Eu... é... posso te ligar?

— O que? — Han não tinha escutado devido ao barulho dos carros.

Foi tudo muito rápido, Lee Know olhou pro lado e um carro em alta velocidade vinha na direção de Han, o motorista parecia entretido no celular e não viu o garoto parado no meio da rua.

— HAN! — Lee Know não pensou, só agiu rápido e puxou Han pela blusa. Os dois caíram na calçada, salvos de serem atropelados.

Mas naquele momento o tempo congelou. Han estava tão estático quando Lee Know porque se deu conta de que tinha caído em cima dele e suas bocas estavam coladas uma na outra em um estranho beijo acidental.

Por alguns segundos que pareceram uma eternidade, ficaram se olhando com os olhos arregalados enquanto seus lábios se tocavam. Lee Know nem percebeu que estava abraçando Han, na hora do susto só pensou em protegê-lo não só do carro mas também da queda.

Quando caiu em si, Han deu um pulo e se colocou de pé, totalmente assustado por ter sido quase atropelado e por ter acidentalmente beijado Lee Know.

— O-obrigado, você s-salvou minha vida — Han sentiu seus lábios dormentes e sentiu um estranho frio na barriga, odiou isso, mas estendeu a mão para ajudar Lee Know a se levantar — Você está bem? Se machucou?

— Estou bem. Só bati as costas, mas não é nada demais. Fico aliviado que eu tenha conseguido te puxar a tempo — Lee Know tocou os próprios lábios sentindo latejar levemente.

— Você bateu as costas? — Sem pensar muito, Han virou Lee Know e puxou sua blusa para ver se ele tinha se machucado — Lino, você se machucou! — Disse choroso.

— Está tudo bem, não foi nada — Lee Know o tranquilizou ao ver sua cara de choro — Você me chamou de Lino?

— Isso não é importante agora, a gente precisa ir na enfermaria. Tá doendo muito? — Han colocou a mão levemente onde tinha um hematoma avermelhado. Lee Know, vendo sua preocupação, se aproveitou da situação e deu um gritinho rouco de dor.

— Hannie, você pode ir comigo? Está doendo muito — Lee Know sabia fazer ceninha quando precisava.

— Claro que posso. Vem cá, se apoia em mim. Mas isso não tira o fato de que eu ainda não gosto de você. Só vou te tratar bem porque salvou minha vida e estou em dívida com você.

Lee Know abraçou seu pescoço e Han o ajudou a caminhar, embora não fosse necessário já que ele estava bem mas mesmo assim fingiu estar mancando.

Lee Know olhou para Han, ele estava sério, parecia que via aquilo como uma missão. Era como se ele estivesse levando um soldado ferido para um local seguro. Han era assim, tudo o que ele fazia ele se empenhava e levava a sério. Lee Know começou a achar essa característica dele não tão insuportável, até era legal de certa forma.

Han brigava com qualquer um que passasse na frente, queria levar Lee Know até a enfermaria o mais rápido possível. Lee Know sorriu ao vê-lo tão empenhado, parecia seu príncipe encantado o salvando.

O cheiro do cabelo de Han invadiu suas narinas, cheirava a shampoo de morango ou talvez de Tutti Frutti e Lee Know se odiou por estar tão curioso sobre a fragrância do shampoo do seu até então, inimigo natural.

Notas Finais

Já era Lino... já era...  

LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora