✤ Capítulo 13 ✤

124 28 34
                                    

Inês logo nos abandonou, devia ter ido mudar de roupa, julgava eu. Estava eu no sofá assistindo um filme da Barbie nem fazia a mínima ideia qual, tentando não prestar atenção àquela tentação, que como é óbvio era o irmão dela, o ursinho, o qual logo saiu da cozinha caminhando devagar ou na minha mente parecia que estava andando calmamente em câmara lenta, com o recipiente que continha as pipocas dentro.

Pedia mentalmente que Inês voltasse o mais depressa possível pois eu não sabia se iria aguentar não reagir, se eu não aguentasse poderia voltar a me humilhar basicamente aos seus pés como na noite anterior e isso só faria, as pessoas nesse caso eu, ficar desanimada com uma provável e certa rejeição. Inês como que por magia, apareceu como que lendo a minha mente e me salvando dos meus pensamentos pecaminosos ou naquele caso, os pensamentos que poderiam advir se ela não tivesse aparecido.

Ela vinha com uma camisa de dormir demasiado curta rendada e um pouco transparente, ela era muito descolada, quando ela apareceu ela trouxe algo que me fez mudar o meu foco, ela trazia guloseimas, as que tinham restado do piquenique. Ela colocou os sacos e pacotes em cima da mesa e logo foi à cozinha e trouxe de lá taças onde começou colocando : numa gomas, noutra m&ms de amendoim e original combinados e por fim na última Doritos.

Começámos conversando eu e Inês enquanto víamos o filme mesmo não prestando muita atenção ao mesmo, nós estávamos numa ponta do sofá enquanto o ursinho estava na outra, ele estava vamos dizer bué descontraído, sentado de qualquer jeito, claro que devem se estar perguntando pelo coelho, sim ela não o abandonou, a gaiola dele estava no chão como eu disse anteriormente.

Num momento eu e Inês olhamos uma para a outra e quase que podíamos ler as nossas mentes, teríamos uma cobaia naquela noite e isso seria ótimo pois nos faria ter pensamentos normais. ( Calma não comecem já a esculachar me não é o coelho ) Ao nos olharmos nós rimos e depois olhamos para o ursinho que nos olhou quase como não entendo.

— Irmão você alinha em algo com a gente? — perguntou Inês para ele parecendo animada.

— Depende, você tem sempre ideias meio loucas — disse ele levantando uma sobrancelha como se estivesse desconfiado, mas o pior disso é que ele ficava lindo fazendo isso.

— Calma ursinho não é nada demais, vamos só brincar, você pode ser a nossa boneca?— perguntei vendo a expressão dele mudar para animação.

— Olha só me chamando de ursinho... — dizia ele se aproximando de nós e isso não era mesmo nada bom para nós, naquele caso para mim.

— Sim — eu disse abrindo um enorme sorriso e logo mudando de lugar com Inês me afastando um pouquinho dele. Sim era muito estranho eu amava Paul ou tinha amado, mas ver o ursinho ali me fez lembrar o passado e do que em tempos eu senti por ele, logo fez eu me sentir atraída e tentar a todo o custo fugir dele, pois eu não o ia magoar.

Inês olhou estranha para mim, mas logo se virou para o cabelo dele e o começou desgrenhado, ele ficava lindo assim com o cabelo despenteado, mas eu tinha de tirar aquele pensamento da minha mente e prosseguir. Inês começou a pegar em pedaços do cabelo dele e fazendo trancinhas, no fim ela as amarrou com elásticos coloridos os quais eu nem tinha visto ela trazer. 

Perto de mim entre o sofá eu vi elásticos e molas do cabelo, comecei pegando algumas molas e colocando no seu cabelo também. Senti que faltava algo e peguei as minhas maquiagens, blush para as bochechas e cores azuis e verdes nos seus olhos com um pincel e depois já cansada do pincel eu apenas aplicava com o dedo. 

