Eu vou ter você!

Capítulo 43

Agora que eu tinha certeza de quem era eu sentia ainda mais medo, medo por saber que eu confiei uma pessoa como ela, que eu a coloquei em minha vida, que na verdade tudo isso era culpa minha. Era ainda pior para mim saber que provavelmente eu seria morta ou algo do tipo, por uma pessoa a qual eu confiei todos os segredos da minha vida, pessoa a qual eu quis compartilhar os meus momentos bons e os ruins, era extremamente angustiante para mim saber que a qualquer momento ela Poderia abrir a porta, mas que não seria a Jessy e sim a pessoa a qual me perseguia. Ainda não me entrava na cabeça nenhum motivo o qual ela poderia usar para fazer tudo isso, eu sempre a tratei tão bem, eu sempre quis por perto. O que se passava na cabeça dela para fazer isso comigo?

Mesmo que aquilo tudo ainda fosse muito confuso para mim eu ainda esperava que ela entrasse pela porta e dissesse que tudo aquilo não passava apenas de uma brincadeira de mau gosto.

Algumas horas se passaram desde a minha conclusão, o tempo parecia não correr. Ainda minha mãe tinha deitada na cama à espera, nem sequer sabia o que eu esperava, eu somente sabia quem eu esperava.

Em um momento eu ouvi um barulho, e em seguida alguns passos, agora eu tinha certeza que alguém estava perto. Meu coração chegou a errar a batida quando escutei um barulho na porta.

- Vou passar sua comida pela portinha! - uma voz disse do outro lado.

Eu tinha certeza que aquela não era a voz de alguém, eu sabia que aquela voz era de algum instrumento que a pessoa estava usando para modificá-la, eu não via sentido algum para aquilo eu realmente tinha certeza que já sabia quem era, era algo evidente para mim, então não consegui controlar a minha raiva.

- EU SEI QUEM VOCÊ É! - gritei e a pessoa por trás da porta simplesmente riu. - JESSY? ME TIRE DAQUI!

A voz então ficou em silêncio e uma bandeja foi passada pela portinha, em seguida eu ouvi ela caminhar para longe.

Pensei seriamente em ir pegar a comida eu estava morta de fome, mas ao mesmo tempo tinha medo de que houvesse algo naquela comida, veneno ou algo do tipo. Me aproximei da portinha pensando que ela já havia ido embora, fiquei encarando aquela comida pensando se seria uma boa ideia comer ou se eu apenas ficava ali sem comer até quando eu aguentar, talvez alguém aparecesse para me levar, eu sei que é idiotice pensar que tenho que ser salva para alguém, e também sei que eu disse que não queria ser uma donzela indefesa, mas neste momento era a única coisa a qual eu me encaixava.

[...]

Algumas horas se passaram, eu estava quase me cedendo a comer aquela comida, eu não tinha mais escolha, minha pressão estava baixíssima, o meu medo era ainda maior se caso eu desmaiasse, se isso acontecesse não teria nem como me defender ou ao menos tentar, mas acordada eu tinha certeza de que poderia tentar, então peguei a bandeja e comi a comida que estava nela. Esperei algum tempo ainda duvidosa se algo aconteceria comigo, mas depois de algumas horas eu cheguei a conclusão que não havia nenhum veneno naquela comida, eu não estava sentindo nada, aquilo não fazia sentido pra mim, eu achei que ela me mataria na primeira oportunidade, mas agora eu tinha ainda mais medo, em saber que provavelmente ela estava "jogando" comigo, como em Jogos mortais, esperando o momento que eu menos imaginar para fazer algo.

Fiquei um tempo sentada no chão observando a porta, tinha receio de que ela abrisse a qualquer momento. Até então a única coisa que eu encontrei que poderia servir como uma "arma" foi um cabide de madeira que estava dentro do guarda-roupa, mantive ele bem atrás de mim caso precisasse usar.

Não faço ideia de quanto tempo passou comigo naquela posição, mas quando menos esperei, ouvi passos. Me agachei numa posição que ficasse mais fácil caso eu precisasse "atacar". A porta se abriu revelando a pessoa que eu menos esperava ver naquele momento, a pessoa que eu nunca nem imaginaria ser assim, eu pude sentir meu coração subir pela minha garganta, eu tinha a real sensação de que isso estava acontecendo.