epílogo

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LIVIA BILLY

📌 aldeias das marés

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TRÊS ANOS DEPOIS

— MÃAAAAAAAAAAAAE! — Não importava que eu não tivesse dormido quase nada naquela noite, com uma bebezinha de três meses cheia de cólicas, e tivesse finalmente conseguido cochilar.

Não importava que eu fosse me sentir um zumbi naquele dia, durante toda a festa de Réveillon do condomínio, que se tornara tradicional desde que eu e vinnie nos casamos na data, alguns meses depois de ele me pedir em casamento... Não... nada disso era mais relevante do que ouvir meu garotinho me chamando.

Ele já tinha doze anos, estava quase mais alto do que eu, mas sempre seria o meu bebê. Além disso, já falava pelos cotovelos há algum tempo, mas eu nunca daria nada como garantido. Nunca negligenciaria o que o destino nos dera. A paz que construímos. A família que formávamos. Girei na cama, olhando para ele, que se deitou ao meu lado, dentro do meu abraço. Eu também não negligenciaria esses pequenos detalhes. O fato de ele buscar a mim, o meu carinho, de não estarmos mais tão distantes. Tudo isso era um presente.

— Papai já está lá embaixo com a Juju. — Ele se referia à irmãzinha, por quem era completamente apaixonado.

— Tia Pâmela já chegou. O Pão de Queijo já está todo sujo de areia. — Não pude deixar de sorrir da forma como falava.

Durante o nosso casamento, eu convidei Pâmela, filha de Arnaldo, e ela topou participar. Mesmo que fizesse muito tempo que não nos falávamos, eu e vinnie conseguimos seu contato, ligando para a empresa na qual ela trabalhava, e a convencemos. Ficou hospedada numa casa no condomínio, com sua esposa, Cíntia, e o reencontro foi quase tão emocionante quanto a cerimônia em si.

Eles passaram um bom tempo conversando, e Arnaldo conseguiu explicar o quanto seu pensamento tinha mudado nos últimos anos; ele teve finalmente a chance de provar que queria recuperar o relacionamento com a filha e conhecer sua nora. Para a nossa surpresa, Pâmela comprou a casa onde ficou hospedada, completando mais ainda a família que formamos dentro daquele lugar. Mas, mais do que isso, ela tinha uma linda Golden Retriever, chamada Wandinha e... bem... Van Gogh não teve a menor chance.

No final das contas, cada um de nós herdou um filhotinho: Arnaldo ficou com a fofa Farofa, Olavo e Mauro adotaram o Forest, eu e vincent pegamos um garotinho, que chamamos de Condinho – em homenagem ao local que se tornou nosso refúgio – e Pâmela pegou o Pão de Queijo. Ou seja, éramos felizes quando todos se juntavam, porque cachorros fofos corriam por toda parte e nos rondavam.

Os filhotes já tinham quase três anos, e cada um dava trabalho de uma forma diferente, mas era maravilhoso. Com o incentivo de Cauê, levantei-me e tomei um banho para tentar espantar o sono, e escolhi um vestido todo colorido – que era um dos favoritos do meu marido – e desci, encontrando todos na areia. Apesar de o ano só virar à noite, nossa festinha duraria o dia todo, com um almoço caprichado, conversas e a harmonia familiar de sempre. Teríamos violão, porque vinnie gostava de clima de luau, embora não pudesse participar tão ativamente.

Assim que eu cheguei e dei um beijinho na minha filha, ele a entregou para Pâmela e me puxou, levando-me até a casa dele. No final das contas, decidimos morar na minha e deixar a outra, onde ele vivia antes, como nosso escritório. Nós fizemos uma reforma grande, dividindo os espaços, para que nós dois pudéssemos trabalhar, cada um em seu canto, mas sempre perto, e eu fiquei surpresa quando, ao entrarmos, ele me entregou uma caixinha.

Já tinha ganhado uma bicicleta nova de Natal, uma vez que também abdiquei do carro – e também estava no processo de me tornar vegetariana, o que deixava o comandante extremamente decepcionado –, então demorei a entender do que se tratava. Mas vinnie me incentivou a abrir, e eu o fiz. Deparei-me, então, com a prova de uma de suas revistas. Eu sempre tinha acesso a elas antes, e isso deixava Cauê animadíssimo, porque ele amava as histórias que o pai escrevia, mas a daquele mês realmente ficou em segredo.

A personagem Red Umbrella tinha amadurecido ao longo daqueles anos, e algumas de suas aventuras foram se tornando mais sérias, mais sombrias, a pedido do editor, uma vez que o público também parecia crescer. Só que eu, definitivamente, não esperava que aquela fosse uma edição especial. RED UMBRELLA e os invencíveis era o título. Na capa, havia o desenho de uma espécie de família inspirada em Os Incríveis.

Um homem, de longos cabelos loiros, a protagonista que todos já conheciam, um garotinho de uns doze anos e uma bebezinha no colo da mãe. Era a nossa família. Éramos nós. Ergui os olhos emocionados para ele, e Apolo começou a explicar:

— "Joshua aprovou. A partir deste ano, a Red Umbrella começará uma nova fase. Ela não estará mais sozinha para salvar o mundo..." — Ele deu de ombros, tímido. Deu um passo para frente e levou a mão ao meu rosto, acariciando-o, mas afastou-a para dizer:

— "Ela nunca mais estará sozinha." — Eu sabia disso. Nenhum de nós nunca mais estaria.

Éramos nós contra o mundo... e ninguém poderia mudar isso. Absolutamente ninguém.

- bia

- bia

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FIM

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FIM.

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora