nineteen

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LIVIA BILLY

📌 aldeias das marés

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📌 aldeias das marés

Fiquei lendo e relendo a mensagem um milhão de vezes sem saber o que fazer

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Fiquei lendo e relendo a mensagem um milhão de vezes sem saber o que fazer. Cauê assistia a um filme em seu quarto, depois de almoçar, e tudo o que eu queria era que ele não percebesse o que estava acontecendo. Se descobrisse que seu pai tinha acordado, isso iria lhe fazer muito mal.

Estávamos construindo uma nova vida ali em Aldeia das Marés, ele fez amigos, estava gostando da nova escola. Não precisava estudar em uma instituição especial, porque ouvia perfeitamente, mas as professoras precisavam estar cientes de sua condição. No Rio, ele sofreu bullying com alguns colegas, e isso o afetou mais ainda. Aparentemente, naquela cidadezinha as pessoas eram um pouco mais gentis, porque parecia mais empolgado, embora ainda tímido e mais retraído. Só que todos aqueles planos poderiam ir por água abaixo.

Se Júlio contasse o que realmente aconteceu... Se ele simplesmente quisesse me chantagear, o que eu não seria capaz de fazer para que ninguém descobrisse a verdade sobre aquela noite? Como se adivinhasse que eu precisava de um pouco de colo, vinnie bateu na porta da minha casa, e eu simplesmente me joguei em seus braços, apertando-o e começando a soluçar com a cabeça enterrada em seu peito. Esperando meu tempo, ele acariciou meus cabelos e retribuiu o abraço, sempre calmo, sereno e compreensivo. Fui me acalmando ao sentir o cheiro já familiar de sua roupa limpa, misturado com o aroma de seu xampu e ao olhar para sua mão, quando esta chegou ao meu rosto, e vê-la com algumas marquinhas de tinta, que provavelmente não saíram nem com água e sabão. Segurou-me pelos braços e me afastou, olhando nos meus olhos, mas soltando-me para falar:

— "O que aconteceu?" — Respirei fundo, precisando me preparar psicologicamente para conversar sobre aquele assunto.

— "Minha sogra me mandou uma mensagem dizendo que meu marido acordou." — Parecia quase absurdo. Era algo que jurei que não iria acontecer, que se tratava apenas de um pesadelo distante, uma possibilidade tão remota que eu nem precisava manter em mente.

Mas, naquele momento, comecei a perceber que foi uma bobagem da minha parte. Muitas pessoas em coma retornavam depois de meses, anos. Pelo que os médicos sempre disseram as chances de Júlio eram boas, levando em consideração que sua atividade cerebral era perfeitamente normal. Ele respondia a alguns estímulos, e seus pais tinham dinheiro suficiente para mantê-lo em um dos melhores hospitais da cidade, com especialistas e cuidados aos quais outras pessoas não teriam acesso. Eu só esperava que isso acontecesse depois que eu tivesse conseguido resolver minha situação. Mas a culpa era apenas minha. Fui protelando, protelando, até ser tarde demais. Vinnie ficou calado depois de receber a notícia, mas antes que pudéssemos dizer qualquer coisa um para o outro, o telefone tocou. Eu deveria tê-lo deixado desligado para não cair na tentação.

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora