Ao me sentar ao seu lado, Lucas pega o notebook e rola a página da Netflix. Encaro aquela tela brilhante mesmo sabendo que a minha atenção não estava lá.Lucas- pequena, pode ser esse?– ele apontava para um filme em específico.
Nay- “gato de botas”? Nós já assistimos várias vezes.
Lucas- você já enjoou dele?
Nay- não.
Dito isso, Lucas sorri e aperta play.
Meu olhar caminha pelo quarto e por algum motivo se fixa em Lucas. Os traços do rosto dele, as bochechas e aqueles lábios brilhantes que escondiam um belo sorriso..Lucas- tem uma babinha aqui ó..– ele vira o rosto na minha direção e limpa o canto da minha boca. –cuidado pra não sujar o lençol.
Sua voz era convencida, mas isso não é nenhuma novidade. Estreito os olhos e encaro o filme.
Nay- vai de foder, Lucas.
Ele gargalha baixo.
Assistimos o filme, pela milésima vez. E logo em seguida, colocamos outro que já aviamos assistido, mas Lucas gosta de rever filmes.
Os créditos do segundo filme estavam passando.Lucas- você nem prestou atenção..– reclama.
Nay- se ao menos fosse um filme no qual eu não tenha decorado até as falas.– rebato.
Lucas- justo. Da próxima vez a gente vê um novo.
Nay- graças a deus..
Lucas deixa o notebook de lado. Estica o braço e pega algumas máscaras de skincare dentro do criado mudo.
Nay- como você comprou isso?– uma pergunta que veio em minha mente como um raio.
Lucas- como assim?– joga as máscaras entre nós.
Nay- você roubou?– pergunto séria, mas a sua expressão ainda era confusa. –como você compraria algo se a atendente não te vê?
Ele congela, por apenas alguns segundos e logo em seguida age natural, mas eu vi.
Lucas- eu fiz como sempre faço. Peguei as máscaras e deixei o dinheiro encima do balcão com uma cartinha.
Nay- meu deus..– começo a rir. –imagina a atendente vendo a carta..
Começo a gargalhar alto pensando nas diversas reações que ela poderia ter.
Lucas sorri baixo e bate em seu colo.Lucas- deite aqui.
Apenas obedeço. Ele pega uma das embalagens de máscara e abre com a boca. Começa a aplicar no meu rosto calmamente.
Não sei bem o motivo, mas seus toques eram capazes de me fazer sentir pontadas de eletricidade.Lucas- sobre o nosso compartilhamento de notícias, nem te conto..
Ele me atualizou das notícias e fofocas principais da escola, tinha uma que falava sobre Jhonatan. Que ele havia ficado com uma menina na garagem, eram apenas boatos.
Expliquei pra ele sobre mais cedo.----------------
Lucas- que história é essa de Jhonatan usar calcinha e de você voltar pra casa acompanhada por um motoqueiro retardado?
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Era engraçado como em todas as nossas conversas, Jhonatan era colocado no meio de um jeito ou de outro.
Nay- mas, quem somos nós pra julgar, né?
Lucas- exatamente.
Falo pra Lucas se sentar mais e assim ele faz, estava sentado com as pernas cruzadas a minha frente. Numa distância agradavel.
Ajeito a tiara que já estava em seus cabelos, pego um produto da mesma cor que o meu: preto, e começo a plicar em seu rosto com muito cuidado.
Temia que minha unhas grandes o arranhasse em algum momento, mas Lucas estava tranquilo.
Seus olhos se fecham enquanto ele suspira e eu consigo ver sua postura relaxar.
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Meu melhor amigo imaginario
Fantasía"As pessoas são passageiras, e passam por nossas vidas. Ciclos se encerram, e isso dói. Mas é o certo a ser feito." É isso que as pessoas normalmente dizem por aí. São palavras que aguçam a minha curiosidade. Pois, eu nunca senti essa dor da perda...