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VINNIE HACKER

📌 aldeias das marés

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📌 aldeias das marés

Eu não costumava permitir que a ansiedade me consumisse, mesmo quando as coisas ficaram um pouco mais difíceis na minha vida, porque sempre usei a meditação como remédio

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Eu não costumava permitir que a ansiedade me consumisse, mesmo quando as coisas ficaram um pouco mais difíceis na minha vida, porque sempre usei a meditação como remédio. Só que era difícil simplesmente pedir licença, ir para um cantinho e me tornar o cara zen da turma, pelo simples motivo de que eu queria desesperadamente que certa mulher chegasse. Ela tinha dito que apareceria, não tinha? Um dia inteiro se passou sem qualquer mudança nessa decisão – ao menos que eu soubesse –, então, deveria ser apenas uma questão de tempo até que surgisse.

Estávamos todos reunidos na sala de estar: eu, Arnaldo, Mauro e Olavo, que eram pais da pequena Stephanie, uma linda garotinha de seis anos, que parecia extremamente entediada com sua boneca, mas educadamente fazendo sala para as visitas. Todos conversavam normalmente, mas tinham o cuidado de fazê-lo pausadamente para que meu aplicativo funcionasse perfeitamente. Como eu vivia em um mundinho muito meu, sem muita companhia, normalmente não ligava muito para ter a tecnologia a meu favor, mas em situações como aquela, onde eu queria, de fato, socializar, decidi me render.

Tratava-se de um aplicativo instalado no meu celular, que transcrevia as conversas faladas ao meu redor, de forma bem mais correta do que o Google, para que eu pudesse ler o que as pessoas estavam dizendo. No caso contrário, eu poderia escrever, e ele lia em voz alta o que queria falar. Não era algo rápido, demandava algum tempo, mas era uma forma de eu poder interagir com todos, mesmo os que não tinham habilidade para lidar com pessoas com a minha deficiência.

A conversa estava animada, porque Arnaldo, que começara extremamente relutante, logo se rendera ao casal, principalmente porque Olavo era bastante engraçado. O comandante decidira nos presentear com suas famosas histórias do tempo de piloto, especialmente a sua favorita, para a qual eu nem precisava usar o aplicativo de reconhecimento de voz, de tantas vezes que já me fora contada.

— Então eu precisava me apresentar à tripulação, dizer o nosso destino, o número do vôo e repassar o clima no local, aquelas coisas de praxe... — Todos assentiram, prestando atenção. Eu lia os lábios do comandante, tentando acompanhar, só para participar, já que conhecia muito bem o desfecho. Tinha uma latinha de cerveja na mão, e às vezes perdia pedaços de sua fala, mas não importava, porque a conhecia de cor.

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