Capítulo 25.

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Indiferença.

Pov – Louis.

Saímos completamente do nosso plano inicial, perder o carro e dar de cara com aquela horda atrapalhou tudo. Agora o que precisamos é seguir em frente, achar um carro e continuar.

A noite cai sobre nós com seu manto preto e assustador, cheia de segredos e perigos, nos deixa lentos e silenciosos, não tem outro jeito, é isso que o fim do mundo nos trouxe. Harry caminha calado e por alguma razão, está com o lenço no rosto, deve ser alguma brincadeira maluca que meu marido vive inventando, mas esse silêncio dele está me incomodando. Harry é homem de palavras, muitas delas, ele preenche o silêncio e o tédio com uma infinidade de questões, que no momento parecem ter sucumbido ao cansaço e o medo, vez ou outra, eu o olho.

Michonne e Bob caminham lado a lado, Tyresse está cada vez mais introspectivo, não consigo deixar de pensar no quanto ele é forte. Eu realmente não sei onde estaria se Harry estivesse no lugar de Karen, nem posso pensar muito sobre isso que já sinto vontade de esmurrar algo.

─ Alguém muito cansado ou podemos continuar? ─ Pergunto no início da noite.

─ Continuar. ─ Harry diz baixo. – Precisamos achar logo um carro.

Tento segurar sua mão e ele desvia, fico em dúvida se foi proposital ou sem querer, Harry está estranho.

─ Por que está com esse lenço? ─ Pergunto já cansado daquilo.

─ Estou protegendo... a Mich. ─ Ele diz e todos o olhamos. – É o certo, ela não teve contato com o bloco nem com os doentes, deviam fazer o mesmo.

─ Estávamos fechados no carro até agora pouco. ─ Michonne avisa, deixando claro que um mísero lenço agora é inútil.

A madrugada se aproxima trazendo uma brisa fria, Harry estremece um pouco e entrego minha jaqueta a ele, que aceita sem fazer nenhum comentário.

─ Vamos parar um momento. ─ Michonne pede e paramos em formação, escuto o barulho de passos, é mais de um e vindo de direções diferentes. Armo a besta, Ty pega seu martelo, Michonne a katana e Bob uma faca, Harry também se prepara com a respiração acelerada, não costumo vê-lo com medo, mas parece que está.

Dois zumbis surgem, acerto um com a flecha e Michonne pega o outro com a katana, dois vem na direção de Ty, ele sai da formação impaciente e acerta os dois, logo mais três se aproximam. Harry acerta seu machado em um, ele fica preso na testa do zumbi e ele empurra o corpo com o pé, solta o machado a tempo de desviar de mais um, que Michonne acerta enquanto eu derrubo mais dois, finalmente acaba e respiramos.

Harry senta no chão e está cansado, como se tivesse lutado uma batalha de horas, me aproximo, toco seu ombro e ele logo fica de pé.

─ Estou bem. ─ Diz rápido, muito rápido para meu gosto.

Amanhece e encontramos um leito de rio. Harry se lava, bebe água, molha a nuca e os pulsos, enquanto Tyresse lava a camisa suja de sangue de zumbi.

Me aproximo de Harry que sorri, passo seus cabelos para trás da orelha e ele desvia o olhar. Me preocupa e movo seu queixo para ele me encarar, quero sondar seus olhos e descobrir que segredos está me escondendo, me aproximo e mais uma vez, ele desvia de mim.

─ Onde está o garoto que vivia implorando beijos? ─ Tento brincar, seus olhos sorriem com certa tristeza.

─ Aqui. ─ Ele responde, colocando de volta o lenço. – Apenas vamos nos proteger um pouco, está bem? ─ Concordo sem muito ânimo e sigo até Michonne. Precisamos olhar o mapa, descobrir onde estamos e decidir para onde seguir. Bob se aproxima de Harry e conversam um pouco, ele passa a mão pela cabeça, faz um ar preocupado e Harry o segura pela mão, os dois tem uma pequena discussão. Depois Harry vem para perto de mim e Bob chama Tyresse para seguirmos em frente.

Caminhando Entre os Mortos | l.s versionOnde histórias criam vida. Descubra agora