Água.. Sim, eu sentia água nos meus pés. O problema? ela subia rapidamente até a minha cabeça. Tinha certeza que os meus olhos estavam abertos, mas mesmo assim, era como se estivessem fechados. Era escuro, sem nada, tão estranho que nem parecia real.
Isso certamente é só um pesadelo. Sim, só um pesadelo! Vai ficar tudo bem..
Eu não sentia os membros do meu corpo se moverem, mas eu sentia aquela maldita água me sufocando, como se eu estivesse presa. Mas como eu vim parar aqui? Só consigo sentir que era culpa minha estar me sentindo assim.. Era como se eu tivesse me prendido. Autosabotagem...
Mas não importa, é um sonho. Não é...?
Eu sentia os meus ossos vibrando, meu nariz completamente tampado e o meu pulmão ardendo, implorando por uma brecha de ar, por uma luz. Começo a gritar, pra que? Pra quem? Eu sentia os meus lábios secos rachando todas as vezes que eu abria a boca, consigo sentir as lágrimas vindo e virarem pequenas bolas que rolam pelo meu rosto.
É minha culpa estar aqui? eu me trouxe até aqui?
As pessoas normalmente se sabotam por uma causa, uma pessoa, um remorso, uma mentira.. Qual era a minha causa?
Escutei passos vagarosos, cada vez mais perto de mim. Alguém me disse: "abra os olhos." Mas eu tinha certeza que eles já estavam abertos, pra ser sincera, eu não tinha mais tanta certeza. Acreditava que estavam, mas talvez eu tivesse colocado isso na minha cabeça pra me sentir melhor, pra sentir que eu havia feito a minha parte, no meio de todo aquele pesadelo.
As pessoas também normalmente mentem pra si, para se sentirem melhor ou menos culpadas. E então, abri os meus olhos, e vi ele. Lucas estava de pé na minha frente, e parecia decepcionado, os seus olhos estavam tão apagados e sem vida, suas sobrancelhas baixas entregavam oque ele sentia, mas antes que eu pudesse falar... "por que..?" ele murmurou " por que você fez isso?"
Oque eu fiz? Bem que eu queria dizer essas palavras, mas não consegui.
"porque?! É culpa sua! É TUDO SUA CULPA!" ele gritava com tanto ódio enquanto me encarava nos olhos, e eu já não sabia se tudo aquilo era mesmo um sonho, mas vê-lo daquele jeito me fez desejar do fundo do meu coração que não passasse de um sonho..
Ele repetia o meu nome cada vez mais alto, mas porque? Oque eu fiz?
- NAY, ACORDA!
Senti um ar limpo entrando de uma maneira rápida pelo meu nariz, além disso, pude sentir as minhas pernas embaralhadas com um lençol fino, nunca senti tanta falta de me sentir no mundo real, talvez a minha cabeça fosse mais barulhenta que qualquer outro canto do mundo. Alguma coisa apertava os meus ombros, e eu já não tinha certeza se havia escutado a voz de alguém me mandando acordar.
- Acorda... Acorda, por favor...- escutei, e dessa vez tive certeza, era ele.
Pisquei algumas vezes e pelo oque eu vi, eu estava simplesmente no meu quarto. Apenas deitada, um pouco soada, e Lucas estava me encarando com aqueles olhos tão grandes - não parecia o mesmo que gritava comigo a um momento atrás.
- Lucas?- chamei. - oque foi?
- graças a Deus!- ele saiu de cima e se jogou no pedaço da cama vazia ao meu lado. - com oque você sonhou dessa vez?
Foi um sonho.
Passei a mão no rosto e cocei os olhos, me revirando sobre aquele lençol gelado. Não que eu tenha me acostumado com isso, mas também não que fosse a primeira vez que eu tinha esse tipo de sonho estranho. Nós sempre conversávamos sobre eles assim que eu acordava, o problema era que Lucas havia aparecido nesse... Essa era a parte incomum.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu melhor amigo imaginario
Fantasía"As pessoas são passageiras, e passam por nossas vidas. Ciclos se encerram, e isso dói. Mas é o certo a ser feito." É isso que as pessoas normalmente dizem por aí. São palavras que aguçam a minha curiosidade. Pois, eu nunca senti essa dor da perda...