34_ Ceder..

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Suspirei assim que fechei a porta do meu quarto atrás de mim.

Desde que sai daquele lugar, comecei a andar no automático sem nem perceber oque eu tava fazendo. E vim parar aqui, no meu quarto. Me sentei na beirada da cama.

É estranho como as coisas ao seu redor podem mudar em questão de segundos, em questão de pequenas frases.
Eu nem sei mais oque pensar sobre isso. Lucas, ele sempre esteve ao meu lado, sorrindo. A verdade que eu não quero aceitar é que ele precisou de mim, e eu não percebi. Eu nunca percebi. Estive tão focada em meus problemas que nem sequer parei pra observar quem tava do meu lado.
Todos nós temos problemas.

Oque mais me assusta nisso é perceber o meu egoísmo.

...

As horas começaram a passar.
O tempo não espera ninguém, independente das dificuldades.

Oque muita gente não percebe,
É o tempo que a gente
Perde.

Eu estava sentada na minha cama, com as costas apoiadas na cabeceira, eu sabia que não conseguiria dormir.
Já deviam ser mais de duas da manhã..

Quando penso em me levantar, escuto a porta se mexendo lentamente.
Eu já não podia mais fugir daquilo, então estendi meu braço e liguei a luz do abajur.
Meu olhar se encontra com o de Lucas enquanto ele atravessa a porta, e ao me ver ele parece um pouco surpreso.

Vem andando até mim sem dizer uma palavra sequer. Se senta na ponta da cama, em uma distância segura.

Nay- espero que suas explicações estejam boas o suficiente.– encarei o teto dessa vez.

Lucas- mudou de ideia e resolveu escutar as tais explicações? 

Nay- oque você acha?– suspirei.

Ele se aproximou de mim, e se sentou ao meu lado.

Lucas- eu não sabia disso a muito tempo, então não é como se eu quisesse ter escondido isso de você por todos esses anos.

Resmunguei concordando. Eu queria prestar atenção em cada mínima frase.

– eu fiquei em HollyDay por todo esse tempo. E antes que você pergunte, sim, você já foi lá de alguma forma que eu desconheço.

Nay- como você descobriu que era real?

Ainda era estranho usar a palavra "real" me dirigindo a ele.

Lucas- eu escutei algumas freiras falando sobre mim. Na verdade, elas sempre estão falando sobre mim.

A voz dele era tão calma, apesar dele parecer tão nervoso falando aquilo.

– posso te mostrar como isso funciona?– ele estendeu sua mão. – eu descobri a pouco tempo.

Um pouco receosa, aceitei o convite, segurando a sua mão.
Em um piscar de olhos, eu estava em outro lugar. Era como uma sala vazia, sem nada. Olhei em volta pra entender aonde eu estava.

Lucas- olhe para mim, e apenas para mim.– sua mão segura meu queixo e direciona minha cabeça pra ele.

Haviam dois Lucas, duas versões dele na minha frente. Um deles, era quase idêntico ao outro, a única diferença era que um parecia mais real que o outro.
Era mais colorido, seus contornos e curvas mais marcados.
Se afastaram de mim e ficaram lado a lado um do outro, era ainda mais estranho ver eles lado a lado.

– venha até aqui.

Caminhei até um deles, e estendi a mão para tocar no seu peitoral, mas a minha mão o atravessou, como um fantasma.

Meu melhor amigo imaginarioOnde histórias criam vida. Descubra agora