O início do fim (ShikaNeji)

Capítulo 35

Shikamaru passou três dias em confinamento enquanto os preparativos para o julgamento eram feitos. Uma vez que seus pais saíram, ele se sentou em sua cela dentro da masmorra de Konoha. Ele não tinha nada além de seus pensamentos acelerados e arrependimentos para lhe fazer companhia. Conseqüentemente, ele não fez nada além de olhar para a parede em branco na miséria.

Ele estava morto de cansaço da avalanche de infortúnios. Em circunstâncias normais, ele seria capaz de dormir em uma superfície dura sem grandes problemas. Mas o que o manteve de pé não estava em seu corpo, era sua mente. Assim que ele começou a adormecer, uma imagem horrível após a outra passou por sua cabeça: Neji com o rosto coberto de sangue, o cadáver do Hyuuga que ele havia matado deitado a seus pés, a expressão de dor de sua mãe e da Hokage. Ele acordava assustado, com o coração acelerado. Cada vez que abria os olhos e voltava a ver o interior de sua cela, com suas grades escuras e frias, deparava-se com a certeza de que ali passaria o resto da vida. Muitas vezes ele teria que lutar contra um ataque de pânico quando começou a ficar sem ar.

As horas se passaram em um ciclo aparentemente infinito de monotonia, mas finalmente terminou na manhã do quarto dia. Shikamaru não podia ver o sol de sua cela confinada ao porão da mansão Hokage, mas pelo som de passos acima dele ele sabia que as atividades do dia haviam começado. Mais uma vez ele teve que se sentar pacientemente e se perguntar se hoje era o dia que alguém viria para levá-lo ao julgamento. Sem dúvida, os Hyuugas da Casa Principal estariam ali se aquecendo em sua desgraça e aguardando ansiosamente a sentença.

A cada segundo que passava, ele desejava saber onde Neji estava. Ele esperava que Hiashi o tivesse levado para a Floresta de Nara percebendo que era o lugar mais seguro para ele, mas a verdade era que ele não tinha ideia. Ele havia perdido completamente o controle da situação, passando de ter todas as cartas a seu favor, para vislumbrar apenas um resultado possível para sua história. Em que Neji morreu nas mãos de seu clã e permaneceu na prisão para sempre, sabendo que ele mesmo era o responsável por tudo isso. Mais de uma vez ele teve que enxugar com raiva as lágrimas de frustração que persistiam em escorrer por suas bochechas. Ele queria bater em si mesmo. E ele fez, um par de vezes.

A única coisa que podia fazer era esperar. Ocasionalmente ele olhava para Hisao deitado algumas celas à direita. O homem ainda estava inconsciente (ou fingindo estar). Essa foi a intensidade da surra que Shikamaru lhe deu. Ele se lembrou de como foi bom liberar sua fúria contra ele. Naquela época, ele havia dominado completamente a situação, e a sensação de poder e vingança era quase inebriante. Bem ao contrário do que sentia agora. Com que rapidez as marés mudam.

Eventualmente, ele ouviu passos no corredor se aproximando de sua cela. Ele apenas ficou ali sentado, incapaz de se levantar para enfrentar seu destino inevitável. Segundos depois, seus pais apareceram na frente dele e, pouco depois, Shizune. Ela abriu a porta da cela para que todos pudessem entrar. Dois shinobis que ele não conhecia permaneceram do lado de fora. Sem dúvida, eles estavam lá para acompanhá-lo ao julgamento como o prisioneiro que ele era.

"Está na hora." Shizune disse em uma voz fraca e cheia de emoção. Suas palavras soaram como uma algema se fechando na mente de Shikamaru. "O tribunal aguarda. A Hokage não estará presente. Ela ainda não voltou da missão. Tenho certeza de que derrotarão o embaixador, mas não teremos o apoio dela no julgamento."

Isso foi ainda pior. Ele não apenas arruinou seu próprio plano, mas perdeu a oportunidade de encerrar a missão à qual dedicara os últimos anos de sua vida. Ele sentiu a pouca energia que lhe restava escapando de seu corpo.

"Ela não podia fazer nada mesmo," Shikaku disse em um tom seco e indiferente, referindo-se a Hokage. "Os Hyuugas pedirão a penalidade mais alta aplicável."