Retirei de seguida um dos vernizes / esmaltes de cima da mesa e peguei a sua mão começando a pintar uma unha de rosa, logo coloquei o verniz aberto em cima da mesa e peguei o azul pintando a unha seguinte e logo depois de pintada fiz o mesmo colocando o verniz em cima da mesa e retirei o roxo e pintei a unha seguinte.

Ao dar um pequeno toque na mesa da sala eu acabei entornando um verniz, naquele caso o azul em cima da sua blusa. Logo ele retirou a blusa ali diante nós dizendo que estava com calor e aquilo não foi definitivamente nada bom para mim, mas eu tentei focar no seu cabelo e não nos seus abdominais.

Passado um tempo ele estava lindo cheio de cores diferentes na cara, elásticos com cores variadas nas trancinhas e só faltava mesmo um batom naquele caso rosa baby, ao me aproximar para colocar o batom nos seus lábios eu percebi o quanto eles eram lindos e eu os queria beijar mesmo sabendo que não o ia fazer, pois eu sabia o quanto ele tinha sofrido no término do seu namoro, os vídeos, as publicações tristes, eu sofri junto com ele, pois ele era um dos meus melhores amigos. Uma das minhas melhores amigas dizia que nós éramos um anjo na vida um do outro. 

— Satisfeitas mocinhas?— perguntou ele rindo e provavelmente cansado.

— Sim muito — eu respondi rindo olhando para ele. Naquele mesmo instante um celular tocou e não era o meu, logo Inês se levantou e pegou o celular que estava aparentemente na cozinha, a voz dela parecia animada, deduzi que iria demorar por isso pensei ter uma abertura para fugir daquele filme incrivelmente maçador e não só. Me encaminhei lentamente para as escadas, logo as subindo e indo direto para o meu quarto, a janela estava com as persianas levantadas o que dava para ver a rua e naquela noite estava uma incrível noite de lua cheia, uma lua muito brilhante.

Abri um pouco a janela, sentindo a brisa da noite no meu corpo, o cheiro a orvalho, o barulho de grilos cantando, fiquei olhando aquela lua, algo que sempre me fazia acreditar no impossível e sempre me fazia pedir um desejo e eu sabia o que ia desejar...

Senti alguém se aproximar de mim e sabia por instinto que era ele.

— Hey, vendo a lua?— perguntou ele perto de mim, fazendo o meu corpo arrepiar.

— Sim — eu disse, estava triste apesar de tê-los ali e de poder ter ou sentir uma atração por ele, eu tinha um passado recente Paul que me fez ficar triste e deitar umas lágrimas ao ver a lua e pensar no que tínhamos passado.

— Você pede desejos para ela? — perguntou ele, como se ele me conhecesse desde sempre.

— Sim, acabei de pedir um... — eu disse sentindo a minha voz sair abafada devido ao choro que eu não tinha aguentado. Era verdade eu tinha pedido um desejo.

— Hey tá tudo bem, você é forte e vai superar isso e eu estarei aqui ajudando você mesmo que seja à distância — disse ele me tentando reconfortar, ao fazer carinho com a sua mão nas minhas costas. Com isso ele me fez lembrar que era isso que eu tinha feito anteriormente com ele o ajudado dizendo palavras semelhantes mesmo que no início parecece não fazer efeito.

— Obrigada por você não ter desistido de mim nunca — eu lhe disse me referindo mais ao passado.

— Nunca o faria nem farei — ele respondeu. Logo eu me virei para ele e vi uma lágrima escorrer do seu rosto também e eu não entendi o porquê disso. Ele já não estava sem camisa, o que foi melhor para mim.

— Estou com fome — foi a única coisa que eu soube dizer e era verdade eu estava com fome.

— Vou preparar alguma coisa para você comer — disse ele se encaminhando para fora do quarto, mas ao chegar à porta ele parou se virando para mim dizendo : — Não vem?

— Vou sim — eu disse me encaminhando naquele mesmo instante atenciosamente atrás dele.

Logo descemos as escadas e fomos até à cozinha, Inês ainda falava toda animada com alguém ao celular e parecia não dar pela nossa presença.

O meu melhor amigo chamado ursinho Onde histórias criam vida. Descubra agora