✤ Capítulo 16 ✤

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Então nós saímos das nossas redes e fomos até casa, o meu pai estava já na mesa e a minha mãe também, eu me sentei na cabeceira e Inês e o ursinho de cada um dos lados, a Inês do lado da minha mãe e o ursinho do lado do meu pai. Em cima da mesa como eu imaginei tinha um tacho enorme com alcatra, só não sabia como a minha mãe tinha tido tempo para fazê-la já que ela não sabia que nós íamos e ela tem de ser feita com antecedência.

—  Mãe, como a senhora fez a comida, você sabia que nós vínhamos?—  perguntei já usando o você, pois eu já tinha a cultura brasileira muito enraizada em mim.

—  Sim um passarinho me contou —  disse ela rindo

—  Esse passarinho foi você, Inês?—  perguntei para ela.

— Não foi ela, fui eu, meu bem  —  disse o ursinho.

—  Filha, devia usar mais o tu em vez do você —  disse a minha mãe, eu pensei que ela não tinha reparado, mas na realidade ela tinha reparado nisso. 

—  Eu sei mãe, é apenas o costume só —  eu disse. Depois disso nós começamos comendo, ensinei eles a roer basicamente os ossos que é a melhor parte, o meu pai me avisou que não era uma vaca brava por isso não havia perigo, logo me senti um pouco burra por ter tido um pouquinho de medo e claro que a minha mãe disse que mesmo assim ela nos podia ter atacado.

Depois cheios e empanturrados, nos despedimos dos meus pais e voltamos para o hotel deles onde ficamos horas na cama conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, faltava pouquíssimo tempo para eles irem embora. Dei por mim observando o ursinho por uns últimos instantes sabendo que poderia levar muito tempo até nos voltarmos a ver, esperava que fosse pouco, senti que nos meus olhos se estavam formando lágrimas e corri para a casa de banho tentando que eles não vissem eu chorar. Mas logo Inês estava lá com ele me abraçando e fazendo carinho, nós não dissemos nada, apenas ficámos ali abraçados.

Quando deu 3 da manhã os levei até ao aeroporto, pois eles partiriam quando fosse 4 e pouco da manhã, ao chegar lá e já dentro do aeroporto fiquei não sei quanto tempo abraçada a eles, até ver eles irem para o portão de embarque, depois disso me dirigi até ao vidro e fiquei observando o avião descolar. Eu estava colada naquele vidro sem saber o que fazer, o que seria de mim sem eles ali eu só sabia chorar e pensar que iria ficar sozinha de novo. Fiquei horas naquele aeroporto talvez em negação esperando eles aparecerem e me abraçarem, mas isso não aconteceu. Voltei para casa horas depois e fui até ao meu quarto me atirando para cima da cama e ficando lá por um bom bocado.

Passei dias como antes eu tinha passado, neste caso três dias que pedi do meu trabalho dizendo que não me sentia bem, usei uma desculpa meia esfarrapada, e disse que tinha mono, sim gente mono a doença de crepúsculo foi isso mesmo que eu disse, após pedir uns dias do trabalho que até o meu patrão disse que podiam ser mais pois eu nunca tirava férias, verdade nem vos contei sobre mim que cabeça a minha.
Me chamo Carolina, Carol para os amigos, vampirinha só numa excepção.

Tenho 28 anos, 1, 65, cabelo castanho marrom, olhos castanhos e um corpo que muitos invejavam pk eu nunca engordo, trabalho num café como garçonete um trabalho que realmente eu gosto.

Continuando depois de ter pedido uns dias do trabalho eu fui ao supermercado e ao me lembrar de Inês comprei de tudo o que era guloseimas e as coloquei na minha mesinha de cabeceira para sempre que visse filmes, clichês eu pudesse sofrer e deprimir, mas com chocolate no estômago. E foi assim durante aproximadamente um mês eu via comédias românticas, e depois me olhava no espelho me perguntando o que Natacha tinha a mais que eu talvez ela tivesse mais peito ou mais bumbum eu sempre pensava, mas ao me lembrar do olhar de Paul e a forma que ele a tratava e até a mim naquele dia eu duvidei se eu tinha estado errada e se ele era aquela pessoa fria e tinha sido sempre e eu não tinha visto.

Mas mesmo assim eu estava  praticamente sozinha tirando as poucas vezes que Inês me tinha ligado para perguntar como eu estava, mas eles andavam ocupados não tinham muito tempo e eu sempre fingia estar bem.

