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VINNIE HACKER

📌 aldeias das marés

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📌 aldeias das marés

Limpei minhas mãos em um pano, que provavelmente já estava mais sujo do que elas, tentando tirar as manchas de grafite que insistiam em se espalhar pelos meus dedos

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Limpei minhas mãos em um pano, que provavelmente já estava mais sujo do que elas, tentando tirar as manchas de grafite que insistiam em se espalhar pelos meus dedos. Costumava achar engraçado o fato de que, às vezes, eu me perdia tanto no trabalho, especialmente quando estava com prazos apertados – o que acontecia mais do que constantemente –, que se eu apenas tocasse uma das minhas telas em branco ou alguma das minhas folhas de desenho, deixaria impressões digitais suficientes para que a polícia tivesse meu registro por todos os lados.

Ainda bem que eu não pretendia cometer nenhum crime. A não ser que atraso fosse um. Eu dificilmente conseguia ser pontual. Na verdade, não era um descuido. Não era uma característica que me deixava envergonhado... era só que eu enxergava a vida de uma forma um pouco diferente. Eu não ouvia sons de despertadores, nem os tique taques dos relógios.

Se não os ouvia, parei de me importar com a hora.

Mas nunca com o tempo. O fato de saber que o tempo sempre passava, provavelmente muito mais rápido do que eu poderia acompanhar, era o que me fazia desacelerar todos os dias. Era o que me fazia gostar de manhãs longas e preguiçosas, acordando cedo para acompanhar com calma o nascer do sol, que eu tinha o privilégio de enxergar da minha própria varanda. Gostava de passar algumas horas com meu cachorro, porque o tempo passava para ele de uma forma diferente de como andava para mim. Aos trinta e três anos, eu provavelmente – com sorte – ainda teria mais uns cinquenta ou sessenta pela frente. Com dez, ele teria mais uns quatro ou cinco. Sendo assim, eu podia esperar um pouco mais pelas coisas, sem me desesperar.

Aquele era o último dia para enviar o primeiro esboço da edição de Janeiro do meu quadrinho. Meu editor já tinha me mandado uns dezoito e-mails, umas quinze mensagens para meu Whatsapp, e eu ficava muito feliz pelo fato de ele não poder me ligar para me atazanar ainda mais. As coisas seriam na minha velocidade. Eu não gostava de apressar nada, embora soubesse que havia um limite para o quanto podia adiar meus projetos ou minhas ações.

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora