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LIVIA BILLY

📌 aldeias das marés

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📌 aldeias das marés

O mundo começou a girar sem parar

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O mundo começou a girar sem parar. Ou talvez eu estivesse girando. Não saberia dizer.   Senti que as coisas iam voltando aos eixos conforme me sentei, e senti um pouco de água em minha testa. Água gelada e salgada, porque algumas gotas foram deslizando até minha boca, trazendo o gosto à minha língua quando, instintivamente, a lambi.  Um braço forte praticamente me sustentava sentada, ou eu certamente acabaria me jogando para trás, quase derrotada pelos meus próprios sentimentos.

Era difícil ganhar as batalhas contra eles, que sempre pareciam estar armados e com escudos poderosos, esquivando-se de qualquer técnica que eu tivesse aprendido nos vídeos que assisti, tanto de respiração, meditação ou de concentração. Tudo isso parecia nunca funcionar comigo quando meu corpo e minha mente entravam em colapso. 

— O que aconteceu? — uma voz masculina misturou-se aos sons das ondas, e eu já estava quase surpresa por ninguém ter dito nada até aquele momento, até minha cabeça voltar a funcionar quase perfeitamente e eu me lembrar que o homem que me acompanhava não podia falar. 

As palavras que ouvi vinham de Comandante Arnaldo, que chegava o mais apressado que suas pernas conseguiam correr, com sua idade avançada, e se colocava ao nosso lado.  Olhei para cima, e a primeira coisa que vi foram os olhos claros de vinnie me fitando, preocupados. Ele tinha um rosto expressivo, especialmente daquele jeito, com o cabelo longo preso em um coque, e não caído por todos os lados, cobrindo suas feições. Eu sabia que Arnaldo ainda estava se aproximando de nós, mas perdemos alguns instantes nos observando. Respirei fundo mais uma vez, tentando me acalmar, mas isso só serviu para me deixar um pouco mais tonta. 

Vinnie acabou de me soltar, provavelmente acreditando que eu tinha condições de me manter sozinha, mas minhas costas se arquearam para trás, de total exaustão. Aqueles últimos dias tinham sido tão tumultuados... A adrenalina de algo que, para mim, era como uma fuga, o desespero de fazer tudo no mais completo mistério, os telefonemas da minha sogra que não atendi, as pequenas rebeldias de Cauê e a ideia repentina e absurda de que, naquele momento, ele tinha se lançado ao mar de propósito. 

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora