Capítulo 6

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CAPÍTULO 6

Depois de tomar alguns remédios e engessar meu pulso esquerdo eu estava bem, Marie e eu voltamos no carro em silêncio, já estava tarde, eu teria tempo só de tomar um banho e me arrumar mais ou menos para o famoso jantar em "família".

- Não vou perguntar o que aconteceu, mas espero que tenha sido um acidente! - ela afirmou parando o carro.

- Eu caí! 

Tecnicamente eu não estava mentindo, eu realmente tinha caído,  porque alguém me empurrou contra o armário mas ainda assim cai.

- Seu celular está em cima da mesa! - ela entrou em casa e eu logo atrás.

Peguei o celular e subi, tomei banho, fiz minhas outras higienes, coloquei um vestido azul e uma sapatilha, peguei meu celular que vibrava em cima da cama. Era Moni.

- Graças a Deus já está com o seu celular! Te liguei a tarde toda e nada - ela falou do outro lado da linha parecendo meio preocupada.

- Eu fui resolver umas coisas! Mas fala, por que me ligou? - perguntei sorrindo.

- Tá sabendo o que rolou com o Jackson?

Fiquei quieta, que droga, eu me esqueci totalmente de contar pra ela o que aconteceu.

- Eu ... - antes de que eu tivesse qualquer chance de continuar a contar ela me interrompeu.

- Disseram que ele foi comprar um daqueles remédios, mas estava devendo o cara, então eles quebraram a cara dele, nossa que coisa, ele ta no hospital. - Moni parecia desligada.

- É, ele sempre... tava fazendo essas coisas, uma hora isso ia rolar! - Eu falei qualquer coisa que me veio à cabeça.

- Você vai visitar ele?

- Não sei! - respirei fundo - Tenho que desligar, jantar em "família" - debochei da última palavra. 

Desligamos e eu me sentei na cama.

O que será que aconteceu? Por que estão falando que foi um traficante? Será que tem um boato parecido para Ben?

Eu estava confusa, não fazia sentido, eu e o Scott estávamos ali, e vimos o que tinha acontecido, como essa mentira se espalhou.

Afastei os pensamentos e respirei fundo.

Foi melhor assim, quanto menos problemas eu me envolver, melhor.

Sai do quarto e desci as escadas. Meu pai estava sentado no sofá e Marie procurava alguma coisa, ignorei ela e me sentei no sofá ao lado do meu pai.

- Achei! - ela quase gritou.

Nos levantamos e fomos até o carro, meu pai foi dirigindo, Marie ao seu lado e eu atrás.

Bufei com aquilo eu odiava ter que ir atrás por causa dela. Até no lugar do carro ela me roubou.

Chegamos no restaurante e pedimos. O pedido demorou um pouco mas logo chegou. 

- Amber? - meu pai chamou minha atenção enquanto eu comia. - Temos uma notícia para te contar.

- Fala! - disse dando mais uma garfada.

- Eu e a sua mãe vamos nos casar. - ele falou sorrindo.

Eu fiquei olhando os dois como se estivessem mentindo. O que? Como ele é idiota, era isso que ela queria, casar, ela não se casou quando eu nasci, e agora que o meu pai tem dinheiro ela quer casar? Que droga!

Me levantei e sai andando até o banheiro. Não é possível. So pode ser brincadeira, primeiro Ben, depois um casamento, meu braço, ta tudo dando errado. Abri a torneira e joguei água no rosto. Será que ela não percebe como isso me afeta? Eu passei a minha infância toda, sendo um álibi para ela sair com outros homens, e depois que ela foi embora, com tudo que era nosso, meu pai teve que fazer muitas coisas para termos algo hoje, eu passei sete anos sendo mais do que eu podia ser, sendo forte para que ele não sentisse que estava me prejudicando, e agora, meu pai tem tudo de novo, ela aparece dizendo coisas bonitas e acha que eu vou acreditar. Eu me culpei todos esses anos achando que se eu tivesse contado, se eu tivesse feito algo, talvez assim, meu pai não teria sofrido. Não pude evitar, eu estava chorando, pela primeira vez desde o ocorrido.

Flashback on

- Mamãe! - eu gritava correndo até ela - O que está fazendo? Me leva com você! - ela continuou caminhando como se eu não estivesse ali - Mamãe! 

- Cala boca! Ele vai ouvir, volte para dentro, antes que eu te leve até lá!

- Me leva com você! - as lágrimas saiam como as ondas do mar.

- Não vai me atrapalhar. 

- Eu prometo que não!

Ela me ignorou e entrou no carro, dando partida e indo embora, eu corri o mais rápido que podia para alcançar, mas não consegui.

Flashback off

Eu me senti como naquele dia, uma garota ingênua, que tinha esperanças de que as coisas ficariam bem. Mas foi inútil, eu só conseguia pensar em como eu tinha sido tola, se eu tivesse feito algo.

Enxuguei minhas lágrimas, abri a porta de cabeça baixa e sai andando, bati de frente com alguém, era um garoto, ele tinha músculos, bati de frente ao seu peitoral, eu reconheci o cheiro.

Eu vou ter você!Onde histórias criam vida. Descubra agora