O meu melhor amigo chamado ursinho

✤ Capítulo 8 ✤

Mas eu tinha de fazer alguns sacrifícios, já que eles estavam ali a ver-me, a ajudar-me a sentir-me melhor.

— Pronto acho que agora podemos focar nos sapatos, vamos ver se você consegue andar — disse ela pegando as minhas mãos e fazendo-me levantar.

— Não sei se será a melhor ideia amiga, se eu cair diante de todos será um vexame, não só para mim como para você — eu disse sendo realista e baixando o rosto.

— Qual vexame, qual quê, nós estaremos lá e não deixaremos isso acontecer amiga — disse ela tentando convencer-me.

Comecei a pôr um pé na frente do outro devagar, os meus pés ainda não se tinham acostumado ao aperto causado pelos sapatos, mas eu tinha de continuar. Parecia que os meus pés eram desengonçados que se podiam partir facilmente a qualquer momento, mas não, era apenas pouca experiência.

Eu não tinha caído ainda o que até era um bom sinal. Pouco tempo depois ao levantar o olhar do chão pela primeira vez, vi o ursinho passar, ele estava diferente algo nele transmitia algo diferente, ele tinha uma t-shirt com um logo de uma banda os, AC/DC e uns calções com bolsos, o seu cabelo parecia que tinha demasiado gel, algo que me fez lembrar que uma amiga minha de infância dizia que quando as pessoas tinham o cabelo assim parecia que tinham sido " lambidas por uma vaca" e com isso eu não aguentei o meu riso e com o riso e eu começar a andar desequilibrei-me nos sapatos e acabei caindo de bumbum no chão.

Claro que Inês não segurou o riso tal como eu, já o irmão dela tentou colocar a mão à frente tentando não demonstrar o quanto se estava divertindo com a situação, mas no fim ele a destapou e veio-me ajudar junto com Inês a levantar-me, naquele momento estávamos os três rindo, rimos por um tempo, sempre que algum tentava parar de rir, algum sempre ria mais o que fazia nenhum de nós literalmente pararmos.

Logo nos recompusemos e ela acabou de tratar da minha maquilhagem, lá me sentei de novo no sofá enquanto ela aplicava uma base nos meus olhos para que o pó colorido durasse mais tempo e depois foi fazendo riscos e contornos nos meus olhos, esfumando com um pincel colocando brilhantes e até o que parecia ser uma estrelinha no canto do olho. Depois foi a vez das minhas unhas, por sorte elas eram grandes e ela não aplicou gel apenas cor, um azul metálico. Passou a seguir gloss nos meus sábios e o pior foi quando ela quis tratar das minhas sobrancelhas era realmente doloroso.

— O macarrão está pronto — disse o ursinho da cozinha. Ela me tinha colocado gloss nos lábios e só naquele momento eu me lembrei que ainda não tinha comido, tentei descalçar os meus sapatos para ir comer e estar confortável, mas Inês me impediu dizendo que era bom eu treinar. Logo comemos e lá fomos para os últimos retoques.

Inês ainda nem estava vestida muito menos maquiada. Ela deu os últimos retoques na minha cara pondo iluminador no meu nariz.
Então estava na hora de nos vestirmos, subi as escadas daquela vez com os sapatos na mão esperando Inês não ver e me dar uma " bronca", primeiro fui à casa de banho fazer as minhas higienes pessoais e busquei no meu quarto a minha roupa interior um conjunto rendado preto, e mudei de roupa deixando a minha anterior roupa em cima da cama ficando apenas em roupa interior.

Logo quando cheguei ao início das escadas, calcei os sapatos, sentindo-me desconfortável de novo, para Inês não reparar que eu os tinha descalçado e comecei a descer as escadas. Esqueci-me de que aquele apartamento era meu, mas que eu não estava sozinha e lá estava eu no meio das escadas de calcinha, sutiã e saltos, claro, diante de um garoto chamado ursinho que eu não via à muito tempo, quer dizer nunca tinha visto pessoalmente e ele parecia perplexo ou um tanto embasbacado por me ver  daquela forma.

— Hey vai ficar aí parada ou se vestir ainda tenho que acabar os últimos retoques — ouvi Inês dizer ou nesse caso perguntar para mim, ainda me perguntava para quê tanta maquilhagem. Logo coloquei o vestido sentindo-me picar aquelas lantejoulas, não tinha sido a melhor escolha, mas eu tinha de aguentar.