Capítulo 43

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Ethan narrando...

Eu queria fazê-la sofrer. Esse era o plano inicial, mas eu não me segurei. Ao chegar em casa e ouvi-la dizer aquilo só comprovou que ela estava a esconder coisas de mim.

Estou nesse momento com a camisa aberta, os cabelos desarrumados e uma garrafa de bourbon na mão. Me sentei no chão do meu quarto com uma perna esticada e a outra dobrada. Olho ao redor do quarto escuro e lembranças de nós dois me vêem a mente. Nós andamos de moto nas ruas iluminadas de los angeles e ela gritava que me amava. Eu realmente me sentia amado. Maldita!

Maldita Harley! Mil vezes maldita. De todas as vezes que sofri por amor, essa foi a pior. Estou me sentindo um lixo. Eu devia saber que em nenhum momento isso daria certo. Ela riu de mim. Gozou com os meus sentimentos e os pisoteou.

Dou um gole no líquido que queima por dentro. Com a mão livre eu acaricio o seu lado da cama sentindo falta do seu cheiro. Eu a queria aí, eu quero ela aqui agora. Eu sou um estúpido! Ela acabou de ferrar com a minha vida e eu ainda a desejo aqui. O que se passa comigo?

Ouço uma batida na porta, mas não respondo. Eu não quero ver ninguém. Ainda assim, a porta é aberta e a clareza magoa um pouco os olhos. Olho para o outro lado reconhecendo a minha irmã.

Sophie: o que aconteceu aqui? - ela acende a luz do quarto e olha para todo o estrago que impedi a Mabel de limpar. - você pode me explicar, Ethan?

Ignoro a crise dela e com dificuldade me levanto do chão. Ela se aproxima rapidamente e retira a garrafa da minha mão bruscamente.

Sophie: onde está a Harley, Ethan? - ela estava numa postura séria.

Gargalhei de forma irónica antes de responder. Eu sentia a raiva me dominar por ouvir o nome daquela traidora. A minha irmã estava confusa, eu podia ver isso.

Ethan: não menciona o nome daquela vadia, Sophie. - tento caminhar, mas cambaleo para trás.

Rapidamente a minha irmã surge para me pegar pelo braço. Estranhamente comecei a gargalhar e ela sem mais dizer nada me levou a casa de banho e no box ela ligou o chuveiro.

Relutei, mas acabei cedendo. Ela saiu da casa de banho e eu pude tomar um banho digno. Me enrolei na toalha e quando saí da casa de banho, já tinha lá um chá a minha espera, e um comprimido para a ressaca.

A Mabel estava a arrumar toda a sujeira, mas saiu assim que me viu. Entrei no closet e vesti o meu pijama. Peguei na bandeja com o chá e fui para um quarto de hóspede.

Eu não queria dormir naquele quarto. Não quando tudo me lembra ela. Não quando o cheiro dela está por todo o quarto. Não onde há fotos nossas nos últimos passeios que fizemos.

Lembranças das nossas noites de amor me invadem e como um maricas começo a chorar. Eu a amo. Porque ela teve de me fazer isso? A troco de quê?

Bebo o líquido quente na xícara, a seguir bebo o comprimido e me deito na cama abraçando o travesseiro.

(...)

Sophie: como você dormiu? - a minha irmã perguntou assim que me viu descer a escada e chegar na mesa de jantar.

Coloco a mão na nuca e respiro fundo antes de responder.

Ethan: vou ficar bem. - sirvo café.

Sophie: tu podes dizer-me porque raios trataste a Harley como trataste? - ela estava irritada.

Ethan: assunto de casal, Sophie. Porque não estás no dormitório? - mudo de assunto.

Fera FeridaOnde histórias criam vida. Descubra agora