twenty-two

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LIVIA BILLY

📌 aldeias das marés

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📌 aldeias das marés

Conforme vinnie me guiava pelos degraus das escadas de sua casa, eu simplesmente não conseguia tirar da cabeça todas as coisas que me contou

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Conforme vinnie me guiava pelos degraus das escadas de sua casa, eu simplesmente não conseguia tirar da cabeça todas as coisas que me contou. Meus sentimentos se entrelaçavam em uma bagunça quase sufocante, porque ao mesmo tempo em que a história, que já era sombria na minha cabeça, adquiriu tons ainda mais obscuros, um pequeno lampejo de esperança também se formou, com a ideia de que Júlio tirou muito de mim, mas não o meu primeiro beijo. Ele foi com alguém que eu considerava especial. Não tive muito tempo para analisar todas essas coisas, porque chegamos ao sótão – para onde vinnie disse que queria me levar –, e a porta foi aberta bem devagar.

A primeira coisa que enxerguei foi um espaço não muito organizado, com telas brancas e outras inacabadas por toda parte, além de algumas em um canto, que pareciam prontas. Havia tintas, cavaletes e pincéis sobre uma mesa, além de panos, papéis e muitas coisas manchadas. O chão, claro, era cheio de respingos multicores, como se um arco-íris tivesse se derramado ali. Era caótico, mas lindo. O ambiente era claro, e eu podia ouvir o som do mar. Era uma pena que vinnie não pudesse usar de tal artifício para ajudá-lo com sua inspiração, mas ele nem parecia precisar. Era um artista e tanto.

Suas pinturas tinham um quê de moderno, eram muito coloridas, mas eu tinha a impressão de que não era isso que queria me mostrar, tanto que me levou a outro canto do sótão, uma espécie de quartinho anexo, onde eu vi muitas prateleiras repletas de edições de HQs. A dele, sem dúvidas. Diferentemente do espaço anterior, aquele era muito organizado, e eu podia ver os números das revistas na lombada fina, o que me indicava que estavam arrumadas perfeitamente, em ordem cronológica.

Em uma prateleira mais abaixo, havia edições em outras línguas, o que eu ainda não sabia. Não fazia ideia de que o trabalho de vinnie tinha sido traduzido para tantos países. Ele me deixou próxima à porta e foi até o canto esquerdo do ambiente, pegando a primeira de todas as revistas das fileiras. Parecia ser a edição número 1. Folheou-a de um lado para o outro, de trás para frente, com os olhos cabisbaixos, como se algo o entristecesse. Não entendi em um primeiro momento, porque... aquele deveria ser um dos motivos de maior orgulho, não? Eu, como escritora, amaria ter o meu trabalho todo impresso daquela forma, e mais ainda traduzido. Adoraria que o mundo inteiro lesse meus livros.

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