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LIVIA BILLY

📌 aldeias das marés

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📌 aldeias das marés

Minhas mãos tatearam a cama em busca do celular que tocava sem parar

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Minhas mãos tatearam a cama em busca do celular que tocava sem parar. Quando encontrei o aparelho, fui no automático e atendi a ligação, ainda no limiar entre o sono e o despertar, meio que sem me dar conta do erro que cometi.

— Lívia, pelo amor de Deus! Não é possível que não tenha consideração por nós. Por que não nos ligou até hoje? Por que não atendeu? — a voz da minha sogra, do outro lado da linha, me fez abrir os olhos em um rompante.

Eu, de fato, estava fugindo daquela conversa. Sentia-me uma covarde por simplesmente não pegar o telefone e anunciar que minha intenção era nunca mais retornar. Eles não poderiam me obrigar. Mas aquelas pessoas exerciam um controle tão absurdo sobre mim, sobre minhas escolhas e sobre meu comportamento, depois de anos e anos de um relacionamento abusivo que vinha de várias partes, que já me sentia abalada só por falar com aquela mulher. A sensação era de que ela tinha finalmente chegado perto de mim e que iria arrancar meu filho da cama, levando-o de volta para aquele inferno. — Estava ocupada, Rosângela. Muitas burocracias para resolver. Além do mais, aproveitei para tirar um tempo com o meu filho. Sabe muito bem o quanto Cauê precisa respirar novos ares. Sua respiração do outro lado da linha quase me fez estremecer. Ela estava irritada. Mais do que isso.

— Ele é nosso neto, Lívia. Não pode afastá-lo de nós desse jeito sem nos dar satisfação de como estão as coisas. — Claro que eu podia. Cauê era meu filho. A única outra pessoa que tinha tantos direitos sobre ele, infelizmente, era meu marido. Mas, mais uma vez, fiquei calada.

— E o pior de tudo é pensar que está há dias longe e sequer ligou para saber como está o Julinho. — Julinho... o homem tinha trinta anos e ainda era tratado assim pelos pais. Eu deveria saber que as coisas não podiam dar certo. Não só por causa de um apelido idiota, é claro, mas por todo o resto. A forma como fui escorraçada logo que entrei para a família, como sempre me fizeram acreditar que eu era a sedutora de um jovem inocente e promissor, deveria ter me alertado para o tipo de pessoas que eles eram. Só que cada pequena coisa ainda me surpreendia. O que diria minha distinta sogra se eu lhe dissesse que não apenas não tinha o menor interesse em saber como estava meu marido como também estava me interessando por outro homem? Um artista, ainda por cima! Que tipo de companhia eu estava oferecendo ao meu filho, o herdeiro dos Magalhães de Farias?

𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐍𝐄𝐗𝐓 𝐃𝐎𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora