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“Os olhos são a janela da alma.”
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Estava ali, deitada em minha cama, sentindo aquela brisa gelada que entrava pela janela.
Os meus pensamentos voltaram, mas eram pacíficos e nada sufocantes. Eu estava me sentindo leve, como se vivesse nas nuvens.
Mas, sentia medo de dormir e perder aquela sensação.
Só que, o sono foi maior, então, fechei os olhos e peguei no sono.

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Aonde eu estou?
É um lugar vazio, não tem nada. Apenas escuridão e um vento gelado que me incomodava. Olhei em volta, mas não vi ninguém.
Caminhei pelo... Chão? A alguns passos, escutei uma voz, e ao olhar em sua direção, vejo uma janela grande, como um cinema. 
E lá, mostrava uma garota, pequena, sentada no balanço do parquinho. Ela olhava seus colegas brincando e se divertindo entre si, enquanto sabia que não tinha chances de se divertir com eles agora.
Não era preciso ser nenhum observador para ver que ela era a menina excluída. A visão se aproxima, até chegar bem próximo de seu rosto, vejo seus olhos, e dentro deles, havia outra coisa. Era neve. Gelo.
Uma nevasca fazia seu olhar parecer tristonho.
E ela estava ali, no meio da neve, sem ninguém por perto, sem nenhuma ajuda.
Porque, no fundo, ela sabia que ninguém iria ajudá-la naquelas condições, no fundo, ela sabia que não tinha ninguém e que não seria socorrida. Porque, em sua realidade, ela estava só.
Seus olhos eram tão gelados e sozinhos, tão tristes e sem cor..
Mas, a tela se aproxima do seu coração, e consigo vê-lo pulsando.
E, dentro dele, havia outra coisa.
Era fogo. Calor.
Seu coração pegava fogo, mas, sua alma era gelada. Então, ela nunca colocaria esse fervor do coração para fora, porque sua alma trincada a impediria de procurar por alguém.
E então, se dependesse apenas dela, uma pessoa rejeitada, ela ficaria sozinha pelo resto da vida, pois, a atitude que ela tinha no passado de querer novos amigos, foi arrancada dela.
E agora?
Bom, agora, tudo oque se passa na sua mente é que ela não merece mesmo ter um amigo.
Quem é jogada ao precipício, não vai escalar sozinha.

A tela se apagou.
Olhei para os lados a procura da menina, mas tudo oque havia, era escuridão e vazio.
Ouço outra voz, vindo de trás de mim, olhei em sua direção, e agora, outra tela me mostrava algo.

Era a menina.
Que agora, se tornou uma mulher.
Ela já era adulta, e estava voltando de um dia de trabalho, enquanto passava por uma ponte alta.
Ela parou seus passos cansados e olhou em volta, não viu ninguém.
Balançou a cabeça e pareceu querer espantar esses pensamentos, mas, não pareceu ter mudado nada.
Caminhou até a ponte, e subiu em cima dela. Abriu os braços e olhou a paisagem, a paisagem de um esgoto e uma cidade imunda.
Uma cidade corrompida pela poluição. Uma cidade cheia de ladrões e pessoas infelizes.
E então, ela deu um passo para frente. Resultando na sua queda.
E, enquanto caia, suas lágrimas de dor se tornaram um belo sorriso brilhante.

Ela fez aquilo, com razão.
Sua mente já estava quebrada, e uma criança sofre como qualquer outro ser humano.
Ao ser excluída, cria cicatrizes.
Não sabia bem oque tinha passado durante esses anos, mas era notável seu cansado.
Muitos podem julgar, dizendo:
Ela foi fraca e não aguentou o peso da vida.
Pode terem razão, mas, será que ela não aguentou o peso da vida ou o peso da sociedade?
O peso de alguns humanos nojentos?
Cicatrizes..
Elas são feitas desde muito cedo. E por serem internas, não é o tempo que vai curar.
Machucados se vão, cicatrizes, ficam marcadas. 

Meu melhor amigo imaginarioOnde histórias criam vida. Descubra agora