39_ Trato de consolo...

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Caminhamos lado a lado, logo depois de sairmos de fininho de casa para evitar acordar a minha mãe. O ar lá fora estava fresco, o dia um pouco nublado, mas nada fora do comum.
Porém, estávamos em silêncio... E pela personalidade de gato laranja do Jhonatan, o silêncio sempre era algo anormal.

– então... – desviei o olhar da calçada para encarar seus olhos. – qual foi o motivo em detalhes de você ter vindo?

No começo aquilo era só pra puxar assunto, até lembrar que se tratava do seu pai perigoso e família medonha – me senti meio constrangida por ter perguntado.

– meu pai. – falou, mas parecia despreocupado. – eu não tinha dito isso antes?

Mas.. já que já perguntei..

– sim, exatamente. Você disse isso antes... – parei de andar e segurei sua jaqueta de couro. – ... Eu quero detalhes.

Jhonatan abriu um sorriso no rosto e virou o corpo para mim.

– eu posso te contar enquanto andamos?

Aquela frase me fez lembrar do quão atrasado nós estamos.

– ah, sim.. Claro.– falei, acompanhando seus passos. – e então?

Ele estranhamente parecia pensar em como juntar melhor as palavras antes de dizer alguma coisa – preocupante pela personalidade impulsiva e sincera dele.

– o velho normalmente está envolvido com coisas que eu não curto muito.– falou, olhando pra frente. – e odeio quando tenta me obrigar a seguir seus passos sujos, isso resulta em discussões.

Terminou falando isso.
A sua voz era meio arrastada mas ele queria fazer parecer normal, só que, para mim, sua postura estava bastante tensa.

– entendi... – suspirei depois de dizer isso, pensando em como consolar. – mas...

– bom, ninguém escolhe os parentes, não é?– sorriu.

– eu acho que sim.

– nada vai mudar o fato de eu ter saído das bolas daquele cara, nem mesmo essas brigas mesquinhas.

Comecei a rir pela sua expressão sincera dizendo aquilo. É estranho, mas as palavras sempre brincavam nos lábios dele, ele fazia tudo parecer uma brincadeira.

– talvez você já tenha percebido, talvez percebido até antes de eu perceber, mas... – ele bufou. – eu sempre procurei o afeto que eu não recebia da família em outras pessoas, no caso, garotas.

Aquela parte pareceu séria, e fazia sentido. Jhonatan age como um tarado por falta de afeto... Como eu nunca tinha pensado nisso?

– tudo resultou em sexo.– terminou.

– eu não acho que tenha aprendido muito sobre afeto. – confessei e abri um sorriso no rosto.

– eu também não acho.

Ele era forte. Agora eu vejo que ele precisou de carinho, e mesmo que não recebesse da melhor forma, ele parece inabalável.
Eu admiro a personalidade forte que ele tem, mas... As pessoas com personalidades fortes são aquelas que sofreram muito – pelo menos é oque eu acho.

Meu melhor amigo imaginarioOnde histórias criam vida. Descubra agora