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📌 aldeias das marés
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Toquei a campainha e esperei, segurando um prato de biscoitos amanteigados recém-assados, com a outra mão no ombro do meu filho. Os dois pareciam ansiosos, de formas distintas. Ambos querendo que tudo desse certo, mas cada um por suas razões. Mauro atendeu à porta e sorriu ao nos ver.
— Boa tarde, pessoal! Que bom ver vocês aqui! — cumprimentou animado, abrindo espaço e apontando para que passássemos. Na verdade, eu nem pretendia entrar, mas Cauê foi tomando a dianteira sem nenhum pudor, especialmente porque viu Stephanie sentadinha no sofá, para onde foi, acenando para ela.
— Desculpa vir sem avisar, mas não tenho o seu telefone. Acabamos de voltar do centro, e Cauê não quis esperar para mostrar uma coisa nova.
— Ah, então estou ansioso por isso! — Mauro pousou os biscoitos na bancada da cozinha americana, roubando um e mordendo, fazendo uma expressão de deleite:
— Uau! Você que fez isso?
— Sim, receita da minha tia que morava na casa onde estou hoje em dia.
— Olavo vai querer essa receita, sem dúvidas! — Sorri, feliz por eles serem pessoas tão amigáveis. Aliás, eu não poderia reclamar da minha sorte. Quando o marido de Mauro surgiu, para também nos fazer companhia, minha total certeza de que eu estava cercada por pessoas bondosas e gentis preencheu meu coração com aquela sensação de paz que eu não possuía desde que saí daquela mesma cidadezinha.
Não era difícil entender que esta era a medida para determinar quais locais eram nosso verdadeiro lar – as pessoas que nos rondavam e o sentimento de pertencer. Não só ao lugar em si, mas a mim mesma. Finalmente eu me sentia dona do meu corpo, da minha alma, das minhas emoções e das minhas escolhas. O telefonema de Rosângela, um pouco mais cedo, me deixou tensa, porque eu sabia que eventualmente teria que confrontá-la e me preparar para a luta, que não seria pequena. Se Júlio despertasse, então... Nossa, eu não podia nem cogitar essa hipótese.
