Presentinho de natal 🎄

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Rogério

Acordo de manhã com o cheiro que sempre impregna a casa, laranja, o cheiro cítrico que vem de um ambientador. Carol o adora, aquele cheiro faz ela lembrar a casa da avó, o bolo favorito que ela sempre faz.

Ao olhar pela janela do quarto observo que pequenas partículas de gelo estão se formando e se aglomerando, formando neve.

Faz meses que estamos aqui, na Califórnia. Ela nunca teve a possibilidade de poder vir visitar os primos e acabei por realizar o seu sonho.

Ao olhar agora para o lado a vejo, o cabelo esparramado na cama, a camisa comprida minha toda bagunçada, um braço em cima do corpo do neném.

Ele devia estar no berço, mas não. Esse está vazio. Desde cedo ele não dorme tão cedo assim e ela acaba levando ele para o colchão. Tiramos o estrado da cama ficando apenas o colchão no chão para não haver a possibilidade de ele cair e se magoar.

Vejo o seu corpo de barriga para baixo com a sua pequena mão, agarrando um dedo dela. E ao olhar pequenas partes dos rostos de cada um, consigo notar o sorriso.

Toda a família está no hotel, quisemos fazer o casamento com toda a família. Sabia que ela queria ver neve, e até estava decepcionada por na meteorologia não haver indicação disso.
Mas ao que parece ela estava errada.

Devia estar ao seu lado, dormindo? Não, é dia de casamento eu não a devia estar vendo, mas não consigo evitar. É tão bom ver eles felizes, dormindo tranquilamente. Saio da cama, mal me mexendo para não fazer barulho e os acordar, mal ponho os pés no chão vejo uma bola de pelo se esfregar nas minhas pernas. Logo o pego com as minhas mãos.

— Shui— com o meu rosto perto da sua cabeça, após ter deixado um pequeno selinho no topo da mesma falo para Magi.

Nossa bolinha de pêlo laranja. Uma gatinha que um dia após o trabalho, saindo debaixo do capô do carro lá estava ela. Gatos crescem depressa demais, ela era mini, muito pequenina e agora passado poucos meses está enorme.

Com ela no colo percorro o espaço que me divide da janela, ao chegar, a abro levemente, inspiro o ar da manhã, uma leve geada, um aroma a pinheiro e quando estico uma mão pequenos flocos de neve caem.

Sinto ar frio me arrepiar e logo me volto a afastar da janela. Quando num momento me viro, a melhor visão é me proporcionada. Lá está ela com os olhos abertos a sua mão sobre o cabelo de Roger e ela parece feliz.

— Ao que parece a meteorologia estava errada — digo, não sei se ela já percebeu mas lá fora está tudo branco, coberto de neve.

Ela não diz nada, ao me ver aproximar do colchão começa se levantando e após uma breve troca de olhares entre ele e eu vem até mim.

As suas mãos no meu pescoço são pausadas e logo ela se estica ficando em pontas dos pés, ela não precisa disso, somos praticamente da mesma altura, os seus lábios tocam os meus por breves segundos e vejo ela se afastar caminhar até à janela.

Eu por outro lado me sento no colchão ao lado do pequeno não o deixando sozinho nem por um momento, mas ainda assim consigo ver ela. Ver o seu corpo, inclinado para a frente, o vento batendo na camisa que não tapa os joelhos. Não vejo o seu sorriso, mas logo que ela voltar tenho a certeza que o verei.

Noto que ela fica uns momentos na janela provavelmente observando como está lá fora, agora me viro para Roger, vendo o seu corpo se remexer, agora o seu dedo está na minha mão e não na dela, me atrevo a percorrer com a ponta do dedo a pele macia do seu rosto e quase babo vendo o sorriso que parece brotar no mesmo.

O meu melhor amigo chamado ursinho Onde histórias criam vida. Descubra agora