24_ Domingos mexem com a mente..

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Já era de manhã. Uma manhã de domingo, daquelas que ninguém gosta, pelo simples fato de ser domingo.

As cortinas estavam fechadas e o quarto escuro, mas provavelmente o sol já tinha nascido.
Me levantei e fui até o banheiro, me olhei no espelho e decidi tomar banho.
Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, eu só pensava no que fazer hoje, mas não achei nenhuma atividade que me agrade.
Sai debaixo do chuveiro e enrolei uma toalha na cabeça, troquei de roupa e pentiei o cabelo.
Voltei a me olhar no espelho, passei creme facial e assim que me cansei de encarar o meu reflexo, sai dali.
Abro a cortina e arrumo a minha cama. Desço as escadas e vejo minha mãe sentada no sofá com um jornal em mãos. Vou até a cozinha e pego biscoitos e suco.

Nay- bom dia, senhora.

Ela me olha de relance com um sorriso meigo no rosto.

Mãe- bom dia, anjinho.

Me sento ao seu lado e uso seu ombro de escória. Respiro fundo vendo aquelas mil palavras naquele pedaço de papel.
As pessoas realmente gostam de jornais?

Mãe- como foi o seu passeio ontem?– me pergunta tranquila.

Nay- não foi tão ruim quanto eu esperava.– admiti.

Talvez eu devesse ler.. Pelo menos até pensar em algo bom para fazer. Os livros são uma janela de escape do mundo real, principalmente quando você se dedica na leitura.
Me levantei dali e dei um beijo na sua testa.

Nay- tenha um bom dia.

Ela sorri e passa a mão na minha nuca, acariciando meu cabelo.
Deixo o copo na pia e caminhei até as escadas.

Mãe- antes de ir, saiba que eu apoio vocês dois.– admitiu.

Parei de andar e olhei para trás.
Ela realmente não sabe quem é Jhonatan..

Nay- você diz isso agora.– argumentei.

Mãe- porque? Ele é um doce!– defende.

Nay- não, ele não é um doce. Ele é um cara preguiçoso, debochado, abusado, e muito convencido. Além de.. só pensar com a cabeça de baixo.– expliquei encarando ela.

Ela gargalha e deixa o jornal de lado.

Mãe- entendi. Esses são os defeitos, mas, e as qualidades?

 Penso um pouco antes de dizer qualquer coisa. Sinto uma mão no meu ombro, dou um pulinho e disfarço o máximo possível o meu susto enquanto estou diante da minha mãe.
Porque diabos ele sempre aparece assim?

Nay- bem.. Ele é engraçado.– respondi.

Mãe- bonito.– completa.

Ela sorri e inclina a cabeça.
Me viro novamente para as escadas e começo a subi-las.

Mãe- vocês por acaso não estão namorando escondidos de mim, estão?

Ela não vai parar até saber tudo oque quer. Desci as escadas novamente e caminhei até ela, me sentei na cadeira próxima ao sofá, e Lucas, na poltrona.

Nay- oque te faz pensar assim?– perguntei com sarcasmo.

Mãe- eu pude ver o jeito como ele te olhava.

Nay- m-me olhava? Ele me olha como qualquer outra pessoa.– expliquei.

Minha mãe fez um barulho de negação.
Revirei os olhos e cruzei os braços.

Mãe- se olhasse, eu não teria percebido. O amor não pode ser ocultado.

Amor?!

Nay- domingos mexem com a cabeça dos outros...– murmurei.

Meu melhor amigo imaginarioOnde histórias criam vida. Descubra agora