Dias antes ( nos três dias em que fiquei em casa )

Estava eu na cama, já sentindo saudades, tinha passado poucos dias desde que eles tinha ido embora e eu já sentia saudades, eles eram como os pilares que me sustentavam. Decidi ligar para Inês, precisava ouvir a voz de alguém familiar, peguei o meu celular rolei para baixo até encontrar o seu contacto " Inês amiga" e liguei.

—  Oi amiga, como vai as coisas por aí?—  perguntou ela ao atender o celular, no fundo se ouviam o que parecia uma multidão e a voz do ursinho no fundo cantando.

—  Estou bem, apenas com saudades —  eu disse me sentindo melancólica. Tinha realmente muitas saudades deles.

—  Desculpa amiga, mas eu tenho de desligar estão me chamando, fico feliz que você esteja bem, antes de desligar me responde a uma coisa, você sabe do perfume do meu irmão? —  perguntou ela.

—  Não amiga, não faço a menor ideia —  eu disse, mas não estava sendo totalmente honesta.

—  É que era o perfume favorito dele, tinha sido uma tia que lhe tinha oferecido... mas deixa lá ele deve ter perdido —  disse ela por fim.

—  Lamento imenso —  eu disse parecendo desapontada, mas não era a realidade, eu tinha o perfume dele na minha mão e o estava cheirando naquele momento. Logo ela desligou sem dizer mais nada. Sim eu não devia ter roubado o perfume dele, mas sentia que precisava de algo que me fizesse lembrar dele, então antes de eles terem viajado, à noite eu fui à mala dele e encontrei o seu perfume e basicamente eu o roubei para mim e desde que eles tinham viajado todas as noites eu o cheirava, para me sentir mais próxima deles, naquele  caso dele.

Eu só o cheirava, retirava a tampa do seu perfume e sentia o cheiro, era como se eu não quisesse que o perfume se esgotasse.

Tempo depois

Cheguei do trabalho, como eu disse eu trabalhava num café servindo às mesas, pus a chave à porta e quando entrei reparei num envelope grande amarelo daqueles das encomendas. Às vezes uma amiga passava lá por casa quando eu estava trabalhando e dava um jeitinho na casa, era óbvio que ela teria recebido o meu correio e deixado em cima da mesinha.
Me dirigi até ao envelope e o peguei, o sentindo pesado, logo o abri e me deparei com um álbum de fotos, ele era azul e preto duas cores que eu e ele sempre adoramos, na capa continha uma foto de nós três abraçados parecendo felizes e em letras douradas a palavra " Recordações".

Subi as escadas e abri o meu quarto, logo me sentando na cama e abri o álbum, aquele álbum estava repleto de fotos nossas, dos momentos mais incríveis que tínhamos passado, os nossos sorrisos estampados nos nossos rostos, fotos que eu nem tinha notado que ela tinha tirado, fotos em que eu tinha um sorriso genuíno, porque às vezes quando eu tirava fotos sempre ficava com um sorriso estranho, quase forçado, naquele caso não, eu estava feliz.

Vi uma foto de eu no topo da aranha feliz, algumas fotos dos nossos passeios. Eu encontrei uma foto que eu nem sabia como ela tinha tirado, eu no meio das escadas de roupa interior e o irmão dela lá especado me olhando. Tinha outra que estava meio tremida ( desfocada)e era impossível devido ao ângulo ter sido ela a tirar, essa foto tinha sido na altura em que Paul me tinha virado o copo em cima de mim, as pontas do meu cabelo pareciam mesmo esvoaçar.

Aquelas fotos me fizeram lembrar três coisas ou momentos. O momento em que eu tinha sido patética e implorado por sexo ao ursinho e por conseguinte ele me tinha falado aquelas coisas bonitas que eram boas de mais para ser verdade. 

O momento em que eu percebi no meio daquela discoteca que Paul era diferente do que eu pensava, sim apesar de eu ter bebido um pouco demais eu tinha visto algo nele diferente, fiquei na dúvida se tinha sido apenas o álcool a fazer me pensar nisso e devido a isso perguntei para Inês que por sua vez perguntou para o seu irmão pois também não acreditava cegamente em si porque ela também tinha bebido e ele por não ter bebido nos deu a sua opinião que era a mesma que a nossa por isso sim ele não era definitivamente a pessoa por quem me apaixonei ou mesmo a pessoa que tinha terminado comigo dias antes daquela noite.

E por fim o momento em que ele cantou ali diante nós na cidade, aquele sorriso que iluminava tudo, o nosso ursinho cantor.

O meu melhor amigo chamado ursinho Onde histórias criam vida. Descubra agora