𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 025 - 𝖔 𝖖𝖚𝖊 𝖖𝖚𝖊𝖗 𝖉𝖊 𝖒𝖎𝖒?

616 64 3
                                    

Saio do consultório totalmente atordoada, vou em direção ao meu carro e sinto algumas gotas de chuva, entro e dou partida, dirijo sem rumo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Saio do consultório totalmente atordoada, vou em direção ao meu carro e sinto algumas gotas de chuva, entro e dou partida, dirijo sem rumo. Paro em um posto e compro algumas garrafas de vodka, hoje eu quero beber até esquecer meu nome.

-Porra! -Falo assim que dirigir ficou difícil por conta da bebida.

Encosto o carro e desco sem me importar com a chuva, olho em volta e vejo que estou perto da praça que costumo levar meu filho, caminho até ela com a garrafa em mãos e bebendo, ando com dificuldade por já estar um pouco bêbada. Assim que chego na praça totalmente vazia por conta da chuva, me sento na grama e continuo bebendo, tentando de alguma forma voltar no tempo e esquecer esse pesadelo todo. Começo a chorar sem controle e a chuva parece engrossar com a minha dor.

-Aaaaaaaaa! -Grito em desespero e me jogo deitando no chão olhando para o céu completamente nublado e a chuva caindo mais e mais, Então sou tomada por algumas lembranças...

"Oh minha filha tudo que acontece nessa vida é por uma razão, mesmo que não conseguimos compreender, Deus sempre tem planos maiores Cheryl,"

(Flashback on)

Ser adolescente é horrível, sua cabeça é confusa seu corpo mais ainda. As meninas pensam nos meninos, as meninos pensam nas meninas, bebidas e sexo esse é o lema dos irresponsáveis. Eu sou uma menina que tem um pênis e pensa em meninas, poderia ser pior? Acho que não...

-Eai monstrinho? -Um menino me empurra para os armários.

-Ei. -Uma outra menina chega e empurra o garoto. -E monstrinha! -E ri.

-Mas ela tem um pinto. -ele fala rindo também.

-Ou seria ele tem peitos? -Ela fala colocando a mão no queixo como se estivesse pensando.

-Bizarro! -Tento sair, mas ele me segura. -Aonde vai?

-Me deixa ir. -Falo tentando me afastar do seu aperto em meu braço.

-Só estamos tentando ser seus amigos. -A menina diz.

-Ei vocês?! -Uma terceira voz feminina se faz presente.

-Droga! Até depois monstrinho. -O menino fala e em seguida disfere um soco no meu membro me fazendo curvar de dor.

-Voltem aqui! -A voz desconhecida grita, mas eles correram. Acabo caindo com as mãos no meio das pernas, que dor. -Ei você está bem?

Olho em direção a voz e vejo que é Betty Cooper.

-Eu... estou bem. -Falo com dificuldades.

-Não está não. - Ela diz se agachando ao meu lado. -Vem eu vou te levar para a enfermaria.

-Não! -retiro as mãos do meu membro, mas a dor é quase insuportável e acabo levando as mãos novamente.

-Me deixa te ajudar.

-Eu não preciso de ajuda.

-Pelo menos vá a enfermaria sozinha, mas vá. -diz com uma voz doce.

Enfermaria, ela sabe que a enfermeira me acha um monstro também? Acho que não, sempre que a enfermeira da escola me vê me olha com cara de nojo, e ela nunca me ajudou, na verdade quando vê alguém mexendo comigo ela ainda ri.

-Eu estou bem, sério. -Falo me sentando no chão, mas ainda com dores. -Por que parou eles?

-Eles são uns babacas! -fala com uma pitada de raiva na voz.

-E eu um monstro... -Sussurro.

-Retire o que disse! -Ela me dá um soco no ombro e me olha brava.

-Por que me bateu oras?

-Você não é um monstro! Retire o que disse, ou eu darei outro soco e ai sim você terá que ir a enfermaria!

-Tá bem... Tá bem... Eu retiro, eu não sou um monstro.

Que garota brava.

-Está melhor? -Afirmo. -Então já que estamos atrasadas para a aula que tal dá uma volta?

-Por que você daria uma volta comigo? -Pergunto desconfiada.

-Vem logo! -Ela puxa minha mão se levantando.

•••

Ficamos andando até que paramos no teatro da escola, ficamos sentadas olhando o palco vazio.

-Vários deles mexem com você e te batem as vezes, mas eu nunca a vi na diretoria falar nada, por quê? -pergunta.

-O que tria adiantar?

-Eles iriam parar talvez?

-Não, eles não iriam... Pessoas como eles nunca param, então eu prefiro carregar o fardo sozinha.

-Não. -segura minha mão. -Você não está sozinha.

-Melhor você ficar longe disso. -Falo puxando minha mão.

-Mas eu não te dei escolha. -Betty fala dando de ombros e sorrindo.

Após nosso passeio pelo teatro, chego em casa e vou direto para o quarto, jogo minha mochila no chão e me atiro na cama. Todo dia é a mesma coisa, eles me xingam, fazem piadas, me empurram ou socam o meio de minhas pernas, Betty até que tenta afasta-los, mas nunca dá certo.

-Filha? -Minha mãe me chama na porta do quarto. -O que houve?

-Nada. -Falo e me viro deitando de barriga para baixo.

-Cheryl eu te carreguei por 9 meses, então não me venha com malcriação! -Minha mãe fala e senta em minha cama.

-Desculpa é só que... Por que eu não nasci normal? Eu tinha que nascer com isso no meio das pernas para todos me odiarem?

-Mas você é normal Cheryl.

-Por que mãe? -Me sento na cama a encarando, com os olhos marejados. -Por quê?

-Oh minha filha tudo que acontece nessa vida é por uma razão, mesmo que não conseguimos compreender Deus sempre tem planos maiores Cheryl. -Minha mãe diz me puxando para os seus braços.

(Flashback Off)

Me levanto na grama totalmente encharcada, e tomo o último gole esvaziando a garrafa e arremesso longe.

"Deus sempre tem planos maiores Cheryl"

A voz da minha mãe ecoa na minha cabeça.

-O que você quer de mim?! -Olho para o céu e a chuva continua caindo. -Já não foi o suficiente?! Hein?! Qual o seu plano, me diz?! -Caio de joelhos sem controlar as lágrimas. -Eu não consigo entender tudo isso! -Grito o mais alto que posso.

-Cheryl!

Olho em direção da voz que me chamou.

-Toni...

5/5

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 • 𝚌𝚑𝚘𝚗𝚒Onde histórias criam vida. Descubra agora