twenty-five

574 60 4
                                    

VINNIE HACKER

📌 aldeias das marés

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

📌 aldeias das marés

Aos poucos, pequenos pontos de cor foram surgindo em meio ao medo e a melancolia

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aos poucos, pequenos pontos de cor foram surgindo em meio ao medo e a melancolia. Às vezes eu mesmo os proporcionava, usando meu pincel, fazendo desenhos bobos no narizinho de Cauê ou no rosto de Lívia, pintando a covinha que eu tanto amava de cores diversas. Às vezes ela me surpreendia surgindo com uma blusa amarela ou um vestido azul-claro. Roupas que jamais a vi usando desde que voltou para Aldeia das Marés.

Não foi tudo tão simples como um passe de mágica, por mais que ela estivesse tentando. Assim que tomou a decisão de ligar para sua sogra, afirmando que não iria voltar, que não tinha o menor interesse em ver o marido depois de tudo o que ele tinha lhe feito – o que ela me contou com uma raiva imensa, especialmente a parte da total indiferença da mulher –, eu acionei Josh, que me passou o contato do advogado Rafael Loureiro, para nos auxiliar no caso.

Como ainda não havia nenhuma queixa contra Lívia, a questão seria apenas o divórcio. Com Júlio acordado, não precisaria ser um processo tão trabalhoso, ele teria apenas que assinar. Lívia decidiu esperar um pouco para enviar a papelada, uma vez que ainda estava se recuperando e havia um longo caminho pela frente, porque ele encontrava dificuldade para falar, para se movimentar e permanecia com a memória abalada. Talvez tivesse sequelas para sempre. Talvez se recuperasse em tempo recorde, dependia muito de sua boa vontade para tal.

Enquanto isso, nós começávamos a tentar viver uma vida normal. Uma vida à qual íamos nos estabelecendo aos poucos. Eu sentia que Lívia, volta e meia, se pegava pensativa e tensa, olhando para o nada, com uma expressão perdida, e eu sabia que enquanto as coisas não estivessem completamente resolvidas, ela não conseguiria ter paz. Tentava acalmá-la e acalentá-la, principalmente à noite, quando tinha pesadelos, que eu esperava que fossem diminuindo com o passar do tempo. Ela e Cauê passavam muito tempo na minha casa, ou eu ficava muito com eles, levando Van Gogh comigo.

Por mais que nossas propriedades fossem uma ao lado da outra, a necessidade de estarmos sempre juntos era muito maior. Sempre levávamos Cauê para a escola de bicicleta; ele na minha garupa, parecendo mais feliz do que antes, recuperando a carinha de criança que deveria ter desde o início. Ele não sabia que eu conhecia a verdade de sua história, e preferíamos assim. Quanto menos precisasse se lembrar do episódio trágico, melhor.

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora