Olá, capítulo grande, mas me fez reapaixonar por Hans ao escrevê-lo.
-----------------------------
(ainda dentro das memórias de Helô)
-----------------------------Quando Hans me buscou em casa, encontrei-o sentado no sofá da sala de estar papeando com meu pai. Ele sorriu ao me ver, ficou de pé e esfregou as palmas das mãos na calça. Que bom que eu não era a única a vivenciar o frio na barriga e todas as emoções de um encontro importante. Gostei de ver que estava nervoso também.
Ele, que era tão rock and roll habitualmente, tinha se preocupado em ficar arrumado para mim. E Cristo do céu, o infeliz ficava lindo no modo engomadinho! A calça preta sarja parecia ter sido feita sob medida de tão bem alinhada ao seu corpo. Até camisa social branca e blazer chumbo ele vestiu! Por fim, terminei por averiguar que suas botas Windsor de couro marrom eram novas.
Ele tinha se dedicado!
Meu pai prestava atenção em nós. Acomodado em sua poltrona preferida, ele lia a cena que acontecia bem na sua frente. No fundo eu sabia que ele fazia vista grossa diante da novela mexicana que Hans e eu protagonizávamos. Cautelosamente, meu velho só estava esperando algum sinal mais claro da nossa parte, onde deixaríamos de agir como clandestinos para assumirmos algo mais sério.
– Juízo vocês dois. – Foi a única coisa que Antônio disse quando estávamos nos despedindo.
– Fica tranquilo. Volto em algumas horas. – Beijei sua cabeça e deixei claro para ambos que eu não passaria a noite fora.
Hans pôs sua mão na base das minhas costas para nos guiar até a saída. O gesto simples fez meu coração palpitar mais rápido enquanto eu me dava conta de que aquilo estava realmente acontecendo. Um encontro de verdade!
Por incrível que pareça, o acanhamento veio e fiquei sem um mísero assunto para puxar durante o caminho até o restaurante. Entretanto não foi algo desconfortante, e sim o oposto. A falta de palavras me fez aproveitar outras coisas, como por exemplo, o empenho que meu par teve com as canções que tocavam no som de seu carro. Deu para notar que tinham sido selecionadas a dedo: nada muito pesado, apenas as baladas de rock já conhecidas por nós dois.
Mal paramos em frente ao local onde jantaríamos e os manobristas vieram abrir nossas portas. Hans fez um sinal para que esperassem e, saindo do carro, deu a volta até estar diante da minha porta e abri-la. Isso me arrancou um sorriso enorme. Minha vontade foi me jogar em seus braços de tanta felicidade, porém, apenas aceitei a sua mão estendida.
Surpreendi-me ainda mais quando vi que seria uma noite de culinária japonesa. Hans não era uma pessoa que comia em porções pequenas e variadas. Cabia muita coisa dentro do seu corpo e ele só não havia escolhido uma cantina italiana porque não queria me deixar empanzinada. Eu o conhecia bem! O espertão pensou que se eu ficasse apenas satisfeita com a refeição, teria pique para uma atividade extra, sou seja, ele alimentava a esperança de me foder no final do encontro.
Pois é, seria um jogo difícil para ambas as partes.
-----------------------------
Enquanto a hostess nos conduzia para nossa mesa, meus olhos correram pelo ambiente, admirando a sofisticação. Paredes de cor terrosa, luzes quentes e quadros abstratos com rostos de gueixas davam uma sensação de acolhimento. Mais adentro, os sushimen trabalhavam numa área aberta que estava cercada por uma mesa compartilhada típica de cozinhas orientais. Ali o tom de madeira predominava, fazendo fundo para o palco das preparações dos pratos frios e crus.
Uau!
– Você disse que queria um restaurante estrelado. – Como se tivesse lido meu pensamento, Hans sussurrou antes de tirar sua mão da minha lombar para nos acomodar numa mesa mais distante e discreta.
