✤ Capítulo 2 ✤

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Tinham sido 2 anos incríveis em que eu realmente me tinha sentido amada e tinha a certeza que era para sempre, mas na realidade era só eu que pensava assim.

A realidade era que eu não sabia se a culpa era minha, ele tinha dito que tínhamos pontos diferentes, mas, na verdade eu tinha ouvido a voz de uma mulher do outro lado, talvez eu não tivesse sido suficiente para ele. Sim, por um momento pensei nisso, mas logo lembrei-me da Inês e do seu irmão, o ursinho, eles que sempre me disseram que eu era suficiente, mas que nunca seria suficiente para quem não sabia dar valor a uma pessoa como eu. Eu tinha sorte em ter pessoas como eles na minha vida, pensei para mim.

Após tomar duche, limpei-me e peguei num robe que tinha ali mesmo naquela casa de banho e o vesti, fui para a cama, não queria comer, fazer nada apenas chorar. Senti por um instante o meu celular vibrar insistentemente, estava recebendo uma ligação, mas decidi não atender, apenas o desliguei, colocando em cima da mesinha de cabeceira e me virei na cama tentando dormir, a minha almofada era testemunha de quantas lágrimas escorreram do meu rosto até eu finalmente ter conseguido adormecer.

Passei mais ou menos três dias chorando, me sentindo mal, me perguntando a mim mesma o que tinha feito de mal, para ele já não me amar, passei esses dias entre a cama e a casa de banho, me olhando no espelho e perguntando-me se eu era suficiente ou bonita e nunca encontrava uma resposta e então eu voltava para a cama, pegava no comando ligava a TV e punha o primeiro filme clichê romântico e quando aparecia um casalinho feliz e apaixonado, abria uma gaveta da mesinha de cabeceira retirando de lá de dentro um dos meus docinhos que eu tinha sempre que me sentia carente, eram chocolates, daqueles que se derretiam na boca.

Um deles quando eu coloquei na boca senti umas bolhas era um dos meus chocolates favoritos, o ia comendo enquanto assistia o filme, ao mesmo tempo, o meu rosto estava repleto de lágrimas que não paravam de escorrer, era óbvio que eu não devia ver filmes daqueles, mas eu queria deprimir essa era a realidade.

Quando o chocolate acabou eu abri outro naquele caso um ainda mais macio e continha recheio de mousse de chocolate. No final daquela noite, eu estava na sanita vomitando, não gente, eu não estava grávida, e sim eu tinha a certeza. Paul não vivia comigo como podem ter reparado, apesar de que nós íamos fazer dois anos de namoro nós não vivíamos juntos.

Ele trabalhava como advogado um dos melhores nesse ramo e como tal ele sempre disse que era melhor vivermos separados eu no meu apartamento e ele no seu. E isso não me fazia diferença até ele ter começado a ficar mais frio, mas ele sempre dizia que era do trabalho. Agora eu já não sabia se isso era verdade, ele podia ter estado esse tempo todo a tentar manipular-me e tendo tido sempre outra pessoa na sua vida. E também sabia que não podia estar grávida, pois Paul não me tocava fazia meses por isso era impossível.
Chorei de novo como as outras noites até adormecer.

Provavelmente horas depois acordei com alguém batendo na porta, devia ser alguma vizinha chata ou alguém das televendas querendo vender algo, ou até mesmo testemunhas de Jeová pregando a palavra de Deus. Como já imaginava que não seria realmente alguém com algo importante para me falar a minha ideia era, não me levantar da cama para abrir a porta, eu ia ficar na cama o dia todo se fosse preciso.

A realidade dita era outra, o meu corpo naquele caso a minha bexiga não aguentaria muito mais. Inicialmente tentei fechar os olhos e tentei aproveitar um sonho que eu estava tendo, mesmo que ele não fosse mais possível nunca. Sim, eu estava sonhando com Paul, sim, Paul era o meu ex, que me tinha acabado de deixar e com isso tinha acabo junto com a última réstia de esperança de eu encontrar um amor, a realidade é que naquele momento não fazia mais sentido real, imaginar a minha vida com outra pessoa a não ser ele.
O sonho era semelhante a um conto de fadas, ele e eu juntos passeando pelo campo de mãos dadas, por um prado verdejante, via se flores silvestres, uma das minhas mãos passava pelas flores e captava o cheiro delas, na palma da minha mão.

A outra mão estava entrelaçada na dele sentindo o seu calor e carinho, sim, era impossível isso vir a acontecer, mas eu ainda o amava dito isso começou a aparecer uma lágrima no canto do olho pensando nele.

Quando tentei voltar ao sonho, no meio dele apareceu alguém... o ursinho, sim, ele estava lá não cantando, apenas especado olhando para nós. Decidi que era estranho demais e então levantei-me ainda ouvindo alguém bater à porta. Pensei que quem quer que fosse devia estar com pressa, mas apesar de poder ser essa a realidade, essa pessoa ia esperar porque naquele momento a minha bexiga, já não estava mais aguentando.

Dirigi-me à casa de banho fazendo xixi e por fim ao sair de lá já não, ouvia alguém bater á porta, mas mesmo assim atrevi-me a abrir a porta e ver se tinha alguém do lado de fora, e qual a minha surpresa, quando vi o ursinho com a bolsa da guitarra ao seu ombro e a sua irmã do lado.
Ambos estavam com grandes sorrisos ao ver-me, já eu estava sem saber o que pensar. Primeiro devido ao sonho ele ter aparecido ali no meio significaria algo, tipo um sinal ou premonição, teria eu ouvido a voz dele, enquanto ele batia à porta e o meu cérebro, tinha retido aquela ideia ou apenas seria uma simples e rara coincidência? Coisa que eu nunca acreditava ser possível (coincidências).

Fui recebida com um enorme e caloroso abraço apertado primeiro dele, depois dela. Ainda me perguntava como eles sabiam onde eu vivia, pois, nós não falávamos muito devido às turnês ou até aos ensaios para castings para filmes, devido a isso eles, naquele caso ele apenas sabia a minha anterior morada e como ele tinha um problema de memória seria estranho ele se lembrar, mas mesmo assim não explicaria como ele sabia a minha morada atual.

Ao vê-lo percebi que ele parecia mais crescido e mais maduro. Sabia que algo tinha mudado ao longo do tempo, as suas músicas já não eram mais tristes. Provavelmente a irmã dele teve grande papel nisso, pois ela estava sempre ao seu lado o apoiando.

O meu melhor amigo chamado ursinho Onde histórias criam vida. Descubra agora