08_Único lugar..

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Câncer.

Minha tentativa fracassada de fazer uma janta descente: miojo e suco.
"Kit câncer completo." Era assim que Lucas chamava, e eu não poderia discordar.

Um sorriso involuntariamente se destaca em meu semblante ao lembrar disso. Subo as escadas e empurro a porta do meu quarto com o pé, me sentei na cama e coloquei a comida em cima do criado-mudo ao lado da mesa aonde ficava o meu notebook. Procuro meus fones grandes e coloco eles nas orelhas. Me sento e rolo as páginas de fofoca do Instagram aleatoriamente enquanto termino minha refeição.
Após terminar com aquilo, suspiro e tiro os fones.

Então quer dizer que eles terminaram?

Minha mente processa melhor após terminar de ler aquele textão em uma página de fofocas.

Nunca imaginei que ela seria corna assim.. eles tem filhos, não é?

Continuo incrédula enquanto caminho até a minha pequena prateleira de livros. Seguro aquele que eu aluguei da biblioteca.

O lado feio do amor.
Colleen Hoover

Acaricio sua capa uma última vez e respiro fundo. Começo a folhear suas páginas macias.
Uma bela frase chama a atenção de meus olhos..

“As vezes, não falar, diz mais que todas as palavras do mundo.”

Estreito os olhos e leio mais uma vez. Solto um sorriso sereno logo em seguida. Senti um sono me pegar desprevenida, então marquei as páginas, mas antes de fechar o livro, eu apenas apaguei.

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Abro os olhos.

Aí.. minha cabeça dói.
Aonde eu estou?

Ali estava eu, jogada no chão. Um chão gelado de algum lugar misterioso que eu desconhecia. Meu corpo estava fraco e minhas articulações da perna doíam por algum motivo. Me sento no chão com uma dificuldade.
Olho em volta e deixo os meus olhos passearem pelo lugar, era sujo e o chão possuía uma cor escura. Um frio bastante sufocante predominava o lugar.

Isso era pra ser um quarto?

Um cômodo grande, com diversas beliches organizadas em fileiras. Era enorme e haviam muitas e muitas pessoas dormindo. Variavam de crianças e adolescentes. Sinto um frio na espinha. Aquele lugar estava caindo aos pedaços. Me esforço para ficar de pé, e após um tempo, finalmente consigo.
Aquele frio.. aquele maldito feio faziam meus ossos vibrarem. Tento me aquecer cruzando os braços. Mas tudo oque eu sinto e o vento gelado adentrando a enorme janela.

Uma janela muito grande. Apenas agora percebo a altura do teto. Tinham mais de 5 metros até chegar ao telhado, e bom, a janela deveria ter pelo menos 3 metros. Mas, mesmo sendo enorme e estando aberta, haviam grades, muitas grades.

É algum tipo de prisão?

Escuto vozes de longe, muitas vozes. De mulheres, e elas pareciam irritadas com algo.
Me aproximo da porta gigante que também deveria ter uns dois metros. Escuto a voz delas com mais clareza

—não, eu discordo. Não faz nenhum sentido pra mim oque há de diferente com aquele maldito menino! Todos deveriam ser iguais... Então, porque ele--

—silêncio. Não vamos tomar mais decisões precipitadas. Pelo visto, apenas chicotes não são o suficiente para fazer ele ter medo de nós.– concluí uma voz que parecia velha e rígida.

Chicotes..?

Arregalo os olhos e um frio na barriga me incomoda novamente.

—será que uma criatura como ele poderia sentir medo de nós? E além disso, o medo é a solução?– pergunta outra voz diferente.

Meu melhor amigo imaginarioOnde histórias criam vida. Descubra agora