Chorei não de tristeza, sim, de felicidade e um pouco de saudades deles. O que eu sempre via em cada foto era o sorriso dele, do ursinho, um sorriso que antes mesmo de eu ter visto pessoalmente já me prendia de certa forma. Senti-me patética ao lembrar que no início minha irmã tinha me mostrado uma foto dele e a roupa me tinha feito lembrar um modista ou estilista e algo não me tinha cativado, eu lhe tinha dito que ele não fazia o meu gênero. Também na altura eu não estava bem, estava irritada porque tinha tido um dia mau eu achava.
Mas depois que fomos falando trocando mensagens eu soube que ele tinha um problema de memória e que a sua namorada tinha acabado com ele e com o pouco tempo de falarmos eu percebi o quanto ele era incrível e especial. Era como se eu sempre tivesse sentido algo que não sabia explicar, um carinho diferente, mas que devido à distância eu não podia simplesmente deixar ele crescer. Tudo nele sempre me tinha prendido, o seu olhar, riso, sorriso, também os seus abdominais, mas não o mais importante.
A sua voz, que não vou ser hipócrita ou desonesta e dizer que era perfeita, porque não era, ele às vezes desafinava, mas eu amava a voz dele, o que me faz lembrar que quando eu estava feliz sempre queria compartilhar essa felicidade, um dia eu estava feliz e comecei vendo vídeos no YouTube de dublagem de basicamente comédia com animais, e era ele o dublador, as vozes que ele fazia de diferentes tons para cada animal, a voz dele era simplesmente algo que me prendia, estava eu naquele dia no sofá com os meus pais esperando a novela começar, quando eu mostrei para a minha mãe, o vídeo e disse que tinha sido um amigo de um grupo de WhatsApp que tinha dublado. Claro que ela se perguntou se era mesmo ele ou podia ser alguém se fazendo passar por ele, fiquei até irritada de início porque não queria acreditar que ela estivesse duvidando de ele ser quem era, mas depois entendi que era apenas preocupação da parte dela.
As fotos daquele álbum eram instantâneas, fiquei pensando em tudo e me emocionei ao ver que tínhamos passado bons tempos.
Mais tarde vi que o ursinho, tinha postado algo no seu status de Instagram, um link de uma aplicação de mensagens anônimas e mandei-lhe uma mensagem " Tive um comportamento infantil e até desadequado com você, mas eu ouvi algo que espero que tenha sido real... " Não sabia se ele ia ou não entender se era eu, mais tarde naquele dia ele publicou a mensagem com uma resposta, " Acho que sei quem escreveu, se for quem eu penso você ouviu bem ". Apesar daquela confirmação eu ainda não queria acreditar e me magoar.
Meses depois
Estava na cama, toda enroladinha no meu cobertor, pois já era praticamente Natal e como eu vivia nos Açores era muito mais frio naquela altura em comparação com o Brasil. Passávamos os dias mal falando devido às turnés e naquele caso mais aos filmes que ele estava fazendo, mas mesmo assim sempre falávamos, sim, eu às vezes ficava irritada por não poder estar sempre falando, sei lá tipo de minuto a minuto com eles, talvez isso fosse até um pouco demais. Mas às vezes até era pior quando eu estava mais carente eu sentia demasiada necessidade de atenção e até me tornava um pouco dramática.
Sempre me achava chata e até lhe cheguei a mencionar isso algumas vezes e ele sempre dizia que eu não era chata, ele dizia aquilo com sua vozinha tão querida.
Eu estava então enrolada num cobertor vendo na TV, o filme " Sempre que te vejo". Um filme romântico, que retrata superação, e com um chá de cidreira na mão, eu estava basicamente chorando " baba e ranho " vendo o filme, quando alguém bateu à porta. Como é óbvio não me estava a apetecer sair da cama, do meu quentinho, estava com três pares de meias e um cobertor só para verem como sou friorenta. Mas lá me mexi, levei o cobertor e o chá descendo as escadas, como o cobertor não era demasiado comprido eu não tinha que ter cuidado para não tropeçar nele.
Mal cheguei lá abaixo e abri a porta, não esperando o que ia ver, com uma roupa mais apropriada e quentinha para o inverno, logo que abri a porta eu os vi e não consegui evitar me agarrar literalmente a ele, logo Inês estava também abraçada a nós e eu já tinha deixado o meu cobertor cair. Senti o frio me arrepiar, frio esse que entrava pela porta que ainda estava aberta, mas não me importei, estava com saudades e aquele abraço era o melhor e mais acolhedor do mundo.
— Amiga como você está, os seus olhos estão vermelhos?— perguntou Inês parecendo preocupada comigo.
— Nada de mais amiga, eu estou bem, estou feliz por vos ver — eu disse não querendo me separar deles.
— Pára de menosprezar, fala o que se passa — lá disse ela autoritária e mandona.
— Pronto, estava vendo um filme, satisfeita — eu disse rindo e envergonhada.
— Comédia romântica né, entendo você, eu sou assim também — disse ela me abraçando de novo.
— Sim, — eu disse abaixando o rosto.
— O que você está fazendo neste momento? — perguntou-me ela.
— Nada de mais porquê, não me diga que quer passear né com este frio sua louca? — perguntei quase não acreditando.
— Não amiga, eu deixei o bolinha no hotel e como não quero me afastar dele por muito tempo, podíamos ir ver um filme, neste frio sempre faz lembrar crepúsculo né — disse ela toda animada, quase pulando.
— O bolinha, o coelho, né? Você me conquistou já falando em crepúsculo, me deixa mudar de roupa — eu disse, mas naquele momento ela né puxou não me deixando pegar nada em casa, só tive tempo de pousar o meu chá em cima da mesinha.
— É sim, ela não o larga — disse o ursinho me respondendo à pergunta anterior. Senti um friozinho na barriga ouvindo a sua voz. (Falando em coelho, no final do álbum que ela me tinha enviado, tinha um espaço reservado só com apenas fotos dela e do coelho).
— E ia deixar porquê? Ele é o meu neném — dizia Inês se dirigindo para o carro e me levando junto. Entrei no carro e Inês daquela vez foi a conduzir até ao hotel. Passamos pela recepção e subimos de elevador até ao quarto 23 que era o quarto do ursinho, o dela ficava em frente.
— Amiga me deixa tratar do bolinha, já o levo para aí para junto de vocês — disse ela ao se dirigir para o seu quarto, coisa que não me convenceu muito devido ao seu sorrisinho.
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O meu melhor amigo chamado ursinho
Roman d'amour+ 18 Um clichê , com hot pelo meio ... Uma garota apaixonada pelo namorado , que não percebeu que ele estava mudando e se tornando mais frio , no dia do aniversário de 2 anos de namoro em vez de ele a surpreender ao dar o passo seguinte na relação...