Capítulo 24

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Eu claramente não estava acostumada a não fazer nada durante o dia. Desde o dia que ouvi alguém na porta eu não consegui pregar o olho direito, e por vários momentos questionei a minha sanidade, se eu estava louca ou algo do tipo. Scott tem tentado me manter ocupada, mas não ajuda muito a esquecer a quantidade de problema que eu estou enfiada.

-E ai? Alguma pista? - perguntei assim que Scott entrou pela porta.

-Parece que durante uns dois dias um carro ficou rondando sua casa. Era um carro vermelho, eu tentei puxar a placa, mas não esta no nome de ninguém que conhecemos, é um carro alugado, o nome no contrato é em Han Lecter, conhece alguém com esse nome? - ele falou ainda olhando o papel em sua mão.

-Só pode ser brincadeira mesmo, Lecter, tipo Hannibal Lecter o serial killer famoso dos livros, é tipo uma pista do Charada do batman. - não pude conter um sorriso de desprezo - A pessoa que esta fazendo isso, quer fazer algo como uma caça ao tesouro, com bilhetes e pistas, eu não vou entrar num joguinho idiota, a vida do meu pai está no meio disso tudo!

-Então você acha que essa pessoa quer jogar com você? - Scott veio na minha direção.

-É o que tem feito sentido não?

Eu estou me sentindo em um filme de terror dos anos 2000, Pânico ou sei la, mas a pessoa não quer me assassinar, ela quer destruir a minha vida, pode parecer a mesma coisa, mas não é.

Levantei do sofá e fui até o quarto. Eu posso não ser a melhor pessoa do mundo,  às vezes eu me considero até chata, mas eu nunca fiz mal a ninguém e eu nunca quis machucar ninguém. Eu não sei porque eu estou tendo que passar por isso. Onde eu errei? Com quem eu errei? Para fazer um inimigo como esse.

- Ei Amber você está bem? Eu sei que tudo isso tem sido bem pesado, mas você sabe que eu estou aqui e que eu estou fazendo o meu melhor para encontrar essa pessoa. - Scott falou de forma suave tentando me acalmar.

- Eu só não entendo como uma pessoa pode odiar tanto a outra a ponto de querer destruir cada pedaço da vida dela, eu sei que eu não sou a melhor pessoa do mundo, mas não acredito que eu mereça isso. - falei com os olhos cheio de lágrimas.

- Ei eu sei que é clichê falar isso mas vai ficar tudo bem! - ele veio em minha direção e me deu um abraço - Até porque você tem a mim para te proteger! - ele veio novamente com aquele sorriso malicioso que não via a dias.

As coisas estão cada vez mais complicadas, eu tenho tantos problemas que nos últimos dias eu nem se quer agradeci por tudo que Scott tem feito por mim. Não quero me mostrar fraca, porém é tanta coisa que estou tendo que aguentar, que às vezes penso que seria melhor simplesmente sumir ir para um outro país ou um lugar tão longe que a pessoa não possa me encontrar, mas ao mesmo tempo me preocupo em sumir e toda essa raiva ser descontada em minha família.

-Quer dar uma volta? - Scott perguntou.

De primeira pensei em recusar não acho muito seguro ficar saindo por aí, mas estou há tanto tempo em casa que nem me lembro mais como é a rua.

-Pode ser!

Logo em seguida Scott foi se arrumar e eu também, ele não me disse para onde iríamos, mas eu confio nele.

[...]

Depois de prontos, descemos e o Scott pegou sua moto, eu subi, Scott pegou minhas mãos e colocou em sua cintura disse ser mais seguro para andar, que não queria que eu caísse. Acredito que não seja somente por isso, mas eu não iria recusar óbvio né. Ele dirigiu até um pouco longe da cidade, paramos exatamente na saída da cidade onde havia um espaço entre as árvores que dava para ver a cidade inteira de cima, as luzes, as casas e os prédios, era como se tudo fosse tão pequeno, tão irrelevante daquela altura.

- Aqui é lindo dá para ver as estrelas e a cidade toda! - falei olhando vislumbrada.

- É eu sei, eu venho aqui quando quero descansar a mente. - ele parou do meu lado - Daqui de cima tudo parece tão pequeno, tão irrelevante, daqui de cima os problemas parecem ser até menores, é como se eles ficassem ali junto com aquelas pequenas casas, as pequenas pessoas e carros que passam por ali. Parece bobagem mas isso me faz ... digamos que bem.

- Na verdade, é bem bonito o que você falou, não pensei que você fosse tão profundo assim. Aposto que já trouxe várias garotas aqui - abri um sorriso amarelo.

Eu sei que Scott tem que sair com muitas meninas mas era estranho pensar que ele me daria para o mesmo lugar que trouxe todas as outras.

- Então você acha que eu sou raso, o que é ser profundo para você? E não eu não trouxe nenhuma outra garota aqui  - ele sorriu.

- Não! Não é isso que eu quis dizer, é que você não fala muito e quando fala não é sobre como se sente ou algo do tipo, você não parece se importar com muita coisa. - falei olhando para ele.

- Eu me importo com muita coisa que você não sabe. - ele virou o rosto.

Ficamos algum tempo ali admirando a vista, depois das últimas palavras dele, não trocamos nenhuma outra. Saímos dali algumas horas depois, eu disse que estava com fome que queria comer algo, Scott então disse que conhecia um lugar ali perto. Subimos na moto e ele foi dirigindo a encontro desse restaurante, porém no meio do caminho um carro vermelho passou pela gente no sentido contrário, não me atentei muito mas a única coisa que me passava pela cabeça era que de manhã o Scott tinha dito que um carro vermelho ficou rondando a minha casa dias antes da invasão.

Será que eu estou ficando paranoica?

Eu vou ter você!Onde histórias criam vida. Descubra agora