✤ Capítulo 3 ✤

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Deduzi que ele devia ter superado e até aceitado que a culpa de ela(a sua ex) o ter deixado ou terminado o namoro não era dele nem do seu problema de memória. Por um momento fiquei feliz ao ver isso nele, ele bem e feliz, mas eu naquele caso não estava, custava-me a sair da cama ou mesmo a ter vontade para algo.

— Amiga que se passa, que houve, você não me parece bem? — perguntou-me Inês, olhando o meu rosto e abraçando-me a seguir.

— Nada amiga, está tudo bem... — eu disse, mas a minha voz e as minhas lágrimas denunciavam-me. Apeguei-me àquele abraço e deixei as minhas lágrimas rolarem.

— Amiga, não mente para mim, foi o Paul não foi? Ele fez algo a você? — perguntou Inês separando-se de mim e logo segurando o meu rosto com as suas mãos.

— Ele... ele terminou comigo... disse que tínhamos pontos diferentes..., mas eu ouvi uma voz no fundo, lhe chamando de amor, diz que eu não estou louca por favor — eu disse chorando e logo abraçando fortemente Inês, ela era uma amiga e eu estava precisando dela, naquele momento.

— Você não está louca ouviu, ele é um babaca, sim, entende um babaca você merece muito melhor — disse ela colocando as mãos no meu rosto, eu ainda chorava, era muito recente, sempre que eu pensava nele ficava assim.

— Ela tem razão, mas você sabe que nunca deve desejar o mal a ele né, sabe isso?— perguntou o ursinho se virando para nós.

— Ah pára, meu irmão essa "lenga lenga"de que não devemos desejar o mal para as pessoas que nos fizeram mal já era, ela tem mesmo é de aproveitar a vida né amiga. Você pode xingar ele à vontade, nós não contamos para ninguém — disse Inês respondendo tanto para mim como para o irmão. Sim, o irmão dela era assim ele nunca queria o mal de ninguém por isso eu adorava aquele garoto. Mas fiquei curiosa em relação a ela ter dito que eu precisava aproveitar a vida.

— Não preciso aproveitar a vida, eu estou bem, só preciso descansar — disse tanto para ela, como para o irmão dela. Era a verdade eu só queria ficar naquele quarto e chorar até voltar a adormecer.

— À não, não, não, não amiga, acha que vou deixar você ficar nesse quarto trancada chorando por um besta que não sabe aproveitar você, nada disso — disse ela parecendo toda empolgada.

— Vou sim, deixem-me por favor — eu disse num tom meio irritada meio autoritária.

— Acha que eu tenho medo de você é mesmo sua anta, desculpa a expressão, mas é o que você é, você se lembra de um dia ter dito para o meu irmão que se ele viesse visitar você, ele não ia ficar trancado no hotel, então você vai deixar nós dois sozinhos sem conhecer ninguém aqui é mesmo? — perguntou ela. Claro era óbvio que ela tinha que usar um argumento tão baixo para me convencer. Mas ela tinha razão, eu tinha dito isso um dia.

— Pronto, pronto, ganhou satisfeita? — eu perguntei usando todo o meu tom de ironia. Eu não estava minimamente feliz por ir sair naquele momento.

— Mais animação garota pelo amor de Deus, você já comeu, já tomou duche fez alguma coisa de jeito? — perguntou ela para mim em tom sério.

Eu apenas abaixei o olhar para o chão lhe dizendo logo a seguir: — Não tenho fome...

— Sim, sim, não tem fome, já sei, vá já para o banheiro tomar um duche, que eu vou arranjar roupas, alguma coisa de jeito que você tenha neste roupeiro — disse ela se virando para a salinha onde ficava o roupeiro.

Fiz o que ela mandou sem hesitar, estava cansada demais para discutir, a casa de banho ficava mesmo ali ao lado, dentro daquele quarto, abri a porta, retirei apenas o meu robe o colocando em cima da sanita e entrei naquele duche. Liguei a água e fiquei sentindo ela correr pelo meu corpo esperando ter tempo para tomar um duche relaxado. Mas não foi isso que aconteceu, logo ouvi a voz de Inês balbuciando algo e logo de seguida as palavras "você gosta de sushi?". Não entendi a pergunta e mesmo que eu gritasse era provável que ela não ouvisse por causa do barulho da água correndo.

Eu até gostava de sushi, era algo que eu tinha experimentado e até gostado. Ela estaria pensando em encomendar comida? — perguntei para mim mesma. Com aquela pergunta eu apressei-me, ensaboei-me, passei por água e por fim me limpei saindo do duche, coloquei uma toalha na cabeça enrolando o meu longo cabelo marrom e uma outra no meu corpo e dirigi-me ao meu quarto, ao chegar lá, mal abrindo a porta que me separava do quarto, eu não queria acreditar no que estava vendo a minha linda cama toda cheia de roupa e mesmo assim Inês parecia irritada.

— Amiga, você não me disse que estava assim tão mal o seu roupeiro — disse ela se virando para mim e colocando as mãos na cintura.

— Não está assim tão ruim — eu disse olhando todas as minhas roupas espalhadas por ali.

— Não está? Como você quer conquistar um gatinho se as suas roupas mal tem decote hen? — perguntou ela de novo olhando animada para mim.

— Não quero arranjar gatinho nenhum... — eu disse para ela já cansada da conversa.

— Tá certo, você vai levar este conjunto para nos mostrar a ilha, mas para a noite você vai levar alguma coisa minha — disse ela apontando para uma blusa azul, a única que eu tinha colocado no fundo do roupeiro porque tinha algum decote e eu achava um exagero, e uns calções de ganga.

— Sabe onde estão as especiarias? — naquele momento ouvi a voz do ursinho, quando me virei para encará-lo ele estava um tanto vermelho me olhando, mais uma das coisas que eu amava nele era a timidez, isso fazia ele parecer um pouco tonto.

— Segundo armário à direita — eu disse respondendo a pergunta dele com um pequeno sorrisinho. Ele logo foi embora e eu e Inês nos entre olhamos, logo desatando á risada.
— Ele é um bom moço você sabe né?— perguntou Inês para mim me passando, um conjunto de roupa interior.

— O seu irmão, né? — eu perguntei me fazendo desentendida.

— Claro sua tonta, quem mais havia de ser? — perguntou ela rindo e dando um toque no meu ombro.

— Claro que sei, ele já superou né? — perguntei para ela, me referindo ao término do namoro dele.

— Parece que sim, as músicas dele já são mais animadas e tudo, você já reparou, o problema é... — informou-me ela.

O meu melhor amigo chamado ursinho Onde histórias criam vida. Descubra agora