O início do fim (ShikaNeji)

Capítulo 2

2/2

Ponto de vista de Shikamaru

Todos concordaram em esperar Neji se acalmar antes de voltarem para a vila. Enquanto Tenten e Hinata o confortavam, os outros discutiam: sobre o que Tsunade diria, sobre como isso era inadmissível, sobre como o homem tinha que pagar.

Shikamaru permaneceu em silêncio. Ele tinha visto uma referência em várias atas oficiais a um decreto especificando que cada clã poderia manter sua própria política interna, e nem o conselho nem o Hokage poderiam intervir. Mas ele não poderia tirar mais conclusões sobre o curso que esse assunto tomaria até que ele falasse com Tsunade-sama. Nesse momento, sua mente esvoaçou em outro pensamento: Hisao havia usado um membro da filial apenas para ajudá-lo a mover uma carga e, uma vez finalizado o processo, para evitar traição, ele o havia matado. Ele havia usado o menino como mula de carga e depois o dispensou sem pensar mais. Ele entendeu que o jovem usava aquele capuz para não ser reconhecido quando saísse da aldeia com Hisao. Mas sem dúvida alguém deveria notar sua ausência. Ninguém reclamaria de seu desaparecimento?

Shikamaru poderia ter gritado de raiva. Ele odiava abuso de poder, em todas as suas formas. Oprimir os outros só porque sua posição na estúpida hierarquia da vida, que era totalmente arbitrária, permitia, não cabia na cabeça dele.

De repente, o movimento ao seu redor o tirou de seus pensamentos. Neji havia se levantado, quase completamente recuperado. Era hora de sair. Mas quando o Hyuga se virou e viu o corpo de Hiro ele caiu de joelhos vomitando. Ele começou a tossir incontrolavelmente, ajudado novamente por Tenten e sua prima.

Shikamaru deu a ordem de esperar mais 5 minutos. Neji era bastante orgulhoso e nunca demonstrou fraqueza. Para chegar ao ponto de estar nesse estado na frente de tantas pessoas, ele obviamente não podia evitar como o que eles testemunharam o estava afetando. Quando o Hyūga finalmente conseguiu se levantar, eles começaram a andar. Os outros continuaram comentando o ocorrido, e em várias ocasiões fizeram piadas para aliviar o clima. Mas Neji não disse uma palavra durante toda a viagem de volta. Nem Shikamaru.

Uma vez em Konoha, todos pegaram a estrada para casa. Exceto por Shikamaru, que foi direto para o escritório da Hokage. O relatório continha informações extremamente importantes, ele não podia deixar para amanhã.

Já era noite e uma tempestade se aproximava. Shikamaru lembrou-se das palavras de Hisao, ele se gabou de que a chuva levaria o corpo. A raiva percorreu seu corpo. Os gritos do Hyūga moribundo se repetiam repetidamente em sua mente. Ele a sacudiu com um aceno de cabeça. Ele aumentou o ritmo para chegar ao seu destino o mais rápido possível e encerrar à noite. Ele precisava parar de pensar. Ele precisava dormir.

Ele parou na porta do escritório da Hokage e bateu. Ele foi ordenado a esperar um momento. Inconscientemente, ele colocou a mão no rosto para esfregá-lo e lembrou que era a mão com a qual ele havia coberto a boca de Neji algumas horas atrás. Ele fechou os olhos por um momento, cobrindo os lábios com a palma da mão como havia feito com o Hyūga e respirou fundo.

Uma pequena voz sussurrou muito baixo em sua cabeça algo como "O que diabos você está fazendo?". Ele não teve que responder porque o som da porta de correr o trouxe de volta à realidade.

Uma vez dentro e na presença de Shizune, Shikamaru deu a Hokage os detalhes do que aconteceu. Ela o ouviu com atenção. Depois de pensar por alguns momentos, ela disse a Shikamaru que começaria convocando Hiashi para se encontrar e discutir a informação com ela e o conselho. Só depois disso ela poderia tomar uma decisão sobre outras ações. "Você trouxe informações importantes, mas preocupantes, e se saiu bem. Agora descanse, eu cuido disso."

Shikamaru ficou em silêncio por alguns segundos, então perguntou: "O que vai acontecer com o corpo do Hyūga?"

Tsunade se recostou na cadeira, sempre o observando.