Capítulo 9.

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Tentando ser difícil.

Pov – Louis.

Essa conversa de homem perfeito me perturba um pouco, não o assunto, mas o quanto a resposta de Harry me importa, e gosto do que ouço. Ele não quer um cara cheio de delicadezas e não espera aquela coisa melosa que toda pessoa parece querer.

Depois de ter passado a noite com ele nos braços, essas coisas ficaram martelando na minha cabeça, acordar e assistir Harry dormindo também foi algo diferente. Não sei o que pensar sobre isso, só passei a me preocupar um pouco mais com ele, parece que fiquei com mais medo ainda de algo acontecer com Harry. Precisei engolir meu orgulho e ir pedir a Michonne que os acompanhasse nas tumbas.

E como se não bastasse, ele ainda vem com aquele papo de resolver o problema, como se nunca ter dormido com alguém fosse de fato um problema, ele seria mesmo capaz de fazer a tolice de simplesmente? Não, ele não faria isso. Harry nunca faria uma coisa assim, estou agindo feito um idiota.

No jantar, ele se senta ao meu lado na escada, parece o tipo que cumpre suas promessas.

− Beth está com uma cela toda bonita e delicada. − Ele me diz enquanto comia.

− Quer uma assim também? − Eu poderia fazer algo especial para ele, mesmo achando bobagem.

− Não, depois vou ter que arrumar. Sabe, minha casa até que era arrumada, mas depois que o mundo acabou, percebi que isso é tudo bobagem.

− Concordo. − Eu respondo. – Michonne ajudou vocês? − Finjo desinteresse.

− Sim. − Ele me sorri. – Aposto que foi pedir a ela.

Como ele sabe disso? Eu o olho espantado, mas ele sorri, Harry tem um jeito diferente de encarar a vida. Um jeito que admiro, deixa as coisas simples, não faz drama, podia gritar e choramingar, dizer que não confio nele e que fiz isso pelas suas costas, mas ele parece não perder tempo com tolices.

− Vamos sair amanhã. − Eu aviso, sei que ele vai de qualquer jeito. – Vamos num grupo grande, vai se comportar?

− Vou tentar terminar o dia sem me tornar refém, mas você sabe, tudo pode acontecer.

− Pode, por isso, cuidado.

− Sim, senhor! − Ele responde entediado.

− Preciso conversar com o Liam e a Sasha, vamos terminar de checar umas coisas.

− Vou brincar um pouco com a Judy, agora que superei isso, estou louco por ela.

Ele me deixa e segue para perto de Beth e a bebê. Decido me reunir com o grupo, nos sentamos numa das mesas e começamos a nos organizar. Harry fica um pouco com a Bravinha, escuto sua voz doce e suas risadas que preenchem o ambiente, aquelas músicas ruins que ele adora cantar, mal consigo me concentrar. A porcaria do mundo está acabando, não tenho tempo para isso, temos muitos para alimentar e proteger, minhas prioridades parecem mudar a cada dia. Harry está no topo delas, o que pensa, fala e faz, tudo me interessa mais que o restante e não sei como resolver isso, nem sei se quero. A verdade é que só sei esperar a luz de sua lanterna invadir minha cela, ou casa, como ele gosta de chamar.

Harry some para dentro do bloco. Logo terminamos a reunião, me levanto e caminho para cama, amanhã vamos sair cedo e sei que Harry vai reclamar que demorei demais, que está sem sono, que... E todo tipo de bobagem que adoro ouvir.

Me deito, o tempo passa e nada de Harry. Será que ele não gostou de dormir aqui? Ou talvez esteja apenas cansado e tenha pegado no sono. Decido fazer o mesmo, me reviro de um lado para outro, uma hora deve ter se passado e nada dele ainda. E se estiver doente, triste, quem sabe o que pode estar acontecendo com aquela maluco? Já estava me decidindo a ir até sua casa para saber e finalmente a lanterna ilumina meu rosto, ele para de pé ao lado da minha cama.

Caminhando Entre os Mortos | l.s versionOnde histórias criam vida. Descubra agora