- Quando vocês descobriram a doença dela? - perguntei olhando através da janela.
- Alguns meses atrás... - minha tia proferiu em um fio de voz, passando a mão sobre a colcha de sua cama. - Ela se cansava muito rápido, e no início, achamos que era depressão por conta de sua partida, mas então os outros sintomas foram aparecendo... Seu pai não queria deixá-la viajar, mas graça a ajuda do doutor Huppert que disse que um pouco de ar do campo seria bom para ela, ele acabou aceitando. De fato, no início eu iria levá-la até Sussex pois temia que ela poderia não vir aguentar uma viagem tão longa, mas ela disse que desejava ver você. Então, eu com ajuda de seu tio, providenciamos esta viagem escondido de seu pai.
Seokjin estava sentado em silêncio em frente a lareira, já eu, estava de pé em frente a janela e as lágrimas já desciam de meus olhos.
Lembram quando disse que nossa vida é como um livro que vamos escrevendo ao longo dos anos e que lágrimas serão uma constante? Pois bem, creio que no livro da minha vida, pouco são os momentos felizes aos quais irei escrever sobre.
Começo a acreditar que devo de ter feito algo de muito errado em outra vida para receber tão grande punição nesta, ao ponto de algo como a felicidade ser a mim negada.
Não bastava amar alguém a mim proibido, agora descobria que aquela que me deu a vida, logo me deixaria, restando a mim apenas um pouco de sua companhia.
- Quanto tempo ela ainda têm? - perguntei ainda que não soubesse se queria de fato, saber.
- Algumas semanas apenas, talvez, dias. A doença está muito avançada querido, doutor Huppert não pode dar uma expectativa de quanto ela ainda dispõe de vida exatamente.
Fechei meus olhos, não impedindo o primeiro soluço de deixar meu peito de forma dolorosa.
- E por que não me avisaram antes?! - gritei ainda que soubesse que eles não tinham culpa alguma.
Mas quando se está ferido, acabamos por deixar que nossas dores tomem conta de nossas ações, e esquecemos que é na hora da dor de receber tal ferimento e raiva, que acabamos ferindo outros se descuidarmos.
Minha sorte, creio eu, é que aqueles que realmente me amam, entendiam a dor que eu estava sentindo, assim sendo apenas deixaram que eu a expressasse, sem me repreender. E foi tal atitude que me fez olhar para baixo e sentir-me envergonhado.
- Me perdoem... - disse após um silêncio. - E-eu não queria....
- Está tudo bem meu querido. - Minha tia disse, se levantando de onde estava e vindo me abraçar. - Nós lhe entendemos meu amor, não precisa se desculpar. - ela dizia ao acariciar minhas costas e eu podia ver que sua voz estava embargada, creio que ela esteve se fazendo de forte por muito tempo apenas para que minha mãe não a visse chorar em sua frente.
Titia Jihoo era das duas irmãs a que sempre se manteve firme nas horas mais difíceis. Ela era aquela mulher que não baixava a cabeça perante os ditames da época, não ficava calada ao ver uma injustiça sendo cometida em sua frente ou mesmo, aquela mulher pulso firme que o marido aprendeu a respeitar ainda que houvesse tanta diferença entre os dois. Acredito eu que por isso tio Archie tenha se apaixonado por ela e mesmo sempre a tenha consultado quanto a gerência de muitos de seus negócios, o que para nossa época é visto como algo errado a se fazer uma vez que o lugar de uma mulher é cuidando da casa e não dos negócios da família.
Ela também ensinou valores básicos a seu filho, mas também ensinou-lhe o valor e respeito que deve se tratar pessoas que são tratadas como inferiores aos olhos da sociedade Londrina. Não é de se estranhar que seus empregados a amam e respeitam tanto, pois desde sempre ela os tratou como iguais.
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𝕆 𝕤𝕖𝕘𝕣𝕖𝕕𝕠 𝕕𝕖 𝕃𝕠𝕣𝕕𝕖 𝕁𝕖𝕠𝕟 (𝕁𝕚𝕜𝕠𝕠𝕜)
RomanceOs cabelos loiros eram bagunçados pelo vento, os olhos castanhos não se desviavam um segundo dos meus. E quando seus lábios proferiram meu nome, descobri não querer ouvi-lo sair de nenhum outro, senão os dele. "- 𝓔𝓾 𝓽𝓮 𝓺𝓾𝓮𝓻𝓸 𝓶𝓾𝓲𝓽𝓸, �...