ꕥSensações Indesejadasꕥ

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Eu estava paralisado.

Era assim que me encontrava ainda deitado, muito bem coberto, enquanto meus olhos miravam o fogo na lareira, mesmo sem estar de fato focado no mesmo.

Não sabia ainda o que havia acontecido algum tempo atrás, o senhor de Noir havia me tocado de forma tão íntima e eu deveria tê-lo repudiado ou mesmo gritado para que se afastasse, mas ainda assim, tudo que fiz foi ficar parado tendo meu corpo a mercê de seus toques.

E estranhamente, meu corpo havia gostado dos mesmos.

Eu havia gostado, ainda que jamais viesse a confessar tal fato.

Ele estava algum tempo na sala de banho, me perguntava se estaria pensando no que havia feito.

E eu deveria estar o repreendendo, desejando que ele estivesse se culpando por ter me tocado de tal forma sem meu consentimento em um momento que eu estava me sentindo tão fragilizado...

Mas eu não estava.

Ainda estava preso nas malditas sensações que ele despertou em mim com tão pouco.

Nem ao menos encontrava em mim o meu usual sarcasmo, este que havia me abandonado no momento que ele aceitou a ajudar-me a me banhar.

Ouvi o barulho da água na tina e pelo mesmo soube que ele havia terminado seu banho, ouvi o barulho de seus movimentos ao secar-se e, antes mesmo sair de trás das cortinas, eu fechei meus olhos fingindo já ter adormecido.

Ouvi seus passos pelo quarto, prendi a respiração ao sentir que ele se aproximava da cama e então após ouvir seu suspiro, os mesmo se afastarem em direção a sua própria. Era absurda a forma como todos os meus sentidos ficaram atentos a todos os movimentos dele, a enorme vontade que eu senti em me virar e ver se ele já havia adormecido e, como soubesse que eu fingia dormir, ouvi sua voz, ainda que baixa proferir.

— Sei que não estás dormindo, se tens algo a dizer-me sobre meu comportamento, não reprimas sassenach. 

Respirei fundo antes de virar-me na cama e olhar em sua direção. — Que queres que eu diga, senhor Park? 

— Não sei, repreenda-me, grite comigo, me insulte por ter abusado de vós!

O que não era verdade.

Com certa dificuldade, sentei-me na cama antes de virar meu rosto em sua direção.

— Bem sabes que não é a verdade senhor Park, não abusaste de mim em momento algum, não sou uma donzela em perigo e acredite, sei bem distinguir quando estão tentando abusar de meu corpo... —vi ele arregalar seus olhos e abrir sua boca, mas não deixei que ele falasse coisa alguma. — Também, não vou esperar que guarde o que descobriu a meu respeito, também já estou acostumado com coisas do tipo então...

— Não acredito que penses tão pouco de mim Jeon! — ele ditou irritado sentando na cama. —  Eu jamais iria sair falando a teu respeito! Ou de como decidiste viver tua vida, não sei com quem viveu tais coisas, mas saiba que não sou esse tipo de pessoa!

É claro que ele não era. 

Ele jamais iria sair falando que se sentiu, mesmo que por um instante, atraído por outro homem e acabar por manchar a sua preciosa reputação com os locais. Ele deveria ser visto como um homem sério e respeitoso, obviamente.

Assim, apenas concordei com um acenar de cabeça antes de voltar a deitar-me.

— Então estamos de acordo senhor Park, podes dormir tranquilo pois não fizeste mal algum a minha virtude.

Não sei por que fui tão sarcástico com ele, mas por um instante de fragilidade, eu desejei que ele tivesse sentido um pouquinho do que eu senti. Era deveras estranho estar me sentindo decepcionado com tal situação, me sentir frustrado de tal modo, mas não podia evitar de me sentir daquela forma.

𝕆 𝕤𝕖𝕘𝕣𝕖𝕕𝕠 𝕕𝕖 𝕃𝕠𝕣𝕕𝕖 𝕁𝕖𝕠𝕟 (𝕁𝕚𝕜𝕠𝕠𝕜)Onde histórias criam vida. Descubra agora