Caminhamos lado a lado, logo depois de sairmos de fininho de casa para evitar acordar a minha mãe. O ar lá fora estava fresco, o dia um pouco nublado, mas nada fora do comum.
Porém, estávamos em silêncio... E pela personalidade de gato laranja do Jhonatan, o silêncio sempre era algo anormal.– então... – desviei o olhar da calçada para encarar seus olhos. – qual foi o motivo em detalhes de você ter vindo?
No começo aquilo era só pra puxar assunto, até lembrar que se tratava do seu pai perigoso e família medonha – me senti meio constrangida por ter perguntado.
– meu pai. – falou, mas parecia despreocupado. – eu não tinha dito isso antes?
Mas.. já que já perguntei..
– sim, exatamente. Você disse isso antes... – parei de andar e segurei sua jaqueta de couro. – ... Eu quero detalhes.
Jhonatan abriu um sorriso no rosto e virou o corpo para mim.
– eu posso te contar enquanto andamos?
Aquela frase me fez lembrar do quão atrasado nós estamos.
– ah, sim.. Claro.– falei, acompanhando seus passos. – e então?
Ele estranhamente parecia pensar em como juntar melhor as palavras antes de dizer alguma coisa – preocupante pela personalidade impulsiva e sincera dele.
– o velho normalmente está envolvido com coisas que eu não curto muito.– falou, olhando pra frente. – e odeio quando tenta me obrigar a seguir seus passos sujos, isso resulta em discussões.
Terminou falando isso.
A sua voz era meio arrastada mas ele queria fazer parecer normal, só que, para mim, sua postura estava bastante tensa.– entendi... – suspirei depois de dizer isso, pensando em como consolar. – mas...
– bom, ninguém escolhe os parentes, não é?– sorriu.
– eu acho que sim.
– nada vai mudar o fato de eu ter saído das bolas daquele cara, nem mesmo essas brigas mesquinhas.
Comecei a rir pela sua expressão sincera dizendo aquilo. É estranho, mas as palavras sempre brincavam nos lábios dele, ele fazia tudo parecer uma brincadeira.
– talvez você já tenha percebido, talvez percebido até antes de eu perceber, mas... – ele bufou. – eu sempre procurei o afeto que eu não recebia da família em outras pessoas, no caso, garotas.
Aquela parte pareceu séria, e fazia sentido. Jhonatan age como um tarado por falta de afeto... Como eu nunca tinha pensado nisso?
– tudo resultou em sexo.– terminou.
– eu não acho que tenha aprendido muito sobre afeto. – confessei e abri um sorriso no rosto.
– eu também não acho.
Ele era forte. Agora eu vejo que ele precisou de carinho, e mesmo que não recebesse da melhor forma, ele parece inabalável.
Eu admiro a personalidade forte que ele tem, mas... As pessoas com personalidades fortes são aquelas que sofreram muito – pelo menos é oque eu acho.
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Meu melhor amigo imaginario
Fantasy"As pessoas são passageiras, e passam por nossas vidas. Ciclos se encerram, e isso dói. Mas é o certo a ser feito." É isso que as pessoas normalmente dizem por aí. São palavras que aguçam a minha curiosidade. Pois, eu nunca senti essa dor da perda...