Marrenta

822 75 27
                                        


Jade

Os dias passaram cheios de tédio. Acho que assisti todos os filmes da Netflix. Arrumei meus armários, e voltei a escrever! Eu amava escrever quando era adolescente. Eu tinha um diário e nele escrevia sobre os meus sentimentos e as coisas que aconteciam no meu dia a dia. Nos últimos tempos tava sendo muito difícil eu conseguir expressar o que eu sentia com palavras ditas. Algumas coisas que tinham acontecido me deram um bloqueio emocional gigante, e eu só conseguia expressar os meus sentimentos através da escrita. Digamos que o tanto que eu escrevi daria até pra virar um livro, mas ficaria guardadinho até eu me sentir segura para uma possível publicação.

Quando estava chegando o dia da viagem e o fim do meu isolamento, o Thiago trouxe umas quatro malas de roupa pra eu poder escolher o que iria levar. Ele deixou as malas na porta do meu apartamento e depois nós fizemos uma chamada de vídeo pra eu poder experimentar e avaliar o que ficaria bem ou não para a viagem.

No final das contas enchemos 3 malas gigantes com as peças que decidimos em comum acordo que seriam adequadas pra ocasião. No momento em que eu terminei de arrumar as malas eu só conseguia pensar em como eu iria transportar tudo isso pra fora do aeroporto. Mas eu consigo! Tudo que eu me proponho a fazer eu dou conta. Não seriam 3 malas que iriam me derrubar.

No dia anterior à viagem, os enfermeiros do laboratório vieram novamente pra fazer o exame. E como esperado o resultado foi negativo! Graças a Deus estava tudo certo pra minha viagem! Arrumei minha mochila, e o Léo e a Nina vieram me ajudar a levar tudo pro aeroporto.

L_ Caralho Jade! Você vai passar um ano na Europa? Pra quê isso tudo?

N_ E aposto que vai voltar com mais uma mala cheia de roupa nova.

J_ Me deixem em paz os dois! A metade disso daí eu vou devolver depois. E me ajudem a levar tudo lá pro carro.

L_ Acho que você esqueceu que não vai ter ninguém pra te ajudar no aeroporto de Londres!

J_ Mas eu não vou precisar de ajuda de ninguém! É só colocar as malas naqueles carrinhos e eu consigo levar elas de boa até o táxi!

N_ Boa sorte pra você então! Só não esquece que você tá a todos esses dias sem treinar, e não tá com sua força normal. Mas você é Jade Picon né... não tem nada que você não possa fazer kkkkk

J_ Deixa de deboche e vamos logo! Não posso perder esse voo de jeito nenhum!

Nós colocamos as malas no carro e fomos pro aeroporto. Eles me ajudaram a despachar as malas e nos despedimos. A Nina e eu nos emocionamos, mas estávamos felizes também por tudo ter dado certo no final das contas. Nos abraçamos e eu fui pra sala de embarque com minha mochilinha.

Foi tudo muito tranquilo durante o voo. Dormi, li algumas páginas de um livro, assisti um filme, peguei uma conexão no aeroporto de Amsterdã e rapidinho já tava em Londres.

Agora é que ia ser foda conseguir chegar no hotel. Minhas malas iam passando na esteira e eu ia pegando uma a uma. Num peso que eu quase ia junto com elas pela esteira. A cordialidade inglesa realmente não existe.

Peguei um carrinho e fui colocando as malas. Mas quem disse que eu conseguia empurrar aquele peso todo? Olhei pros lados e nenhum funcionário do aeroporto ou os outros passageiros que tavam ali se prontificaram pra me ajudar. Tentei novamente empurrar o carrinho e consegui que ele se movesse. Aos pouquinhos eu conseguia me locomover e ir saindo do aeroporto. Mas bem aos pouquinhos mesmo. E se alguém viesse me oferecer ajuda eu não iria aceitar. A pior parte eu fiz sozinha...

Quando eu estava quase saindo da área de desembarque escutei alguém falando, parecendo que estava se dirigindo a mim.

PA_ Hey! Excuse me, you need help? (Oi! Com licença, você precisa de ajuda?)

Olhei pra trás e era um cara de dois metros de altura, de óculos escuros, máscara e bucket. Nesse momento eu tava com tanta raiva.

J_ No, thanks. I can handle myself... ( Não, obrigada. Eu posso me virar sozinha)

PA_ He is sure? (Tem certeza?)

J_ Of course! (Claro!) Até parece que eu preciso de macho pra fazer isso..._ Falei com certa empáfia...

-----------------------------------------------------------------------------

Paulo André

Eita que o meio metro de gente era brasileira. Ficou resmungando e empurrando o carrinho com muita força. Mas que menininha marrenta viu! Resolvi deixar ela sem graça e lancei.

PA_ Caralho! O que tem de pequena tem de marrenta...

Ela ficou parada me olhando, e se eu pudesse ver o rosto dela sem a máscara podia apostar que tava vermelha de vergonha... Saí andando e deixando ela lá com aquele mundo de mala.

-----------------------------------------------------------------------------

Jade

Carambaa! O cara era brasileiro. Lançou aquilo e me deixou ali sem reação. Foi andando, não olhou pra trás e saiu pelo portão.

Fiquei no meio do aeroporto com cara de tacho. Depois tomei os sentidos e lembrei que eu precisava sair daquele aeroporto pra chegar logo no hotel. Fui empurrando devagar o carrinho até chegar na área dos táxis. O taxista colocou as malas no porta malas e quando eu entrei e sentei fiquei pensando na voz daquele cara. Muito familiar...

MEU DEUS! SERÁ POSSÍVEL? Minha curiosidade era muito grande pra esperar chegar no hotel pra tirar a dúvida... Liguei pro Davi imediatamente pra saber se eu estava louca ou não...

----------------------------------------------------------------------

Vem aí minha gente?  

Se ela é marrenta, ele é também kkkkkkkk

Beijinhos e até logo mais 😘

Pode Ficar - JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora